Capítulo 6

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– Eu vou falar com o Cristóvão na segunda. – Gustavo deu um beijo na mão dela.

– Papi, papi! Eu quero sorvete!

     Dulce chegou ofegante perto de Gustavo, de tanto que estava brincando e se sentou ao lado dele, salvando o pai de falar mais sobre o assunto de se divorciar da Teresa.

– E eu acho que você precisa de um banho também. – Gustavo apontou pra roupa da menina suja de terra e Teresa deu risada logo atrás dela enquanto Dulce sorriu sapeca.

– Eu vou buscar o sorvete.

     Cecília se voluntariou animada pelo alívio que estava sentindo depois da conversa com Gustavo e se levantou, indo até o sorveteiro. Havia uma pequena fila à espera do sorvete e, por isso, ela tinha que esperar chegar sua vez.

– Vamos brincar!

Dulce pulou da cadeira e puxou o pai para fazer o mesmo assim que Cecília se afastou deles.

– Você não acabou de dizer que queria sorvete? – Teresa perguntou estranhando.

– Eu quero brincar com vocês. O sorvete pode esperar.

     Ela segurou as mãos dos pais e os arrastou pros brinquedos. Gustavo e Teresa se olharam, mas não se atreveram a dizer nada para o outro. Cada um sabia o motivo da filha agir daquela maneira: ela queria brincar só com eles. Os dois colocaram Dulce em uma casinha cheia de obstáculos, ficando um em cada ponta e a observaram atravessar várias vezes.

      Teresa e Dulce sentaram no gira-gira enquanto Gustavo dava impulso para que o brinquedo rodasse mais e mais rápido, divertindo as duas que gargalhavam felizes com a velocidade e o vento batendo no rosto. Teresa se atreveu a soltar os braços do apoio e fechou os olhos sorrindo sentindo a velha sensação de adrenalina passando pelo corpo. Ela se desequilibrou e quase caiu pra trás do brinquedo, se não fosse pela agilidade de Gustavo em segurá-la pela cintura. Os dois se encararam com o súbito choque que passou pelo corpo de ambos e por pouco não derrubaram Dulce Maria do brinquedo também.

– Aqui está o sorvete.

     Cecília chegou de surpresa bem a tempo de ver a cena a frente e os dois trataram logo de se recompor. Ela não gostou nem um pouco do que viu. Gustavo fugiu pro lado de Cecília e Teresa se aproximou de Dulce, ainda tremendo do susto, para tirá-la do brinquedo.

– Seu sorvete, Dulce.

     Gustavo pegou o sorvete da mão de Cecília e o entregou para a menina  sentindo seu coração bater forte e o corpo zumbir onde tinha tocado em Teresa. Ele conhecia muito bem aquela sensação de formigamento quando a tocava e lembrou que era viciado em senti-la.

– Obrigada.

     Ela o pegou da mão do pai e lambeu a parte de cima da casquinha com uma cara séria por ter sido contrariada na brincadeira com os pais. Sem querer querendo e como forma de uma pequena birra, Dulce Maria derrubou o sorvete na areia dizendo um grande "ops".

– Dulce!

     Teresa repreendeu a menina e Dulce deu de ombros, reagindo como se não tivesse sido nada demais ter deixado o sorvete cair. Nem estava tão bom assim.

– Foi sem querer. – Dulce respondeu olhando pra Cecília com uma carinha séria.

– Gustavo, acho que está na hora de irmos. Está ficando tarde. – Cecília encarou o noivo. Ela estava começando a ficar incomodada com a situação e queria ir embora.

– O que? Ah não! Agora não! Por favor, papi, eu quero ficar mais com a mamãe! – Dulce pediu indo pro lado de Teresa pegando sua mão como um apoio.

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