it's S-H-A-W-N, okay?

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Millie on

Estava sentada abaixo de uma árvore, aquela que sempre me recorria quando precisava pensar... Ou parar de me preocupar com tudo ao meu redor. Ouvia The Nights, Avicii, porque simplesmente amava o significado detrás a tradução da mesma.

Por que estava embaixo daquela árvore? Estava esperando pelo pôr do sol. Era algo que amava fazer, simplesmente me sentar, parar de prestar atenção em tudo que estava à minha volta e apenas admirar o que estava acima de nós, todos os dias, o tempo todo. Mesmo que muitas pessoas se esquecessem disso.

- Oi, Mills - alguém disse se sentando do meu lado, o que fez com que eu tirasse um de meus fones. - O que você está fazendo aqui? O acampamento é lá em baixo, esqueceu?!

- Ah, oi, Finn - meu coração acelerou.

Finn sempre fora como um irmão, ou um primo pra mim, porque fomos praticamente criados juntos, e sua prima, era minha melhor amiga, Sadie. Mas ultimamente meio que andava o vendo como mais que um "irmão", e com a mente, coração, e mais sei lá o que nas nuvens, na esperança que Finn talvez sentisse o mesmo.

- Esperando para ver o pôr do sol... E você o que está fazendo aqui? - disse tentando naturalidade.

- Estava te procurando.

- E por quê? - segurei um sorriso.

- Ahn... sei lá, você só sumiu do nada. Como sempre...

- É... - soltei uma risada abafada. Eu geralmente sumia sem nenhum motivo, e meus amigos raramente conseguiam me encontrar. - Realmente.

- O que você está ouvindo? - perguntou, pegando um dos fones e colocando em seu ouvido. - Gostei. Qual o nome?

- The Nights. - disse sem olha-lo.

Pra falar a verdade, eu estava o "ignorando" pra tentar fazer com que meus batimentos voltassem ao normal, e porque tinha essa mania de fingir que Finn não me afetava, ou que não fosse algo tão importante para mim. Como eu sempre andava fazendo ultimamente.
Mas caraaa! eu sabia que estava na cara... Segurei o riso com meu pensamento repetitivo e idiota.

- O que foi? - ele perguntou encostando as costas na árvore e apoiando sua cabeça na mesma.

O que me fez perceber seu maxilar, que era o mais marcado que já tinha visto. Tive que me controlar para que não babasse ali mesmo, porque era perfeito, desculpa.

- Oi? Nada não. - me fiz de desentendida e comecei a rir, com o outro pensamento ainda mais idiota.

Finn Wolfhard era uma das pessoas que mais me conheciam. Às vezes tinha medo daquilo. De sua capacidade escabrosa de saber o que cada reação minha indicava. Só esperava que ele não conseguisse ler meus pensamentos, que eram grande parte voltados a ele.

- Você é linda quando sorri, sabia? Ainda mais aqui... com o sol te iluminando, seus olhos brilham e você fica linda... Ops, te chamei de linda de novo... Que se dane, é linda mesmo. - ele falava com o braço agora apoiado ao joelho, me admirando.

Céus. Acho que corei.

- Ahn... acho que foi o primeiro a dizer... Obrigada? - falei timidamente ainda olhando seus olhos, mas depois olhei para frente de novo. Aquele universo que apenas Finn Wolfhard possuía dentro de seus olhos escuros como à noite era hipnotizante.

Começou a tocar outra música, de Shawn Mendes, Never Be Alone.

- Olha só... Chão Mendes. - ele brincou, pois sabia que eu amava o cantor.

- é S-H-A-W-N, okay?

- Prefiro Chão, desculpa. - falou rindo me irritando.

E que prontamente tinha conseguido. Idiota.

Minhas bochechas coraram novamente então voltei a olhar para frente. Nem tinha percebido quando tinha voltado a encara-lo.

Meu Deus... onde estava a Millie que sabia controlar seus sentimentos? Acho que ela se perdeu. Em meio de um labirinto. À noite. Sem nenhuma lanterna a disposição, nem a do celular. Sim, às vezes viajava longe entre meus dramas.

- Mas aí, você só tem músicas tristes, ou com um significado de puta profundidade? - sorri em resposta e disse:

- Qual seria o sentido de ouvir uma música sem significado profundo ou intenso? - perguntei, agora olhando para o sol que dizia adeus naquele fim de tarde, mas que pela manhã, estaria novamente de volta no trabalho de iluminar e aquecer o dia de todos.
Sorri ao pensar nisso.

- Realmente... - ele falou e continuou me analisando, como se estivesse pensando no que dizer.

Cara... Será que o braço dele não ficaria dormente? Ou sua perna?  Sei lá. Porque ele mantinha a mesma posição com o braço apoiado no joelho e sua mão dando apoio para seu rosto, que era lindo por sinal.

Deus, cadê a Millie que eu conhecia?!

Okay... recapitulando: Finn. Finn Wolfhard. Ele sempre fora incluso, na maioria, vivia apenas em seu próprio mundo. E eu gostava disso. Era bom usufruir de sua companhia, ele conversava com quem era seu amigo, sabia entender a cada um eles. Ele também era bastante irônico, e fazia gracinhas sobre tudo. Mas nem todos sabiam disso, vendo apenas o garoto alto de cachos bagunçados e sardas espalhadas em todo rosto, quase nunca sorrindo aos quatro cantos do mundo, mas que quando sorria, era um sorriso simplesmente contagiante ao extremo. Sua voz - que em minha humilde opinião... era sinônimo de perfeição -, ele gostava de dedicá-la a música, mesmo que não mostrasse isso abertamente a todos... Talvez tenha devaneado pensando nas características de Finn, outra vez.

Seus pais, Mary e Eric eram como minha segunda família, sempre me incluindo em tudo, desde sempre, até porque morávamos perto. Mas além disso, eles tinham certa influência em LA, onde morávamos. O que fazia com que alguns quisessem se aproximar de Finnie apenas por interesse, mas ele tinha o discernimento de saber quem era quem.

Geralmente, todos os anos, nas férias, íamos a esse acampamento que estávamos nesse exato momento. Era uma maneira de nos desligarmos de tudo, e já tinha virado costume vir em todas às férias. A gente não reclamava, já que passávamos por momentos simplesmente incríveis, mesmo que sem internet. Era basicamente um modo de nos desconectarmos do mundo virtual e nos concentrarmos no real. Fazíamos luais, conhecíamos pessoas novas - mesmo que já sabíamos quem eram grande parte de todos que perambulavam por ali -, e além do mais, era absolutamente incrível passar um tempo com seus amigos, sem que nenhuma ligação, mensagem ou notificação atrapalhasse isso. Os que mais mantia perto, eram Finn e Sadie, os primos que mesmo se irritando o tempo todo, eram mais unidos que tudo. Também tinha Noah, que viria pela primeira vez, e não via a hora de vê-lo.

Noah Schnapp era também um dos meus melhores amigos. Antes, era virtual, mas sua família se mudou de NY para Los Angeles, então acabou se tornando uma amizade presencial, muito além de apenas conversas ou chamadas de vídeo via internet.

- Vamos. - ele disse quando a música acabou, se levantando e puxando minhas mãos.

Eu realmente havia "boiado" - como eles diziam para os momentos em que me perdia em minha própria mente - tanto, que tinha esquecido que Finn, o garoto que estava roubando todos meus sonhos para si, estava ali, e que o acampamento era lá embaixo.

- Oi? - me levantei, já que ele não parava de me puxar.

- Vamos. - repetiu e saiu correndo, me levando junto, já que puxava meu braço.

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