Garotos não Choram

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Yuri compreendeu a situação e aceitou liberar Johnny de seus serviços mais cedo. Se ele fosse exposto, ela também perderia a chance de se vingar, se é que era realmente isso o que a preocupava; Johnny a assegurou sobre a punição de sua mãe ser capaz de separá-los e impedi-los de se encontrarem por um longo, longo tempo. Preferiu não arriscar.

O mais alto, por outro lado, se remoía implorando para que Taeyong não viesse cheio de questionamentos ou acusações. Ele e Winwin poderiam ser fãs da cantora, mas Johnny esconder tal segredo iria ferir seus sentimentos. E se isso caísse nos ouvidos de Jaehyun seria um caos dado que ele confiou em Johnny na problemática que o envolvia Bogum. Sentiu calafrios por se imaginar perdendo os companheiros um a um. Johnny sempre se pegava pensando nisso, seus amigos, e mesmo que fosse torturante não conseguia parar de repetir a ideia de como odiava a situação em que a mãe o obrigou a vivenciar por anos, mentindo e omitindo verdades que não deviam magoar aqueles com quem o filho mais velho da família Seo se importava. Quem é que gosta de mentirosos?

Andava de um lado ao outro já em sua sala de estar aguardando Taeyong. Aqueles foram os quinze minutos mais torturantes do seu dia. No entanto podia piorar, e foi exatamente o que aconteceu. No instante em que abriu a porta do apartamento para cumprimentar o amigo fotógrafo, Johnny sentiu uma pontada dolorosa em seu coração, uma exatamente igual à quando levou Yuta para a lanchonete em que Gayeon trabalhava alguns meses atrás. Espantado e embaralhado, o mais alto convidou Taeyong para entrar.

- Desculpe aparecer assim, eu não sabia pra onde ir, Ten comentou que você estava desempregado... - adentrou o apartamento abaixando a cabeça para evitar contato visual.

De fato, Chittaphon havia revelado algo para Taeyong, contudo aquele semblante amargurado, os olhos vermelhos e inchados com certeza não tinham ligação alguma com ele descobrir sobre Johnny trabalhar para Rebecca em sigilo.

- Não tem problema... - ao fechar a porta, levou o outro até o sofá - Quer um copo de água, alguma coisa?

- Não, tudo bem.

Já sentado, Taeyong apoiou seus cotovelos nos joelhos e descansou a testa nas palmas das mãos com a respiração pesada.

- Ei, o que aconteceu? - franzindo o cenho, Johnny sentou-se ao lado dele.

Taeyong umedeceu a garganta e soltou o ar com calma na tentativa de conter suas emoções. Entrelaçou os dedos fechando as mãos num aperto e se ergueu novamente para encarar o amigo agora apreensivo.

- Há alguns dias fui convidado pra fotografar uma festa de casamento. É claro que eu aceitei sem nem pensar, fazem alguns dias que estou sem participar de eventos mais sérios, entende? Mas... Eu devia ter perguntado o nome dos noivos antes...

- Espera...

- Descobri que ela quem me procurou.

- Mas que merda... - Johnny apertou as mãos contra seus joelhos nervosamente.

- A ideia foi dela desde o início... Ainda teve a coragem de me agradecer com aquele sorriso... - os olhos marejaram levemente.

E um suspiro fora liberado, as lágrimas querendo se libertar. Taeyong voltou sua face contra as mãos fechando os olhos ao apoiar a testa em seus punhos ficando brevemente em silêncio ao sentir o queixo estremecer.

- Como ela pôde me contratar para fotografar o casamento dela com o homem com quem me traiu?

- Taeyong... - fora interrompido.

- Eu sou algum tipo de piada? - voltou-se a Johnny cheio de cólera - Foi tão fácil pra ela, ah foi sim! Você tinha que ter visto como ela dançava sorridente e cheia de alegria! Tirei ótimas fotos, a sinceridade que ela nunca me deu estava esbanjando! - as lágrimas passaram a escorrer enquanto a voz trêmula ecoava pelo apartamento - Uma carreira inesquecível essa que escolhi!

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