🔥 _____ PRIMEIRAS SENSAÇÕES _____🔥

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Respiro fundo, dando uma leve ajeitada em minha saia lápis, de couro negro, com três dedos acima dos joelhos e uma fenda na perna direita, delineando todas as minhas curvas. Uma camisa social, também preta, gola V e de manga comprida, porém, puxada até os cotovelos, passada por dentro da saia de cintura alta. Nos pés, um par de boots negros plataforma, com o salto grosso. Meus cabelos estavam soltos, jogados para o lado e minha expressão indicava uma noite bem dormida e repleta de reflexão.

Eu estava cansado!

Cansado de ser humilhado, cansado de ser pisado pelas pessoas que deviam me estender a mão e não me jogar no abismo. Então, decidi que não permitiria mais tanta ofensa, especialmente da parte da minha avó, que se acha ser dona da razão.

Respiro fundo mais uma vez, segurando a mão de Castiel, que não me abandonou nesse momento crucial da minha vida. Ontem conversamos bastante. Ele me aconselhou e me disse palavras que me fizeram parar e pensar. Eu estava sendo um completo idiota!

Eu estava sozinho nessa luta e precisava ser forte contra os obstáculos, ou facilmente eles me derrubariam.

— Você está bem? — Castiel perguntou, pela terceira vez somente pela manhã.

— Estou. — Confirmei, sorrindo levemente. Adentramos na empresa, de mãos dadas, recebendo olhares digamos... surpresos?  Não sei dizer. A reação dos funcionários foi indecifrável. — Amanda, chame todos para o Hall, quero bater uma palavrinha com vocês. — Peço, mas o pedido saiu idêntico a uma ordem. Amanda era a recepcionista, e depois de comer Castiel com os olhos mais uma vez, ela assentiu, meio perdida, saindo do meu campo de visão.

Logo todos os funcionários se encontravam reunidos no Hall, curiosos e confusos. Ouso me sentar na bancada da recepção, cruzando as pernas, tendo Castiel ao meu lado, todo cheio de pose, se exibindo. O desgraçado sabia que estava chamando atenção. Ao menos hoje eu o convenci a colocar uma camisa. Foi uma briga, mas ele cedeu. Afinal, o cliente tem sempre razão.

— Bom dia, pessoal! — Cumprimento, em alto e bom tom. Todos respondem, ainda meio confusos. — Não sei se já estão por dentro, mas estarei com vocês por um ano, e se Deus quiser e a justiça permitir, o restante da minha vida. Eu realmente espero receber a colaboração e a ajuda de cada um. E mesmo que minha não-amada avó apareça aqui dando ordens, lembrem-se que quem está comandando aqui sou eu, e quem não gostar, bem, a porta da rua é a serventia da casa. Alguma pergunta? — Questiono, despreocupado. Hoje o sol sorriu para mim.

— Quem é ele? — Uma das funcionárias questionou, apontando para Castiel, e logo os murmúrios e sorrisinhos começaram. Castiel me olhou, sorrindo de modo travesso. Eu mereço!

— Bem lembrado! Pessoal, este é o Castiel, meu noivo. Ele irá me ajudar no começo e em algumas áreas que ainda não tenho conhecimento. — Logo vejo alguns desanimarem ao me ouvir dizer que ele era meu noivo. É errado eu ter amado isso? — Espero realmente ter a colaboração e o respeito de casa um. Da mesma forma que me tratarem, eu tratarei vocês. Certo? É isso. Obrigado pela atenção. — Logo sou banhado por uma chuva de aplausos. Um por um veio me cumprimentando, me dando às boas-vindas. Aos poucos, o lugar foi se esvaziando e cada um retornando para seu posto. Castiel me segurou pela cintura, mme tirando de cima da bancada, já que meus pés nem alcançavam o chão. Sorri em agradecimento, e seguimos juntos para a sala da presidência.

— Belo discurso! É assim que tem que ser! — Castiel incentivou, com aquela animação contagiante. Sorri, me encostando na mesa.

— Obrigado por tudo. Não sei nem como te agradecer. Se não tivesse me dito todas aquelas palavras, certamente eu teria desistido de tudo e estaria provavelmente em casa, trancado em meu quarto e lamentando a minha derrota. — Falo com sinceridade. Castiel sorriu, se aproximando.

— É para isso que estou aqui, não é? — Assenti, sorrindo fracamente.

— Mas e você? Está tudo bem? Está conciliando as duas coisas? — Questiono, pois até o momento eu só estava falando de mim, mas não perguntei como ele estava com tudo isso.

— Está tudo ótimo! É o mesmo que estar casado e trabalhar como garoto de luxo. Nada muda, só meu endereço. — Comentou, rindo do próprio comentário. Sorri, assentindo.

— Menos mal... — O celular dele tocou incontáveis vezes, o fazendo tirar sua atenção de mim e olhar a tela do celular, fazendo um muxoxo logo em seguida. — O que foi? Algum problema? — Pergunto, curioso. Ele negou, guardando o celular novamente no bolso.

— Nada não, só um senhor de 70 anos de idade querendo marcar um programa comigo. Já tem um tempo que ele me contrata. Mal consegue andar e eu fico com medo do velho ter um ataque do coração, vai saber... — Comentou, e eu quase soltei uma risada, mas prendi. Porém, inutilmente, pois ele percebeu.

— Não ri não, estou falando sério!

— Ah, quem não gosta de um sugar daddy? — Brinco, risonho.

— Não faz muito meu tipo não, tá? — Rebateu, fazendo bico.

— Então qual é o seu tipo? — Pergunto, vendo ele percorrer seu olhar em meu corpo, dos pés à cabeça.

— Os efeminados que usam roupas femininas. — Disse, conseguindo me deixar totalmente envergonhado. Limpo a garganta, me desencostando da mesa e seguindo para a cadeira, ligando o computador. Como se só agora tivesse retornado para a realidade.

— É... pode me ajudar com essa questão financeira e tabelas? Não entendo nada de contabilidade... — Peço, ainda meio envergonhado pela forma como ele me olhou e falou aquilo.

— Claro, paixão, ajudo com o maior prazer. — Disse, vindo para detrás de mim, pousando sua mão sobre a minha, na qual segurava o mouse do computador. Senti instantaneamente um frio na barriga, como se borboletas fizessem cócegas em meu estômago. Meu coração estava disparado e eu me perdia ao ouvir a voz naturalmente sensual de Castiel ao pé do meu ouvido, me explicando como tudo funcionava, mas a questão é que eu não estava conseguindo compreender, já que podia sentir o calor do seu corpo junto ao meu, atrás de mim, me distraindo.

— Castiel... — Murmuro, em um tom de alerta, e ele pareceu compreender, mas interpretou da sua forma, beijando meu pescoço demoradamente. Mordo o lábio inferior, não compreendendo ao certo o que aquilo significava.

Mas certamente não faria bem para mim.

Eu sei.

A MENTIRA MAIS VERDADEIRA - (Romance Gay) * MpregOnde histórias criam vida. Descubra agora