Os Segredos Que eu Guardo - £ (Helena)

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ANDAMOS EM SILÊNCIO POR um tempo

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ANDAMOS EM SILÊNCIO POR um tempo. Eu já não sentia tanto frio, e por mais que odiasse admitir, tinha que agradecer ao cara que tinha tentado me matar.

— Você nunca vai superar? – Kaus perguntou de supetão, fazendo com que eu quase escorregasse em um pedaço da calçada que estava congelado, se ele não tivesse segurado em meu braço.

— Como?

— Sim, eu tentei te morder. Supere. Não vai mais acontecer.

Choque. Eu estava em choque.

— Sua mente é um livro aberto, Helena. – ele disse e me lançou um sorriso um tanto quanto safado.

Ele tinha ouvido meus pensamentos obscenos sobre seu corpo.

Ergui uma parede de concreto invisível entre nós e o sorriso desapareceu de seu rosto.

— Como fez isso?

Dei de ombros.

— Isso o que?

— Uma hora eu conseguia ouvir cada um de seus palavrões e de repente, silêncio total.

Sorri lembrando-me do dia em que aprendi a técnica, com Polux.

— Uma coisa que aprendi com uma pessoa muito especial para mim.

Paramos na frente de um bistrô pequenininho e de esquina, bem perto da boate. Tinha a aparência antiga, por causa da cor escura que usava na fachada de pedra e no piso de madeira. As janelas com aparência vitoriana e porta larga eram também escuras. Eu não duvidava que todo o lugar tinha a aparência escura. E apesar de ter acabado de sair de um lugar escuro e abafado, aquele bistrô não me incomodava. Logo acima de nossas cabeças, em uma placa grande o suficiente para se ver desde a boate, lia-se: Guterre's Café

Sorri quando entramos e fomos recebidos pelo aquecedor quente. Uma moça com uns cinquenta anos veio nos receber, com o rosto alegre. Ela estava feliz demais para estar ciente da nevasca que estava prevista a cair nos próximos dias.

— Entrem! Está muito frio lá fora. Vou servir um café quentinho e um brownie que acabou de sair do forno. – a mulher disse. Abri a boca para protestar e ela me interrompeu. — Não ouse recusar, mocinha, é por conta da casa. Por causa da nevasca que vai acontecer.

Então ela estava ciente...

Ouvi uma voz grave fazer as paredes vibrarem:

— Iria, dando comida de graça para clientes novamente? Assim nos deixará sem dinheiro nenhum! – o homem surgiu de trás do balcão, e alguns clientes riram quando ele passou por eles. E apesar da aparência robusta, ele não parecia estar chateado ou irritado. Estava com o rosto lívido, de uma pessoa que se diverte. Ele esticou a mão para mim e depois para Kaus, se apresentando: — Meu nome é Guterre. Podem se sentar que já levaremos tudo para a mesa de vocês.

A Caçadora - A RendiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora