Think I have a Baby! ✓

É um desprazer Conhecê-lo

Mal pode descansar a mente e o corpo como pretendia e já deveria estar de pé novamente. Johnny teve muito o que pensar na noite passada, principalmente pelo acordo com sua mãe ainda vir o assombrar. Os passos arrastados entregavam a preguiça e o estresse que sentia enquanto se dirigia ao banheiro. O clima de sua rotina matinal aquele dia estava pior do que imaginou.

ㅡ De volta aos velhos tempos... ㅡ murmurou ㅡ Pelo menos minha cara não inchou - deu de ombros.

Aquele sentimento de derrota e aprisionamento não era novidade para o filho mais velho da família Seo. Simplesmente não admitia o fato de que havia se acostumado com ele, mesmo que ainda o incomodasse. Decidiu tomar café preto para despertar do sono que mal pôde espantar durante as horas em claro pela aflição.

ㅡ Como eu fui acabar envolvido nisso mesmo? ㅡ segurava a xícara com a destra hora ou outra tomando um bom gole ㅡ Ah é. Fui obrigado. ㅡ mais um suspiro.

Checou as horas no relógio digital do micro-ondas. Seis e meia da manhã e Johnny já reclamava antes mesmo da problemática bater à porta. Não tomou muito, entretanto, para seus dias de azar realmente iniciarem.

ㅡ Falando no diabo. ㅡ comentou assim que o interfone tocou.

Ainda de pijama, com os cabelos despenteados, porém não descabelado, Johnny analisou a pequena tela que lhe permitia encarar seu visitante antes de destrancar a porta. Um homem de terno, bastante sério, e com algumas malas de viagem aguardava do outro lado. Não custou muito para o jovem mais alto o deixar entrar, sendo educado mesmo odiando tudo aquilo.

ㅡ Sra. Seo me enviou para entregar o restante dos pertences. ㅡ com agilidade deixou todas as malas ao chão na sala ㅡ Esse é para você. ㅡ estendeu uma enorme lista a Johnny ㅡ Há também uma carta.

- Carta? Pra que isso...

- Sra. Seo preferiu desta forma. SNS são muito ariscados no momento. - estendeu o envelope - Estaremos sempre observando. Não cometa erros ou deslizes, sempre há consequências.

ㅡ Hum que delícia, café da manhã com uma pitada de ameaça. Quer ficar pra comer uns biscoitos e me dizer o que mais eu tenho que fazer? - seu tom transbordava ironia - Se preferir faço chá.

ㅡ Meu serviço aqui está concluído. ㅡ se virou e partiu sem mais nem menos.

ㅡ Falou The Rock, vai na sombra. ㅡ com o último gole, deixou a xícara vazia na pia voltando-se a sua sala de estar - E não volte mais, em nome de Deus.

Arregalou os olhos ao notar a enorme quantidade de palavras naquele pedaço de papel. Não havia aberto o envelope da carta que a mãe lhe enviara ainda, contudo agora sentia um frio na barriga lhe sinalizando perigo. Sentou-se confortavelmente no sofá e iniciou a leitura mais atenta daquela lista de regras.

ㅡ Escola às sete, buscar às cinco... Tá de sacanagem? ㅡ arqueou as sobrancelhas ㅡ Aos domingos exercícios ao ar livre... Sem doces, bebidas gaseificadas, frituras, comidas gordurosas. Alimentação rica em verduras, tofu e bla bla bla...Balas sem açúcar, comidas de baixa caloria... Credo é uma criança ou uma vaca? ㅡ uma careta ㅡ Televisão por menos de uma hora, sem internet ou aparelhos eletrônicos nos dias de semana... Na boa, esse moleque deve ser muito revoltado. Quero nem imaginar no que isso vai dar.

Descartou o resto da lista, não querendo se indignar mais do que estava, a deixando em cima do braço do sofá e rasgou o envelope para ler a carta da mãe.

"Agora ele tem sete anos, o resto você já sabe. Acredito que tenha recebido a lista que deverá cumprir durante a estadia dele na sua casa. Não me cause dores de cabeça sendo teimoso e obedeça a cada uma daquelas palavras. Ele não precisa de um amigo, muito menos da sua empatia, então não se apegue. Você seria a última pessoa a quem eu recorreria, não é uma responsabilidade que acredito que esteja preparado a ter, mas não me sobrou escolha, seu pai também correria riscos. Estou confiando em você. Não estrague tudo. Isso é importante"