Capítulo 20 - Conheça os Perdedores

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– Quer parar de me enrolar! – Gritei enquanto Kim fingia que a conversa não era com ele.

Estávamos na loja de chá. Kim estava no topo de uma escada dobrável, enquanto eu a segurava para equilibrá-la.

– Kim... Eu falo sério!

– Eu também. – Kim arrumou algumas caixas na prateleira. – Sou historiador, não vidente.

– Mas a tal Mila não era sua amiga? – Acabei soltando a mão direita e a escada balançou.
– Cuidado aí embaixo!

– Kim?

– Sim, Mila e eu éramos amigos e... Não sei o que ela viu quando tocou na chave.

– E onde ela foi parar... A chave?

– Quem sabe? – Kim começou a descer as escadas.

– Que tipo de historiador é? – Olhei feio para ele.

Desde que acabei de ler aquele livro (Isto é, há uma semana) Kim vem evitando minhas perguntas. Tenho a impressão de que ele sabe de alguma coisa, mas não quer dividir.

Sinto-me como uma idiota. Todas as vezes que o abordo com perguntas. Ele diz “Não sei. Talvez.” ou “Preciso pesquisar”. Caramba! O Sr. Coulson disse que ele ajudaria. Só que Kim não colabora. Também há o mistério do que ele faz trancado na biblioteca até tarde. Outro dia tentei arrombar a porta e me dei mal.

Kim colocou algum feitiço na porta. Foi só tocar na maçaneta e girá-la, que fui arremessada em direção à sala. Decidi adiar a missão “Invadir a biblioteca” e me concentrar em algo novo. O problema era encontrar novidades.

Meu trabalho na loja de chás é legal, mas há momentos que tudo fica monótono. Ficar o dia todo limpando não é muito animador.

Tentei entrar em contato com Anna para ver como ela andava, mas a única coisa que ganhei foi um belo tututu do telefone. Foi só ouvir minha voz do outro lado da linha, para a tia adorada de Anna desligar na minha cara. Deixei recados, mas duvido que cheguem até as mãos da minha irmã.

O que mais posso dizer... Minhas férias estão um saco. Perdi mais uma vez minha família, estou morando com um estranho, que deveria me ajudar e não o faz. Também tentei contatar o Sr. Coulson, sem sucesso é claro. Ou ele já foi embora da cidade. Ou está me dando um gelo. O que é típico. Demos uns beijinhos e o cara deu o fora. Credo! Parece até que eu entrei numa música da Avril Lavigne. Como é mesmo o nome? Happy Ending? Don't Tell Me? Não importa. Preciso esquecer.

– Kim, precisa me ajudar. – Disse ao segui-lo pela loja.

– Garota, não posso ajudá-la. Ainda não. – Kim jogou uma caixa de papelão atrás do balcão.

– Você sabe de alguma coisa.
Kim me observou sério e virou de costas.

– Será que pode pelo menos me dizer que fim levou o pergaminho?

Kim suspirou e ainda de costas disse...

– Quando fugi para este lado há vinte e cinco anos, trouxe o pergaminho comigo.

– E onde ele está?

Kim se virou.

– Num lugar seguro.

– Lugar seguro?  –  Levantei a sobrancelha. – Você deveria me ajudar. Explicar as coisas.

– Tá! Chega! – Kim colocou as mãos na cabeça. – Você já leu o livro. Agora me diga... O que aprendeu?

– Que esta coisa. – Levantei a chave que estava no meu pescoço. – Foi criada para dar vida as Terras de Eliyah, que foi parte deste mundo, e  que por meio de magia foi separada. Cinco chaves deveriam ser usadas, mas alguém teve a brilhante ideia de realizar um sacrifício, usando uma criatura mágica. Depois apareceu uma bruxa doida jogando maldições em todo mundo. Que por sua vez criou uma chave mais poderosa, capaz de destruir as Terras de Eliyah. Que tal o meu resumo?

Entorpecida (A Chave Mestra #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora