Capítulo 4

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Luna

Terminei de fazer o macarrão e coloquei em dois pratos para nós. Comemos na sala mesmo, enquanto conversávamos.

-Achei que tinha falado que não gostava de ir pra escola -eu comento e ele me olha- Você pareceu estar gostando da aula de literatura.

-Acho que é a única aula que eu gosto -ele termina de comer e se oferece para levar os pratos até a cozinha.

Aproveito para ir pro meu quarto e pegar minhas coisas para estudar. Estava pegando meu caderno quando alguém me abraçou por trás.

-Sabia que você fica linda com essa calça? -ele diz no meu ouvido.

-Já me falaram isso antes.

-Quem? -ele me vira e eu consigo ver a sua expressão de raiva, algo que me fez rir- Quem foi?

-Calma, foi só o meu pai -digo ainda rindo e a sua expressão fica mais tranquila- Você sente ciúmes de todos, todo o tempo, ou é só comigo?

-Eu não sinto ciúmes -ele me solta e vai até a minha cama- Só queria saber.

-Ok... eu preciso estudar, agora.

-Sabe que hoje foi o primeiro dia de aula né? -ele senta na cama- Nem tem matéria pra estudar.

-É que no meio do ano tem aqueles vestibulares das faculdades que eu vou tentar entrar e no fim do ano também. Tenho que estar preparada.

-Você vai tentar entrar em uma federal, né?

-Como sabe?

-Você parece ser toda inteligente e dedicada, pra você seria fácil entrar em uma dessas.

-Fácil não vai ser -me sento na cadeira na escrivaninha e prendo meu cabelo em um coque alto- Mas caso eu não passe, pelo menos vou ter outras opções.

-O que você vai fazer?

-Arquitetura, e você?

-Direito, meu pai tá querendo me empurrar pra assumir a parte dele na empresa quando eu terminar a faculdade.

-Mas é ele quem vai fazer a faculdade ou é você? -olho pra ele, que desvia o olhar e deita na cama- Eu só acho que é você quem devia escolher o curso.

-Pra mim tanto faz, talvez seja até legal, eu cresci vendo o trabalho do meu pai. Mas por que vai tentar entrar em uma pública? Pelo tamanho desse apartamento daria facilmente pra pagar uma particular.

-Seria fácil de pagar se alguém fosse pagar pra mim -me viro de volta e continuo a escrever.

-Seus pais...?

-Eles tem uma política de não pagar meus estudos depois que eu sair de casa. Dizem que eu tenho que fazer meu próprio caminho.

-Você é a única filha deles, meio mão de vaca isso aí.

-É um direito deles. Pelo menos falaram que vão comprar meu apartamento se eu for fazer fora da cidade.

-Será que você não pode sair daí e vir deitar comigo? Não tem graça essa cama sem você.

-Eu tenho que...

-Tem que estudar, eu sei -ele se levanta e vem até mim, puxa a minha cadeira de rodinhas e me tira de perto da escrivaninha- Agora sim.

Entre o amor e o ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora