Capítulo 39

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Theo

-Luna! Luna, cadê você? Luna! -o grito que eu dei ao ouvir a voz dela fez todos na sala pararem, estáticos e assustados- Luna! Por favor! -sentia que ia começar a chorar quando a mãe da Clara veio até mim perguntando o que estava acontecendo- Eu... eu não sei... ela disse "ajuda" e "acidente" e a voz dela estava baixa, acho que... preciso ir ver se ela está bem.

Saí correndo, só ouvindo alguém me dizendo "avise a gente" e "cuidado, Theo" antes que eu descesse as escadas do prédio mais rápido do que eu nunca corri. Quase fui atropelado, mas consegui chegar do outro lado e entrei no prédio sem nem me importar em me identificar na portaria.

-Theo... agora não é um bom momento... -o pai dela disse ao abrir a porta, não pensei em perguntar por que ele estava chorando, só empurrei ele e entrei.

Mas só vi o Kiwi deitado no sofá, com as orelhas em pé, me olhando como se dissesse "Ela está em perigo! Faça alguma coisa, humano estupido!".

-Onde a Luna tá? Cadê a Luna?!

-Calma, Theo. Ela saiu com a mãe dela, eu... eu contei algo que eu fiz e... nós brigamos e a mãe dela saiu irritada com a Luna. Não sei onde estão.

-Elas sofreram um acidente, idiota! -me sentei na cadeira e passei as mãos pelo rosto, sem saber o que fazer. O pai dela também não sabia- Como vamos saber onde elas estão?

-Eu... eu... -de repente uma luz pareceu se acender na cabeça dele, porque o vi correr até o sofá e pegar o celular, digitando algo rapidamente- Minha esposa baixou um aplicativo no meu celular e no dela, um que rastreia o celular da Luna!

-Deixa eu ver -arranco o celular dele e leio o endereço, era alguma estrada- Liga pra emergência! -disse na mesma hora e ele pegou o celular de volta, com as mãos tremendo e não conseguindo digitar nada- Deixa que eu faço isso -pego de novo e ligo para a emergência, repetindo o endereço várias vezes na minha cabeça para não esquecer.

-Hospital Particular de Emergências e Doenças Crônicas do Rio de Janeiro, qual a sua emergência?

-A minha namorada e a mãe dela sofreram um acidente!

-Pode repetir, senhor? Você disse muito rápido.

-Minha namorada está machucada, porra! Acha que eu vou ficar soletrando?! Ela e a mãe dela sofreram um acidente na RJ-208, preciso que mandem ambulâncias pra lá, rápido!

-Mantenha a calma. Já estamos enviando duas ambulâncias o mais rápido possível.

Desliguei o celular e o deixei cair da minha mão. Só agora tudo estava passando pela minha cabeça. O medo de perdê-la me fez ficar sem ar. Não podia perder ela, não!

-Precisamos ir pra lá, agora -consegui levantar e fui indo em direção da porta.

-Pro hospital?

-Não, pro lugar do acidente! -gritei para que ele me ouvisse enquanto descia as escadas, não teria tempo de pegar o elevador.

Aquilo não podia estar acontecendo. Eu não iria perder mais alguém. De jeito nenhum.

O lugar estava cheio de carros, todos parados por causa do acidente. Eu torcia para ser outro acidente, para não ser a Luna naquele carro capotado. Torcia para que ela me ligasse dizendo que era uma piada. Mas ela não ligou.

As ambulâncias chegaram e todos se afastaram para que os paramédicos descessem o barranco e trouxesse as duas para cá. Nesse instante, tudo começou a correr em câmera lenta.

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