Capítulo 31

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Theo

A escuridão já tomou conta de tudo. Tudo. Eu não vejo mais nada, e a sensação de ter muito peso encima de mim não ajuda. Estou sufocado e, provavelmente, vou parar de respirar a qualquer instante.

"Socorro!"

Ouço minha própria voz ecoar dentro da minha cabeça, me deixando mais apavorado. Aos poucos sinto o gosto de terra adentrar minha boca. Puta merda, eu estou enterrado!

Me reviro e tento sair dali, mas não dá, é impossível.

"Por favor!"

Luna. A Luna, caramba! Cadê a Luna? Ela pode me tirar daqui e me dizer o que está acontecendo. Eu preciso dela. Preciso sentir seu rosto macio nas minhas mãos e ver seu sorriso perfeito. Eu preciso da minha garota!

"Luna! Luna!"

A sensação é a pior. Não consigo respirar ou enxergar. Sinto algo subindo pela minha perna e algo agarrando o meu pescoço.

"Para, por favor!"

Começo a suar e tento tirar seja lá o que estivesse no meu pescoço. Provavelmente estou me arranhando, mas não ligo, aquilo está me sufocando mais do que a terra na minha garganta.

É uma corda. E agora já não está escuro, pelo contrário, a claridade dói, quase como se estivesse furando meus olhos. Estou em um quarto e tem a porra de uma corda no meu pescoço. Meus pés estão sobre uma cadeira. Mas, por algum motivo, não consigo mover os braços e tirar a maldita corda dali.

A porta se abre e uma mulher entra. Pálida, com um vestido que eu já vi antes, cabelos negros e bagunçados, e descalça. É quase como se ela estivesse se arrastando até mim, como se não pudesse andar normalmente.

Alguém por favor me bota de volta na terra, é apavorante assistir isso!

E então, consigo ver o rosto da mulher, que já está perto o bastante de mim. Minha mãe. É ela! É a minha mãe! Eu preciso descer daqui, tenho que abraçar a minha mãe e cuidar dela!

Quase dou um passo pra frente e a corda aperta em meu pescoço. Não posso descer. Essa corda vai me enforcar se eu descer da cadeira. Vai me enforcar assim como fez com ela. Que merda! Alguém me tira daqui!

"Mãe!"

Consigo estender um braço e tento tocar nela, mas é em vão. Ela apenas me olha, com os olhos pretos como a noite e não me reconhece.

"Sou eu! O Theodore!"

Por favor. Por favor. Sou eu. Seu filho. Por favor, me tira daqui.

Meu choro já se tornou ensurdecedor quando minha mãe chega muito perto e mantém a corda nas mãos, me encara e grita muito alto: "Acorda!".









Luna

Se tem uma coisa que eu odeie, é ser acordada de forma bruta de manhã. Mas aquela não foi uma manhã normal. Não, não foi. Eu não acordei com a voz rouca e sonolenta do Theo. Não acordei com o barulho do mar ou das gaivotas. Nada disso. Acordei com ele gritando.

Entre o amor e o ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora