Capítulo 18 - Lar Provisório

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Dois dias após receber a visita do lobo, ou Mestre como gosto de chamá-lo, recebi alta do hospital. Foi horrível. Preparei todas as minhas coisas, assinei minha alta e me dei conta de que não tinha para onde ir.

Fiquei sentada diante do hospital durante horas. De um lado minha sacola de viagem e do outro os livros. Até agora só li vinte páginas da “Pequena Enciclopédia de Bolso”. O mundo mágico era... Interessante. Descobri que algumas criaturas como Elfos foram extintos. Também aprendi a não confiar numa Banshee. Principalmente, deixá-la próxima a um homem. Mas a mais fascinante era a fênix. Ou eu. Ela era uma caixinha de surpresas, ou melhor, eu era. Finalmente entendi como é que o sapo voltou à vida na aula de biologia. No dia do incidente, eu tinha chorado durante a aula toda e provavelmente, minhas lágrimas caíram sobre o bicho e como era um animal de pequeno porte, acabou ressuscitando, para o desespero dos meus colegas de classe.

Já que não tinha ideia para onde ir, decidi começar a ler o outro livro. Em comparação ao de bolso, o outro era uma verdadeira overdose. As páginas não eram numeradas. O que me levava a crer que o livro tinha mais de 300 páginas.
Coloquei o livro no meu colo e o abri. Logo na primeira página havia o desenho de cinco chaves, dentre elas estava a minha. Reconheci a da Srta. Weiss também. A chave com uma pedra lapidada na forma de uma folha. As outras três tinham um desenho exclusivo. Uma delas tinha uma pedra negra lapidada em forma de Dragão, outra na forma de um rosto delicado, meio feminino, mas se você olhasse melhor, parecia o rosto de um homem e a última na forma também de um rosto, os traços não eram delicados como a anterior, mas dava um ar de superioridade e mistério.

Virei à página e encontrei uma folha amarela colada e dobrada em quatro partes. Era um mapa de um continente. Ao ler os nomes: Picks, Aurora, Epona, Rochedo Dragomir, percebi que aquele era o mapa do meu antigo lar. Toquei com a ponta dos dedos os nomes Floresta Carnutia e Rosehill, minha Cidade Natal. Ver os nomes de Iona Lake, Alíria, Ducsay e as  Ilhas de Jillian e  Vee também trouxeram boas lembranças. Era estranho ter minhas lembranças de volta, mas nada superava o momento que as antigas se misturavam com as novas.

Apenas conseguia diferenciar quando lembrava a história da mulher homicida do parque (História que meu pai adotivo inventou), da história de como um grupo de piratas malucos, que invadiu a Ilha de Vee e tomou conta da ilha, transformando-a num porto seguro para qualquer um que estivesse fugindo da lei. Além de ser uma história contada por meu pai verdadeiro e de ser um fato verídico. Se você estava do lado da lei, não podia por o nariz em Vee, caso contrário, ficaria sem ele.

Fechei o mapa e virei a página, que por sinal era grossa como madeira. Toquei melhor. Não era madeira, alguém colou seis ou mais páginas. Tentei separá-las com as unhas, mas voltavam ao mesmo lugar. Pareciam páginas elásticas. Havia algum feitiço naquele livro. O que será que havia naquelas páginas?

Tentei mais uma vez, nada. Usei os dentes... Nada. Quando finalmente consegui separar uma, o livro se fechou com tudo, fazendo a capa bater no meu nariz. Pelo visto não precisava ir até Vee para perdê-lo.

Xinguei o livro em alto e bom som. Tanto que uma mãe, que passava na hora se revoltou com minhas doces palavras.

– Você viu, mãe? A moça falou a palavra com F. – Disse uma menina loira.

– Sim. Continue andando!

Abri o livro novamente. Passei pelas primeiras páginas e ignorei as que estavam coladas.

Li o título do primeiro capítulo “Antes de Eliyah”, logo abaixo do capítulo havia um desses sticks usados para marcar livros. No papel estava escrito.

Os capítulos mais importantes são:
Antes de Eliyah.
As chaves.
O ritual.
A Bruxa Melancólica.
O pergaminho e a Arma.
E O Expurgo.

E não se esqueça... Qualquer dúvida, procure por Kim.
Ryan.              

Guardei o papel no meu bolso e comecei a ler.

Foi no ano de 410 DC, que tudo aconteceu. Nós, criaturas mágicas, bruxos, deuses e deusas fomos deixados de lado e passamos a ser ignorados por aqueles que tanto nos veneravam.

Entorpecida (A Chave Mestra #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora