Realeza: A SaiDa Fanfiction

Após a Festa

Sana odiava o destino. Odiava o rumo que sua vida havia tomado. Odiava Dahyun, por amá-la.

Ela recostou a cabeça na janela do avião onde estava haviam algumas horas, fechando os olhos e esperando adormecer, mas flashes do dia de hoje invadiam sua mente a todo momento.

As nove meninas estavam sentadas à mesa do café da manhã, no dia posterior à festa. Um silêncio constrangedor pairava sobre elas, que se entreolhavam entre uma mastigada e outra. Os trainees e funcionários que passavam por perto se assustavam por conta da quietude do ambiente. Porém, logo o silêncio foi quebrado por Jihyo.

- Nós precisamos falar sobre o que aconteceu na noite passada. E eu digo isso como a líder desde grupo e... como uma das pessoas bêbadas que não se lembram de quase nada.

- Eu concordo com a Jihyo. E eu digo isso como uma pessoa extremamente curiosa.- Diz Tzuyu.

- Quem vai falar primeiro?- Pergunta Momo.

Um silêncio cai sobre elas novamente.

- Dois ou um?- Sugere Nayeon, fazendo as outras darem de ombros e estenderem suas mãos.

- Ah, merda.- Reclama Mina, depois de quatro rodadas, quando é a única que joga um dois. Ela respira fundo e, abaixando a cabeça, fala rapidamente e tropeçando nas palavras:

- Eu briguei com a Chaeyoung por causa da Rosé. Por ciúmes. Porque eu amo ela, e não quero perdê-la. E aí nós... Nós nos beijamos.

- Você ama a Chae?- Pergunta Momo, espantada.

- Você me ama?- Pergunta Chaeyoung, mais espantada ainda.

Mina sorri tímida e segura a mão da garota, que cora e tenta esconder seu rosto.

- Já que Mina contou o que aconteceu com as duas, a Chae não precisa falar, certo?- Pergunta Dahyun.

- É, acho que sim. Salva pelo amor.- Diz Mina, sussurrando a última parte para que apenas sua amada escutasse.

As sete jogam novamente, tendo Tzuyu como "vencedora".

- Tinha um cara bonitinho lá, e eu passei a mão na bunda dele.- Ela gagueja.

As meninas a olham espantadas, mas ficam mais ainda quando ouvem o resto da história.

- E eu fui no banheiro em algum momento, e escutei uns... Gemidos na cabine do lado. Aí eu fiquei traumatizada.

- A gente precisa mesmo fazer dois ou um agora? Porque eu tô ansiosa demais para esperar.- Diz Nayeon, roendo as unhas.

- Então fala você, Nay.- Diz Jeongyeon, sorrindo.

A garota dá um sorriso de escárnio para Jeongyeon e continua falando.

- Éramos eu e Jeong na cabine ao lado da Tzuyu.

- Vocês o quê???- Perguntam praticamente todas as garotas, em choque.

- Eu sei, eu sei! Mas a gente tá nesse lance faz tempo, e a festa foi uma brecha pra gente. É estranho, mas nós estamos apaixonadas.- Diz Jeongyeon, se encolhendo.

- Wow. Não sei se tenho mais sanidade para continuar.- Diz Sana, tentando se esquivar do que há por vir.

- Nã-ã! Você vai sentar aqui e contar sua história, como todas nós.- Diz Jihyo, dando tapinhas na mesa.

Sana se encolhe, assustada, mas logo começa a falar.

- Eu e Dahyun nos beijamos. Só. Não foi nada demais, como o que as duas fizeram.- Ela diz, apontando para Jeongyeon e Nayeon.

As garotas reviram os olhos e Dahyun lança um olhar triste para Sana, que olha para Jihyo, confusa, que a lança um olhar de reprovação.

- Eu não fiz nada, porque sou santa, diferente de vocês.- Diz a líder, cruzando os braços.

- Eu vi algumas meninas se beijando, mas não fiz nada também.- Diz Momo, por fim, encerrando o assunto.

As garotas ficam em silêncio por um tempo, mas logo Sana se levanta. Ela se dirige ao seu quarto, precisando pensar, mas é parada por Jihyo, que segura seu braço.

- Você tem certeza de que sabe o que está fazendo?- Ela pergunta.

- O quê?

- Sobre a Dahyun. Você sabe que ela é sensível, e brincar com o coração das pessoas não é legal. Sério, ninguém liga se vocês estão juntas ou não, se beijaram ou não. Nós só queremos que vocês sejam felizes, então não precisa falar sobre isso como se fosse um monstro de sete cabeças. A gente vai te apoiar, Sana. Em tudo.

- Não é atoa que te escolheram como líder.- Ela sorri, saindo por vez do cômodo onde estava, encontrando alguns funcionários, o próprio JYP, sua avó e um homem elegante parados no corredor. Sana para no lugar, achando tudo muito estranho, e logo JYP a vê, caminhando até ela.

- Olá, Sana. Sua avó queria vê-la.

A morena assente, acenando para a idosa, que caminha até ela e pousa sua mão enrugada no ombro da neta.

- Nós precisamos conversar, Minatozaki. Se você não tomar uma decisão, tomaremos por você.

A velha parecia ameaçadora agora, e Sana se assustou, dando alguns passos para trás.

- Eu falei que não posso decidir agora. Tem muita coisa acontecendo e não quero me preocupar com isso - Ela diz com desdém.

- Sana, sua avó preparou uma viagem para você. Imagine como uma mini férias.- Diz Jung Wook, sorrindo triste.

- Eu... Eu não quero ir. Tenho que treinar e focar na música, é isso que quero fazer. É isso que vou fazer.- Responde Sana, gaguejando.

- Minatozaki Sana!- Grita sua avó, a repreendendo.- Nós arrumamos suas malas e compramos assentos na primeira classe. Você irá se sentir como uma princesa. Que é o que você é. Ou irá se tornar.

Sana engole em.seco e começa a chorar. Lágrimas gordas e pesadas descem por sua bochecha, ela sente seu rosto ficando vermelho e até soluça às vezes. Suas amigas escutam o ocorrido e correm para ver o que está acontecendo, juntamente com várias outras pessoas desconhecidas.

- Sana...?- Diz Dahyun com um ar de dúvida.- O que ela quis dizer com "irá se tornar"?

A garota gagueja qualquer coisa incompreensível, e logo cambalea até sua amada, se jogando em seus braços e molhando seu pescoço com suas lágrimas.

- Eu... Eu te amo, Dahyun. E... As meninas vão te contar toda a história.

- Eu também te amo, Sana. Quando você vai voltar?

- Eu não sei. Até que a decisão seja feita.- Ela se afasta, limpando suas lágrimas.

Sana caminha até o lado de sua avó, que sorri em aprovação. Suas amigas levantam as mãos, se despedindo. Sana faz a mesma coisa, sussurrando um "eu amo vocês". Logo, a garota, sua avó e o homem elegante, que acabou por ser um mordomo, desapareceram de vista, deixando o prédio de JYP mergulhado em agitação.

Agora, as mesmas lágrimas correm pelo rosto de Sana no avião. Se ela já sabe que decisão tomar, por que não diz para sua avó? Por que ela quer prolongar tudo, sofrer mais?

Ela realmente não pode ser uma princesa.