Capítulo 41

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Luna

-E o Carlos que tirou uma foto com aquele policial de dezenove anos que tava lá fora, fez amizade com ele e agora os dois estão saindo.

-Juro que não sabia que o Carlos era gay -roubei uma batata dele e chacoalhei meu copo para ver se ainda tinha chá gelado- Mas nada comparado a aquela menina que acabou com um peixe dentro do vestido.

Eu e o Matheus ríamos nos lembrando da festa de formatura de ontem enquanto terminávamos nosso almoço na praça de alimentação do shopping.

-Já recebeu o seu moletom? -sabia que ele se referia ao moletom da Columbia e os outros presentes que eles mandam para os futuros alunos.

-Sim, tá tudo lá no meu quarto, chegou hoje de manhã, ainda não abri.

-Já sabe quando vai pra lá? Sabe, ver o apartamento, o campus...

-Acho que ainda quero passar um tempo aqui, vou sentir saudade dessa cidade. Mas admito que tenho que ir urgentemente ver o apartamento que minha mãe escolheu, só vi por foto.

-Tenho uma notícia pra te contar -limpou as mãos no guardanapo e pegou o celular, o virando para me mostrar as fotos de um apartamento que era parecido com as que eu havia visto do meu- O que achou de onde eu vou morar? -sorriu e então eu percebi.

-Espera... você... não acredito! -o abracei por cima da mesa enquanto comemorava meio que aliviada por saber que teria alguém por perto lá- Vai mesmo morar no mesmo prédio que eu?!

-Vou, andar de baixo. Incrível, né?

-Que merda é essa?! -ouvi a voz brava do Theo e me separei do abraço, encontrando ele parado ali, com os braços cruzados esperando uma resposta.

-Estamos almoçando -o Matheus disse como algo óbvio.

-Não falei com você, idiota.

-Theo, sem drama -me levanto, pegando minha mochila e tentando o acalmar- Só estamos comendo e conversando.

-Até parece. Vem, vamos embora -agarrou meu pulso e me tirou dali antes que eu pudesse ter alguma reação, deixando o Matheus confuso para trás e me levando para seu carro, por mais que eu tenha pedido para ele parar porque estava machucando meu pulso, justo aquele pulso.

-Qual o seu problema? -disse alto demais quando entramos no carro.

-Qual o meu problema?! Qual o problema daquele cara que não consegue manter as mãos longe de você por um segundo! Pelo amor né, Luna! Ainda acha que o problema sou eu?!

-Sim, se você me arrasta pra fora de um shopping eu tenho certeza que o problema é você!

-Não quero discutir -colocou a chave e ligou o carro, sem olhar para mim nenhum instante quando saía do estacionamento ou quando dirigia pela cidade até meu prédio.

-Não acredito que me tirou de lá daquele jeito -disse irritada enquanto saía do carro, batendo a porta e pisando fundo pra longe dele.

Se aquilo estava se tornando um relacionamento abusivo ou tóxico eu não queria alimentar aquela relação, devia me distanciar o mais rápido possível. Mas parece que não fui eu a primeira a fazer aquilo.

-Eu não tive escolha! -correu até mim a tempo de entrar no elevador.

-Ele é meu amigo!

-Foi isso que você disse antes de ter que escolher entre mim e ele e eu ter quase certeza que escolheria ele!

-Mas eu escolhi você! Não consegue perceber isso? Por que tanta insegurança? -fiz um gesto exagerado, mostrando minha indignação, a porta do elevador se fechando- Por que insiste em brigar por isso se eu escolhi ficar com você? Acha mesmo que eu estou te traindo? Acha que eu faria isso? -saí bufando do elevador que chegou no meu andar quando o Theo não respondeu, minhas mãos desesperadas por acharem a chave na mochila para que eu pudesse entrar no apartamento e abraçar meu filhotinho, fingindo não ter que lidar com mais uma briga que estava se formando.

Entre o amor e o ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora