Entorpecida (A Chave Mestra #1)

Capítulo 29 - Pai e Filho

Felicidade era pouco para descrever como me sentia. O que era irônico, já que há mais ou menos duas horas atrás estava deitada nesta mesma cama, sentindo o oposto.

Por mim ficaria deitada ao lado de Tristan para sempre. Para sempre é exagero. Uma hora teríamos que levantar e viver no mundo lá fora. Mas esse mesmo mundo era o que poderia nos separar.

Só de pensar já sentia um nó na garganta. Virei de lado e encarei a janela. Ainda era de madrugada. Quantas horas ainda tínhamos? Ou será que ele mudou de ideia?

– Tudo bem? – Perguntou Tristan ao tocar minhas costas nuas. – Está aí fungando.

– Tudo. É que... – Calei-me.

– O quê? – Ele beijou meu ombro.

– Daqui a pouco você vai embora. – Ele tocou no meu ombro para que eu me virasse.

– Eu ainda estou aqui. – Seus dedos deslizaram pelo meu rosto e depois senti seus lábios sobre os meus.

Eu o abracei com força, colando meu corpo ao dele. Continuamos a nos beijar até que ele parou.
Fiquei observando-o sem entender o que estava acontecendo. Ele ficou paralisado como se estivesse ouvindo algo, que só ele podia.

– O que foi? – Comecei a sentir medo.

– Shhh! – Ele fez sinal para que eu ficasse quieta.

Com rapidez, ele se levantou da cama e se vestiu.

– O que foi? – Perguntei mais uma vez, mas ele estava ocupado vestindo a camiseta.

– Vista-se. – Ele jogou as roupas que estava usando em cima da cama.

– O que foi? – Perguntei ao me ajoelhar na cama e puxar o lençol na altura dos ombros.

– Tem alguém na casa da Sra. Walters. – Ele não tirava os olhos da porta.

– Ladrão? – Perguntei ao vestir a bermuda.

– Acho que é... – De repente ele fez algum feitiço na porta, pois a maçaneta ganhou uma cor dourada. – Vamos?

Ele me puxou pelo braço. Tive que vestir a camiseta às pressas. Aproximamos-nos da janela. Com o maior cuidado ele a abriu.

– Vem! – Ele estendeu a mão.

– Minha chave! – Voltei para perto da cama e peguei a chave que estava jogada em cima do criado mudo. Estava com tanta pressa, que acabei derrubando-a no chão.

– Anda, Hayley. – Tristan não parava de olhar para a porta.

Quando finalmente a peguei, a porta explodiu em vários pedaços e logo em seguida um homem usando um terno preto com casaco da mesma cor,  entrou.

Pensei em correr, mas ele me puxou pelo braço me prendendo contra ele. Tristan tentou se aproximar, mas o homem levantou uma adaga e a encostou no meu pescoço.

– Fique onde está rapaz. – Aquela voz grave me causou um arrepio.

Olhei para trás tentando ver o rosto de quem me segurava. Dez anos se passaram, mas Charles Rossdale continuava um homem de pose. Mesmo com algumas cicatrizes no lado direito do rosto. Ele ainda tinha os cabelos longos, um pouco grisalhos, mas os olhos azuis continuavam bem vivos e cheios de beleza.
Tristan tentou se aproximar mais uma vez.

– Pode parar, rapaz. – Rossdale intensificou o aperto em torno do meu corpo. Não sei o que Tristan iria fazer, mas ele endireitou o corpo. – Vejamos. – Ele olhou para mim.