Capítulo 23

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Theo

Minha cabeça estava girando enquanto ia pro estacionamento com a Luna.

Ouvi tudo o que disseram. Não achei o banheiro, então voltei no mesmo instante para perguntar pra Luna, mas aquela maldita conversa já tinha começado. Todos pareciam estar colocando a Luna contra mim, até a Lorena. Começaram com uma conversa de se eu tinha batido nela? Gritado com ela? Forçado ela a algo? É sério isso? Acham mesmo que eu faria isso com ela? Estão loucos. Todos aqueles putos estão loucos se acham que a Luna vai ficar contra mim com uma conversa de merda.

A Luna não pareceu ligar quando a Lorena contou que já transamos. Ou ligou, mas não quis demonstrar perto dos amigos. Nunca foi nada demais com a Lorena, uma simples amizade colorida, que acabou no final do ano passado. Agora somos só amigos, principalmente depois que eu conheci a Luna.

Eu não sei como ela estava se sentindo. Ela só estava segurando minha mão e me puxando pro meu carro.

-Luna? Podemos conversar?

-Sobre o que? -ela solta minha mão e continua andando.

-Sobre essa merda dessa conversa que estavam tendo -digo e ela tenta abrir a porta do carro- Está trancado.

-Então destranca! -ela grita e finalmente olha pra mim, com os olhos marejados.

-Luna... -ando até ela e sinto vontade de abraçá-la e protegê-la de qualquer coisa que a faça chorar, porque não aguento ver aqueles olhos cheios de água.

-Destranca a merda do carro... -sua voz sai mais baixo e tenho a impressão que ela vai despencar no chão do estacionamento- ...por favor, Theo...

-Eu to aqui, linda -abraço ela e encosto sua cabeça em meu peito- Não vou a lugar nenhum.

-Eu não queria brigar com ela -sua voz sai abafada- Mas ela perguntou aquelas coisas e depois foi super insensível e... e eu... -seu choro atrapalha a sua fala.

-Tá tudo bem, linda. A Lorena foi uma idiota e todos ali viram, ela não devia ter falado daquele jeito com você.

-Mas ela é sua amiga, e eu não devia colocar a sua amiga contra você -ela fala e me olha, com aqueles olhos claros e perfeitos.

-Foda-se a Lorena, agora eu só estou ligando pra você.

-Eu to tão cansada -ela volta a cabeça ao meu peito e me abraça mais forte- A gente pode ir pra minha casa? Eu só quero deitar no meu travesseiro e ficar lá até semana que vem, e eu sei que estou exagerando.

-Não está não, amor.

Sim ela estava exagerando, mas a Lorena também, as duas estão com os hormônios afetados, e ninguém que preze pela sua vida, se colocaria entre duas mulheres quando estão assim.


-Eu te levo pra sua casa, pode ser?

-Pode, por favor.

-Vamos então -destranco o carro e coloco ela no banco da frente antes de ir pro banco do motorista.

Começo a dirigir e uns três minutos depois, sinto algo sobre minha perna direita, a cabeça dela.

-Linda, você não pode dormir no meu colo, eu to dirigindo.

-Eu to com sono, Theo -ela se ajeita e fecha os olhos.

-Tudo bem, eu te acordo quando chegarmos -coloco minha mão no cabelo dela e a outra continua no volante.

Acaricio seu cabelo até chegarmos no prédio dela. Parecia um anjo dormindo. Um anjo muito irritado, mas fofo e muito bonito. O mais perfeito anjo. E, talvez, eu também estivesse exagerando, mas ninguém tiraria aqueles pequenos momentos da minha memória. Aqueles pequenos momentos de sorrisos, risadas, olhares, são pequenos momentos que me fazem esquecer de qualquer outra coisa. Como ela me leva da sanidade à loucura em segundos?

Entre o amor e o ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora