Capítulo 40

191 10 4
                                    

Theo

-Luna! Luna! -tentava me soltar daquele idiota que estava me segurando, tentava entrar na sala e salvá-la com minhas próprias mãos, eu tinha que fazer algo.

-Afasta! -o médico gritou pela terceira vez e posicionou os desfibriladores, dando um choque mais forte dessa vez.

-Por favor, Luna... acorda... -já não tinha capacidade de gritar, então saiu como um sussurro.

-Conseguimos -o médico levantou as mãos em comemoração e todos respiraram aliviados olhando para a Luna, que agora (muito) acordada respirava rapidamente com os olhos arregalados.

-Minha mãe... -sussurrou enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.

-Sai da minha frente, babaca -dei uma joelhada no enfermeiro enorme (que só estava fazendo seu trabalho, mas no momento não raciocinei direito e acabei tendo que pedir desculpas mais tarde) conseguindo passar por ele, entrar na sala correndo até a Luna e abraçar ela, agradecendo mentalmente por ainda ter minha garota viva em meus braços.

-Minha mãe... -repetiu mais uma vez, bem mais baixo, com os olhos arregalados e totalmente paralisada, sem me abraçar de volta ou olhar para mim.

-Da próxima vez esperem até darem uma notícia dessas à alguém que acabou de passar por um acidente e uma cirurgia! -gritei com todos ali, sabendo que não tinha esse poder, mas no momento eu estava com a razão- Ou pelo menos contém vocês mesmos ao invés de forçarem um adolescente a falar! -cerrei o maxilar e me controlei para não socar alguém. Ela precisava de mim agora- Está tudo bem, linda -sussurrava enquanto subia na cama e o enfermeiro avançava um passo para me impedir- Nem pense nisso -estendi um braço em sua direção e ele recuou quando o médico disse que tudo bem- Eu estou aqui -sussurrei para ela e a coloquei no meu colo, deitando na cama do hospital e ignorando os olhares de todos enquanto eu acariciava seu cabelo e minha garota chorava em meu ombro.



Quatro dias depois...



-Chegamos! -disse tentando parecer animado ao passar pela porta do apartamento, empurrando a cadeira de rodas da Luna quando ela teve alta do hospital e finalmente voltou para casa- E olha quem já veio te ver... -peguei o Kiwi (que pulava muito) no colo e o coloquei com cuidado no colo da Luna, que sorriu fraco e abraçou o filhote.

Os quatro dias no hospital passaram assim. Ela olhava estática para alguma parte do quarto, sem dizer nada, sem chorar, só totalmente e completamente em choque. Pelo menos comia e tomava os remédios, mas não deixava que nenhum médico, e nem mesmo o pai, a tocasse, apenas eu. Então passei os quatro dias no hospital com ela, não me importei em faltar às aulas já que eu já havia passado de ano e esses últimos dias eram formalidade.

-Luna, o que acha de eu preparar o seu prato preferido? A sua tia disse que você tem que se alimentar bastante e repor os nutrientes -o pai falou com carinho quando colocou as malas no canto da sala, e quando não obteve nenhuma resposta, apenas engoliu seco e foi para a cozinha. Ele também estava sendo forte. Os dois estavam, mas era compreensível a Luna não querer falar com o pai depois do que descobriu e o que aquilo causou.

-Amor... eu não sei como... -olhei para a cadeira de rodas e para a escada, quase me oferecendo para levá-la no colo, mas antes disso a vi levantando e andando sozinha.

-Eu consigo sozinha -sua voz não saiu falhada, rouca ou com algum resquício de choro, ela falou firmemente e mordeu o lábio para fingir que não sentia dor na cicatriz da perna ao andar.

-Desculpa, não consigo ver você com dor -me aproximei e a peguei no colo, pegando sua mochila e subindo as escadas rapidamente, o pequeno cachorrinho subindo ao nosso lado, tentando não capotar e cair escada a baixo.

Entre o amor e o ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora