O Grande Dia

627 76 3
                                    

Sana acordou radiante. Hoje é o grande dia. O dia em que ela irá contar a verdade para sua avó, o dia em que ela finalmente estará livre das amarras de seu destino. Ela dá um pulo da cama e abre as longas cortinas douradas que cobrem a janela, deixando a luz do sol entrar. O dia está lindo, como Sana nunca havia visto antes. A morena sorri e pega a roupa selecionada para ela que está pendurada em um cabide atrás da porta, uma blusa rosa com flores bordadas e uma saia branca. Ela as veste e se olha no espelho, achando que parece uma idosa, mas sacode esses pensamentos da cabeça enquanto se senta em sua cama, checando seu celular. Há apenas um mensagem de Tzuyu, perguntando qual é sua flor favorita. Ela fica um pouco intrigada, mas responde dizendo que são margaridas.

Se levanta, indo para o banheiro, e volta alguns minutos depois. Ela dá um pulo quando vê sua avó sentada em sua cama, parecendo impaciente, e a cumprimenta com beijinhos no rosto. A senhora está confusa e Sana pode ver isso em seu rosto.

- Bom dia, Sana. De onde vem essa animação toda?- Ela pergunta.

- Ainda não posso contar.- Ela responde, dando um sorrisinho. Sua avó a olha intrigada, mas Sana finge não ver isso. - Para onde vamos?

°°°

Logo, Sana e sua avó estão sentadas numa pequena mesa de um restaurante cinco estrelas, comendo algo chique que Sana não sabe o nome. Ela, de repente, para de comer. É agora. Agora ela revelará tudo. Pousa os hashis ao lado de sua tigela e limpa a garganta, fazendo sua avó erguer os olhos. Conseguindo sua atenção, Sana começa a falar.

- Eu... Eu já tomei minha decisão.

A senhora também pousa seus hashis, sorrindo.

- Já não era sem tempo.- Diz.

- Só queria pedir desculpas antecipadamente. - Fala Sana, abaixando os olhos e os erguendo novamente em seguida, vendo o sorriso de sua avó se dissolver.- Acho que você já entendeu. Não posso fazer o que você quer, é o meu futuro que está em jogo. E eu não quero viver para sempre triste e sozinha. Aqui, no Japão, me sinto assim. Na Coréia tenho amigas, fãs e...uma namorada. Lá é meu lar.

- Sana, você não pode.- Diz a velha, franzindo as sobrancelhas.

- O quê?

- Você não pode fazer isso. Colocar amigas e fama por cima de sua família, você está louca? És uma filha única, não há nenhuma sucessora do trono!- Ela altera sua voz, se levantando.

- EU DECIDO O QUE FAZER COM MEU FUTURO!- Grita Sana, se levantando também e atraindo alguns olhares reprovadores.

- Minatozaki, conversaremos lá fora.- Diz a senhora, depositando uma boa quantia de dinheiro sobre a mesa e saindo do restaurante. A garota morena dá um suspiro irritado, olhando para as pessoas ao seu redor. Algumas desviam o olhar, outras apenas maneiam a cabeça. Ela finalmente decide seguir sua avó, que está sentada em um banco de madeira sustentado por duas grandes pedras que fica na área externa do restaurante. Ela se senta ao lado da mulher mais velha, olhando para baixo enquanto agita suas pernas. Um sinal do nervosismo que está sentindo.

- Sana, não entendo como pôde fazer isso. É um grande lugar, e seu futuro povo ficará desapontado. E o que irá acontecer quando... Quando eu morrer?

Sana fica quieta por um instante. Ela não odeia sua avó, por mais que pareça. Elas tinham uma relação boa quando ela era uma criança e ainda vivia no Japão, e agora sente falta disso. Escorrega sua mão pela saia da mulher, segurando sua mão num ato de afeto que nunca pensou que faria depois de tudo que passara nessas semanas. A senhora Minatozaki ergue os olhos e há uma fagulha de esperança em suas pupilas.

- Por que eu tenho que sempre desistir de algo?- Pergunta a mais nova.

- Ninguém controla o destino. Mas você pode mudá-lo. Pintá-lo de outra cor, até jogar purpurina por cima dele. Mas agora não, Sana. Existem coisas que você não pode apenas jogar para cima e fingir que elas nunca existiram. O trono é importante demais.

- Você não acha que eu tenho nem um pouco de razão em prezar por minha felicidade?

- Eu acho que você não sabe o que irá te deixar realmente feliz.

- Sei o que quero e sei o que me faz feliz. Me decidi, como você pediu há tempos. Sei que não é o que você queria, mas não posso fazer nada. Estou pintando meu destino e o lambuzando de purpurina.- Responde a garota, encerrando a discussão.

- Tudo bem. Mas, se algum dia mudar de ideia, tudo estará lá para você. E não irei morrer tão cedo.- Diz a idosa, com uma piscadela.

As duas se levantam, andando até uma rua movimentada onde há um carro extravagante parado ao lado de um poste. Elas o adentram, cumprimentando o motorista.

- Ei, vovó?- Chama Sana.

- Sim?

- Se eu nunca quiser governar, quem irá tomar o trono?

- Como eu disse, não irei morrer tão cedo. E tenho algumas ideias.- Ela diz, sorrindo sonhadora.

É um longo caminha até o hotel, e Sana usa o tempo para pensar em como surpreender Dahyun ao chegar na Coréia.

- Podemos parar num floricultura?- Ela pede.

O motorista, que é o homem mais quieto que Sana já viu, assente e logo para em frente à uma loja de flores, onde tulipas estão expostas em caixotes. Sana desce rapidamente do carro e adentra a loja, inalando o aroma doce e enjoativo que lá existe. Encontra uma mulher jovem e atraente(Dahyun que a perdoe) atrás do balcão, e pede por um buquê de lírios. A mulher, após alguns minutos, chega com um buquê enorme, que cobre até seu rosto. Sana a paga e entra novamente no carro, cheirando as flores. Ela sorri, pensando em como sua amada ficará feliz ao vê-las. E como ela mesma ficará feliz em ver sua amada.

Realeza: A SaiDa FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora