Perdi várias coisas nesta vida. Meus pais verdadeiros, os adotivos e agora Anna. Todas as vezes que sentia uma perda, meu coração se enchia de tristeza. E de acordo com a “Pequena Enciclopédia de Bolso” sobre criaturas mágicas, eu deveria renascer novamente. Mas me recuso a obedecer minha natureza. A única coisa que quero neste momento é vingança. Quero destruir aqueles que mataram minha segunda família. Sei que estou infringindo o que sou. Fênix não mata seres vivos, mas se for Rossdale quem mandou matar minha família. Vou abrir uma exceção e matá-lo. Mesmo que depois eu vá para o lado sombrio da força.Após passar por duas autópsias: Uma realizada por médicos normais e outra por Nikki e Kim, o corpo de Anna poderá ser enterrado.
Neste exato momento estou sentada na cozinha de Kim esperando por sua carona para ir ao cemitério.
Depois de cinco dias, finalmente tentava comer alguma coisa. Perdi o apetite e qualquer coisa me causa ânsia. Estou há mais de dez minutos encarando uma tigela de cereal, que já virou mingau.
O que me deixava mais louca era a explicação que Kim e Nikki deram. Não duvido da competência dos dois, mas não consigo engolir de que minha irmã não estava infectada. Não havia nada de bizarro com seu sangue. Seu único problema foi não ter suportado a falta dos pais. Talvez tenha sido por isso que ela me agrediu. Sou culpada pela morte deles e foi por minha causa que o caso deles foi arquivado como acidente. Ryan alterou o local e seus corpos para me poupar.
– Pronta? – Perguntou Kim ao entrar na cozinha.
– Sim. – Levantei-me.
– Não comeu? – Kim observou a tigela de cereal intacta.
– Não consigo engolir.
– Hayley, precisa renascer. Não pode continuar assim.
– Já disse... Quando pegar quem matou meus pais, aí sim ficarei melhor. – Peguei minha bolsa que estava em cima da mesa. – Vamos?
Kim não me dirigiu a palavra o tempo todo que estivemos no carro. O que foi bom, não quero ser perturbada por ninguém.
Os tios de Anna já se encontravam no cemitério. O jazigo dos Kilvert ficava ao norte, próximo de várias árvores.
Nenhum dos presentes me dirigiu a palavra. Nem mesmo meus amigos, que me observavam com um olhar cheio de desconfiança. Também achei estranha a ausência de Fred, já que o dito cujo era namorado de Anna. Mas nada se comparou ao momento em que senti a mão da tia de Anna em volta da minha cintura. Ela me consolou do jeito dela, enquanto o caixão ia descendo.Desviei meus olhos da sepultura por alguns segundos e vi a alguns metros de nós, uma mulher alta de cabelos pretos compridos. Não precisava de muito para reconhecê-la. Era Indra, a mulher que matou meus pais. Ela tinha um sorriso cínico, e sem pensar muito no assunto, comecei a me afastar e fui em sua direção.
– Deixe-a. – Disse Kim ao segurar meu braço.
– Não. Ela vai pagar.
– Um dia. – Kim ficou sério. – Despeça-se da sua irmã e vamos para casa. Tem uma coisa que precisa ver.
Fiquei dividida. Vi aquela mulher se afastando e metade de mim queria segui-la e a outra queria obedecer Kim.
Respirei fundo. Ela vai ter o que merece, mas não agora.
– O que vai me mostrar? – Perguntei assim que voltamos para casa.– Não quer comer algo primeiro? – Era impressão minha ou Kim queria me fazer de trouxa?
– Não me enrola! – Dei um murro na mesa. – Sei que você sabe mais do que conta. Desembucha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entorpecida (A Chave Mestra #1)
AvventuraHistória Concluída Hayley sempre se considerou a encrenqueira da escola, a garota sem memória adotada pelo casal Kilvert, e que vive em pé de guerra com a irmã, que possui um péssimo gosto pelo sexo oposto. Seu mundo começa a mudar após um inciden...