Capítulo XVI

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Assim que pagou um mensageiro para entregar o recado ao ateliê, Simon partiu para a joalheria. A costureira iria o encontrar na estação de trem no dia seguinte depois do almoço, ele teria tempo o bastante para esfriar a cabeça e pensar direito. Ele poderia contratar um investigador? Iria direto a polícia? A coroa? Simon só estava certo de que precisava cuidar da saúde do pai, para ele estar ciente de tudo o que estaria acontecendo. Quando voltasse para Winchester iriam ter outra conversa seríssima, ele esperava que tudo desse certo.

Simon respirou fundo antes de entrar na joalheria, foi recebido por um sorriso contente do joalheiro.

- Milorde! Seja bem vindo.

- Obrigado Sr. Reyes. Tenho um grande pedido para você.

- Claro Milorde, se acomode.

Joseph Reyes era o homem ao qual produziu as melhores jóias da mãe de Simon, colares, brincos, pulseiras. O homem tinha um talento grandioso e Simon sabia que ele lhe entregaria o melhor anel de noivado já feito em todos os tempos.

- Era da minha mãe, uma criação sua. Quero que o melhore, que o torne ainda mais único.

- Tão único quanto a senhorita que o irá receber? - Reyes perguntou analisando a peça com uma lupa.
Simon sorriu concordando com o homem.

- Ela é única em todo o universo, Reyes.

O homem olhou para Simon e sorriu pegando um caderno de desenhos.

- Já tenho algo em mente milorde, veja se é do seu agrado.

Primeiro o homem começou com rabiscos ao qual Simon não soube definir o que era, mas logo entendeu que se tratava de um esboço de uma mão. O anel passou a ser desenhado em seguida, com tanta perfeição que parecia real, como se fosse saltar daquela folha. Reyes planejava lapidar o diamante e adornar com safiras, talvez até mesmo ametistas.

Simon achou perfeito e decidiu por aquele. Pediu que fosse feito no prazo mais curto possível e como não planejava estar em Londres por mais tempo, orientou que o anel fosse entregue em Winchester. Ao menos alguma coisa naquele dia tinha dado perfeitamente certo e o deixara contente. Sem mais tarefas a fazer ele seguiu para onde não comparecia há muitos anos, e pelo horário ele sabia que não estaria tão cheio. Ele teria tempo para esfriar a cabeça e fazer seus planos.

Levava um copo de whisky com gelo a boca quando sentaram ao seu lado, ele teria reclamado se a presença do homem não fosse oportuna, e se não estivesse contente por ver um amigo de longa data.

- Então, qual é o plano? Quem será a vítima?

- Do que está falando Dominic?

Simon observou o amigo. Muito bem trajado, anéis nos dedos, cabelo perfeitamente penteado e dele vinha também um cheiro adocicado, não como se tivesse sido enrolado por braços de uma mulher com um belo perfume francês. O perfume era do próprio Duque. Simon havia ouvido rumores sobre encontros sórdidos do duque com outros rapazes, as vezes rapazes e moças. Nada nunca foi comprovado, mas Dominic não parecia temer ou esconder nada. Quando estivesse preparado para contar algo sobre seu particular, Simon o ouviria e ficaria ao seu lado, com certeza.

Dominic sorriu e ergueu a mão chamando um garçom para servi-lo, só depois disso e de acender um charuto, ele olhou para Simon novamente.

- Você chega sem falar com ninguém e se senta no canto mais isolado do salão, também o canto mais escuro ao que parece e não para de encarar um ponto fixo na mesa. Quem está querendo matar?

Simon teve de rir daquilo. Dominic sempre o fazia rir. Acompanhando Dominic, ele acendeu um bom charuto também e relaxou para conversar com o amigo.

Em um Naufrágio com o Marquês [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora