Olá leitores...
Começando uma história emocionante para quem gosta de um bom drama! Pedro e Vivianne prometem muitas lágrimas e eu espero que apreciem!
Obrigado por ler 💖- Pedro -
— Estou prestes a desistir de você, Senhor Pelegrini.
A madre superiora falou de maneira cansada e com os olhos escuros fixos no belo rosto do rapaz forte a sua frente. Por trás das lentes grossas de seus óculos era possível enxergar um semblante repleto de pena e constrangimento. Geralmente eram essas as impressões transmitidas por Pedro aos que o cercavam e nada mais podia surpreendê-lo.
— Pois então a senhora demorou algum tempo, madre. Todo mundo ao meu redor já o fez, inclusive eu — Respondeu melhor se acomodando na desconfortável cadeira a frente da enorme mesa de madeira.
Ainda era assustador para Pedro saber que logo ele, um homem que já foi tão cheio de si e seguro da vida, se encontrava aos cuidados de um hospital psiquiátrico e religioso.
— Dificilmente alguém sai deste hospital sem ser curado e não pretendo que você seja um dos poucos. Não faz parte de meu objetivo perder pacientes, principalmente se tratando de um rapaz tão jovem, bonito e com um futuro pela frente — Soava segura em suas palavras e não se amedrontou com o olhar fulminante que o rapaz lhe lançou através do espaço.
— Futuro? — Ironizou enquanto ela o observava como se o desafiasse — Realmente a senhora vê algum tipo de futuro para mim? Só pode ser brincadeira...
Cobriu o rosto com uma das mãos para evitar discutir e seguiu sentado.
— O senhor é jovem, tem apenas trinta e um anos. A vida está a sua disposição, basta que se reencontre com seu verdadeiro eu e coloque a cabeça no lugar — Docemente explicava, mas Pedro se recusava a encará-la — Se todos ao seu redor lhe abandonaram, saiba que eu não. Acredito em sua inocência, senhor Pelegrini, por isso tratei de aceitar seu caso quando a justiça me propôs a sua ficha. Não acredito que nada do que houve realmente tenha sido sua culpa.
Em uma atitude descontrolada o rapaz bateu a mão sobre a mesa e a madre se calou. Era possível ver sua respiração aumentando pela maneira como seu peito se movia debaixo da batina religiosa padrão para todas as freiras do local. O crucifixo preso em seu peito se movimentava com o mesmo ritmo acelerado.
— Não pense que lhe agradeço pela gentileza, madre. A senhora pode pensar que salvou minha vida de um destino cruel me livrando de alguns meses na cadeia, mas o que fez foi me afundar ainda mais no poço que cavei. Para mim é uma tortura ficar preso neste lugar enquanto médicas e freiras entram em meu quarto toda manhã repetindo coisas sobre o dia em que matei meus filhos! — Esbravejou as palavras, mas a madre não demonstrou sentir medo.
Pedro demonstrava toda sua dor enquanto deixava escapar palavras nervosas e há muito tempo escondidas em seu coração. O pesar de sua alma podia sufocar a madre e quem quer que as ouvisse, por isso a mulher o encarava de volta com ainda mais pena e desolamento.
— O senhor não matou seus filhos, senhor Pelegrini! É isso que precisa compreender de uma vez por todas! Tudo não passou de um...
— Acidente? — Sorriu sem humor e ela suspirou — É o que todos me dizem o tempo todo, mas ninguém é capaz de compreender verdadeiramente o que se passa aqui — Apontou para sua própria cabeça — Muito menos aqui! — Pousou a mão fechada em punho sobre o coração.
— O senhor acha que bebendo, usando entorpecentes e causando transtornos em locais públicos irá conseguir fazer alguém compreendê-lo? — Travou o maxilar quando ela relembrou o motivo da pena que cumpria ali dentro. Os motivos pelos quais ele se encontrava interditado em uma clínica para reabilitação de pessoas traumatizadas eram vergonhosos e traumáticos para Pedro, mas não o suficiente para fazê-lo esquecer dos problemas reais de sua vida — O senhor poderia estar em uma prisão agora se seu advogado não fosse bom o suficiente para te livrar das denúncias de desacato à autoridade, perturbação da paz e tantas outras besteiras que o senhor cometeu após o acidente.
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Enviada Pelo Céu (Degustação)
RomancePedro Pelegrini é um compositor de trinta e um anos que teve a vida destruída por uma tragédia que tirou a vida de seus filhos. Culpando-se pela morte dos garotos, afundou-se em álcool, drogas e se perdeu em depressão. Após ser detido por desacato a...