Prólogo

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Em algum lugar do Canal da Mancha - Oceano Atlântico.

1860

São só mais algumas horas, eu posso aguentá-lo.

Jurou Louise para si mesma enquanto andava na proa do navio ao qual estava de viagem com seu pai, irmão e outros nobres, esnobes. Ela sentia que não se encaixava ali, em meio aquelas pessoas, e seu irmão só confirmava para ela em suas pequenas ameaças. Bem, eram o que pareciam, principalmente quando ele falava que a culpa de estarem naquele navio, em uma viagem pela Europa, era dela. O que ele queria era estar caçando com o pai, ou indo a primeira vez para o clube com o pai lhe oferecendo sua primeira bebida, ou uma bela jovem que poderia agradá-lo a noite inteira, já que completara certa idade para obter esses presentes.

Louise ficara horrorizada quando Olivier, seu irmão, lhe contou essas coisas. Ela não tinha culpa que o Barão, seu pai, resolvera fazer uma viagem. Assim ele seria bem visto entre os nobres por compartilhar do mesmo gosto e classe deles, apesar de seu título de Barão e suas terras serem pequenas.

Ela pensou em contar ao irmão que também estava infeliz com aquela viagem. Não havia nada melhor do que ficar em casa, em seu quarto, ou na sala, ou até mesmo no jardim embaixo da sombra da árvore em um dia de sol, lendo seu livro favorito. Louise tinha poucas amigas, as conhecidas da igreja, ao qual iam as missas no domingo. Fora isso, seus amigos verdadeiros eram os criados. Embora ela não se sentisse sozinha. Seu óculos e sardas a faziam parecer estranha, sua timidez completa, fazia as pessoas se afastarem. Então ficava com fama de antipática. O que não podia ser verdade. Louise sonhava com um dia poder debutar com suas belas amigas e confidentes, conseguir um belo pretendente, ao qual se apaixonaria após ele a convidar para uma dança e... e poderiam viver felizes para sempre.

- Humpf! Não seja tola, Louise!

Repreendeu a si mesma por estar sonhando alto demais. Aquilo jamais aconteceria. Louise ajeitou o óculos redondo e seu chapéu se apoiando na grade de ferro do Convés e olhando o horizonte do mar a sua frente. Ela gostaria de tirar as luvas e poder tocar a água do mar, poder mergulhar apenas para relaxar o corpo e esquecer seus problemas. Sua mãe morrera em seu nascimento, o pai, que já tinha seu herdeiro, lhe dava apenas o básico de atenção. Toda a assistência ele delegou para os criados. Sua vida não era fácil, ela já aceitara há muito tempo atrás que teria de saber lidar com qualquer situação difícil sozinha.

Um solavanco muito forte no navio a fez cambalear quase caindo no chão do convés, algumas pessoas exclamando alto em surpresa. Louise agarrou seu caderno de desenhos e olhou na direção em que o irmão se fora antes de brigar com ela. Ele já não podia ser visto. Mais um solavanco, mais forte que o outro, a fez cair no chão, assim como os outros passageiros. Então, o chão estava se inclinando? Ela se perguntou horrorizada ao ver que não só ela, mas outras pessoas também estava caindo tentando segurar onde era possível. Gritos davam para se ouvir, então explosões e a buzina do navio soando. Louise gritou segurando na barra de ferro.

- Papai! Socorro! - O Navio estava afundando! Estavam sendo atacados? Como aconteceu tão de repente?

Olhando por sobre o ombro ela viu pessoas caindo no mar, seus dedos estavam machucando aguentando seu peso, ela não aguentaria mais. Os gritos a perturbavam. Sua respiração ofegante apertava seus pulmões e seu desespero tomava conta. O navio virava e afundava cada vez mais, com rachaduras e mais pessoas caíam ao mar. Então alguém caíam em sua direção, um corpo grande, e com o impacto sua mão se soltou de seu ponto seguro-não-tão-seguro-assim. Na água seu vestido pesado a fazia afundar mais e mais, e não havia nada que pudesse fazer, não sabia nadar. Então tudo o que conseguiu ver depois de sentir a água perfurar seus pulmões, foi escuridão.

Em um Naufrágio com o Marquês [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora