Capítulo 24 - Essa Vai Para o Facebook

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– O que vai fazer hoje à tarde? – Perguntei enquanto tentava cortar meu bife, que mais parecia esponja de aço velha.

Sério. Quinto dia seguido comendo comida congelada ninguém merece. Do que estou reclamando? Se eu e Ryan não temos a menor ideia de como fazer um ovo frito. De acordo com ele “Eu sou uma negação na cozinha, mas por outro lado, faço uma faxina de dar inveja”. Só podia... O metrossexual aí é fogo! Nunca vi alguém tão meticuloso a respeito de limpeza corporal, roupa e casa. A cada dia eu me convenço de que nasci com alma de um moleque. Então, isso quer dizer, que o Ryan é uma mulher? Interessante.

– Vou para casa terminar de empacotar as minhas coisas. – Disse Ryan ao bater o bife no prato, antes de ele sair voando pela cozinha.

– Então, vai embora mesmo? – Perguntei meio brava.

– Sim. Na semana que vem já parto. – Ele nem me observava.

– Para onde vai?

– Não posso dizer. – Ele se levantou e levou seu prato até a pia.

Ele não parecia muito animado com a mudança. Era como se o estivessem obrigando a partir.

– E você... O que vai fazer à tarde?

– Tenho que ir até a loja do Kim. Não vou abri-la. Só vou pegar  uma  encomenda  prevista  para  chegar as três da tarde. – Também levantei da cadeira. – Por isso vou me trocar.

Coloquei os restos da comida no lixo e o prato na pia.

– Hoje à noite vamos pedir uma pizza. Ou comida chinesa, mexicana...  – Disse Ryan pegando o pedaço de bife do chão. – Qualquer coisa que não esteja congelada.

– Por mim tudo bem. – Comeria até ração de gato, se ele dissesse. Tudo para fugir da comida congelada.

– Quer uma carona até a loja?

– Não. Vou de ônibus. – Sai da cozinha e lentamente subi as escadas.

Cheguei à galeria por volta da uma da tarde. Abri a loja e tive o cuidado de virar a placa de aberto para fechado. Acho que Kim não confiava muito em mim. Como ele dizia “Ainda está em fase de treinamento”.

Enquanto esperava a encomenda, decidi fuçar nos livros da loja. A maioria era de poções. Li um livro de capa verde, com o título “Como curar verrugas”. Depois outro que tinha uma mulher linda na capa. O livro tinha poções do amor e afrodisíacos. Vi outro de capa vermelha, na lombada se lia o título “Calos de Dragão”. Estiquei-me ao máximo tentando alcançá-lo, mas ao puxá-lo outro livro, um pequeno de capa preta caiu na minha cabeça.

Agachei para pegá-lo e guardá-lo de volta na prateleira, mas o título do livro chamou minha atenção “Oblivion”. Aquele não era um livro de poções e sim, de feitiços. Meus pais tinham uma cópia em casa. Uma vez, quando tinha sete anos o peguei da biblioteca. Eu queria jogar um feitiço no filho da Sra. Radcliff. Queria que aquele idiota ficasse esquecidinho. Era isso que o livro representava... Esquecimento. Não cheguei a fazer o feitiço. Tristan me pegou com ele e o tirou das minhas mãos. Começamos a brigar por causa do livro e eu sem querer esbarrei numa lamparina, jogando-a em cima do feno para os cavalos. Foi imediato. Não deu tempo nem de pensar. O fogo se alastrou e consumiu metade do estábulo. Depois desse dia meu pai me proibiu de ajudar Tristan com os cavalos.

Abri o livro e li o índice dos feitiços. Comecei a rir quando encontrei o que iria usar em Patrick “Armazene vinte segundos por vez”.

Fui lendo feitiço por feitiço, até meus olhos baterem num que me causou arrepios. Um dos ingredientes era sangue de fênix. O feitiço era para construir uma máscara de esquecimento.

Feitiço ideal para se camuflar. Se você quer se esconder de alguém que o conhece bem... Este é o feitiço. Pois assim que ele for realizado a pessoa jamais o reconhecerá novamente. E o melhor de tudo sem alterar sua face.

Entorpecida (A Chave Mestra #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora