Capítulo 11

890 56 23
                                    

        Depois de mais uma discussão com o Gustavo sobre o mesmo assunto, Cecília resolveu pedir ajuda a quem poderia, naquele momento, ser a única pessoa que fosse ouvida pelo Gustavo. Estefânia. Ela estava viajando e algo dizia a Cecília que ela ainda não sabia sobre o reaparecimento de Teresa.

– Você só pode estar brincando comigo, Cecília. O Gustavo não me falou nada.

Estefânia se surpreendeu com o que tinha acabado de ouvir da futura cunhada. Imagina o tamanho do choque ao ouvir que a sua ex cunhada, sua melhor amiga de anos, que ela tinha enterrado e sofrido o luto por tantos anos na verdade estava viva e ninguém sabia? E agora ela tinha voltado para a vida de sua família e ela não estava junto para apoiar seu primo e principalmente sua bonequinha.

– Eu tinha quase certeza que ele não tinha feito isso. Ultimamente, a única coisa em que ele está preocupado, é o bem estar da Teresa.  Eu preciso que você converse com ele, Estefânia, você é a única que pode fazê-lo ouvir. Tenho medo do que possa acontecer se isso continuar assim.

– Cecília, o Gustavo firmou um compromisso com você. Ele tem um grande coração e eu sei que não seria o meu primo se ele não estivesse disposto a ajudar a Teresa, afinal, ela é a mãe da Dulce. Mas, eu vou conversar com ele, se você está me pedindo. Voltarei para Doce Horizonte o mais rápido possível.

Claro que ela voltaria rápido para casa. Queria ver com seus próprios olhos a sua melhor amiga e tentar entender o que estava acontecendo. Estefânia sabia que Gustavo amava profundamente a Teresa e imaginou que ela estivesse confuso com o fato dela estar viva.

      Já na casa de Teresa, mais uma vez Gustavo estava ali para ajudá-la no que podia. Estava quase tudo pronto, faltando apenas detalhes aqui e ali. O quarto de Dulce Maria foi o primeiro a ficar pronto e Teresa, observando o cômodo encostada no batente da porta, não pode deixar de sentir um pequena tristeza ao ver um quarto de criança, quando ainda lembrava do quarto de bebê que ela tinha deixado. Ela não tinha voltado à cobertura desde que chegou, então não sabia como era o quarto da sua menina agora.

– Você está bem?

Gustavo perguntou atrás dela e ela deu um pulinho de susto, se virando para ele, enxugando uma lágrima teimosa.

– Sim...

Teresa respondeu com a voz fraca e ele estava com um olhar tão intenso sobre ela que era capaz de lê-la por inteira e sabia que não, ela não estava bem.

– É só que... É estranho ver o quarto dela assim, quando eu ainda lembro de vê-la como um bebê em meus braços.

Ela confessou e Gustavo a puxou para um abraço. No início foi estranho, os dois estavam tensos, mas após segundos, eles amoleceram e Teresa se encaixou nos braços dele, segurando-o forte, enquanto deixava a emoção sair. Gustavo percebeu que, desde que ela voltou, essa foi a primeira vez que eles se abraçaram. Ele aproveitou que ela estava ali e respirou seu cabelo, sentindo o cheiro tão familiar dela. Tão cheiro de casa. Ele fechou os olhos e pediu silenciosamente que aquele momento não fosse quebrado e que ele pudesse guardar para sempre. Mas, como nem tudo era perfeito, Teresa tratou logo de se soltar dos braços dele e fugir para longe, ignorando os protestos de seu coração de permanecer junto a ele.

– Não podemos voltar no tempo, mas agora você está aqui e sei que vai aproveitar todos os momentos que tiver com a Dulce. E ela também. Não pense que ela te culpa por qualquer coisa que tenha acontecido nesses anos. – Gustavo tentou consolar Teresa que já estava do outro lado da sala, assegurando-se de ficar longe dele.

– Isso nunca passou pela minha cabeça. O coração da minha carinha de anjo é o mais puro e bonito que eu já conheci.

– Bom, acho que meu trabalho está acabado por aqui. – Gustavo olhou tudo em seu devido lugar. – Sempre tem uma primeira vez para mobiliar uma casa, não é? – Teresa sorriu.

Uma vez maisOnde histórias criam vida. Descubra agora