Capítulo 17

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     Depois da conversa com Teresa, Estefânia subiu para o quarto de Dulce, encontrando a menina já sentada na cama tomada banho.

– Titia! – A menina disse feliz ao ver sua tia Perucas.

– Oi, minha bonequinha. Já vi que você está melhor, saiu até da cama. – Estefânia u e colocou a menina no colo dando um beijo nela.

– A mamãe me fez tomar banho. – Ela passou a mão no cabelo molhado.

– Um bom banho para tirar a carinha de doente. – Teresa apareceu com a escova de cabelo. – Agora você senta aí que eu vou pedir para o Silvestre trazer seu café da manhã e você come com sua tia, ham?

– Sim piririm! E você, mamãe? – Ela voltou a sentar na cama penteando o cabelo.

– Eu vou ter que ir embora, minha carinha de anjo.

– Ah, não, mamãe. Você não pode ir embora, eu ainda estou doente!

– Eu preciso ir, meu amor. Preciso ir pra casa trocar de roupa, esqueceu que dormi aqui?

– Mas você volta? Por favor, diz que sim! – Dulce juntou as mãos implorando.

– Eu vou combinar com seu pai sobre isso, está bem? Agora vou buscar seu café da manhã.

Teresa saiu do quarto ouvindo Estefânia consolar a menina. Quando ela desceu as escadas, Gustavo chegou da farmácia.

– Oi. Bom dia. – Ele não conseguiu esconder a felicidade de ver que ela ainda estava em casa.

– Bom dia. Dulce acordou e eu tô indo pedir pro Silvestre levar o café da manhã dela.

Teresa fugiu para a cozinha antes da resposta dele, deixando Gustavo ali. Ele subiu para o quarto da menina e Teresa foi para o quarto onde tinha passado a noite para arrumar o que precisava.

– Fiquei feliz em te ver ainda aqui. – A voz de Gustavo a assustou no quarto.

– Eu estou quase saindo. – Ela disse sem prestar atenção a ele para que não entrassem em no tópico que não ela não queria discutir naquele momento.

– Você tomou café?

 – Sim. Com a Estefânia.

– Me desculpa por ontem? Pelo jantar. Eu não pude me desculpar antes.

Teresa parou o que estava fazendo para olhar para ele que estava com as mãos nos bolsos recostado na porta.

– Já esqueci, Gustavo.

– Teresa... – Gustavo disse frustrado. – Vamos tentar, por favor, sermos civilizados pela Dulce? – Ele bloqueou a passagem dela de sair do quarto.

– Me deixa passar!

– Por que está tão brava? – Ele perguntou sem se incomodar com o fato dela estar tão próxima a ele que podia sentir sua respiração.

– Eu não estou brava!

Ela mentiu e se tentou afastar dele, mas Gustavo segurou sua mão, fazendo-a permanecer perto dele. Estavam muito próximos e ela não podia. Eles não podiam.

– Sim, você está. Foi pelo beijo? Você está brava pelo beijo?

– Não é por causa disso. – Teresa respirou fundo vendo as suas mãos unidas sentindo um leve roçar dos dedos de Gustavo, numa carícia tímida.

– Se for por causa disso, não se preocupe, não vou forçá-la a ficar, Teresa. Você é livre para fazer o que quiser. É só que... Eu te amo. – Teresa fechou os olhos com força ao ouvir isso. – Eu sei que pode ser o momento errado, mas eu preciso te dizer agora. Na verdade, queria te dizer desde o dia do parque. Eu pensei que nunca mais faria.

Gustavo confessou colocando sua mão livre no rosto dela e Teresa não sabia o que fazer. Ela tinha tanta coisa a dizer a ele, mas não sabia por onde começar. Encarou o homem que amava a sua frente por um momento, lutando pelo impulso de abraçá-lo. Seu coração implorava para estar nos braços dele. Ela não resistiu e o abraçou, pegando-o de surpresa e ele a abraçou de volta pela cintura com força, enquanto ela agarrava seu pescoço, se afundando nele porque ela sabia que precisava disso. Em cada gesto e olhar que ele deu a ela, ela sabia que ele ainda a amava, mas seu orgulho ferido não deixava que ela o perdoasse por algo que ele não tinha culpa. Ninguém tinha culpa do que tinha acontecido com ela. Não era justo.

– Eu também amo você.

Teresa disse baixinho no ouvido de Gustavo como se estivesse dizendo um segredo que ninguém poderia saber e depois ela se soltou dele. Os dois se encararam por um momento.

– Estou aqui para o que você precisar de mim, quero que saiba disso. – Teresa assentiu sem conseguir responder pela emoção que borbulhava em sua garganta. – E eu quero te dar isso. – Gustavo puxou um chaveiro do bolso. – Aqui é a chave do apartamento. A sua chave. Você pode vir aqui a qualquer momento que quiser pra ver a Dulce. – Ele segurou a mão de Teresa e colocou a chave na palma da mão dela, fechando-a logo depois.

Gracias. – Ela sorriu para ele. – Eu vou ver a Dulce e depois já vou. Ela pediu para que eu voltasse mais tarde, mas preciso trocar de roupa e então, eu posso voltar pra ficar com ela?

– Claro que pode. Eu te levo em casa.

– Não quero te atrapalhar. – Ela balança a cabeça negando.

– Não atrapalha. Deixa? – Gustavo pediu com carinho.

– Tudo bem, vou falar com a Dulce.

Gustavo sorriu vitorioso dando espaço para ela passar. Teresa pegou sua bolsa e passou por ele, retribuindo com um pequeno sorriso. Não demorou muito para que eles saíssem do apartamento a caminho da casa de Teresa com o clima mais leve entre os dois.

Uma vez maisOnde histórias criam vida. Descubra agora