Capítulo 5

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Luna

Na garagem haviam mais dois carros. Três ao todo, contando com o do Theo. Tinha uma BMW, parecida com a da minha mãe. E o outro carro era um Audi branco, quase como o do Theo, mas o dele era preto. Saímos dali e entramos na casa, que era realmente muito grande, e chique também. Acho que eu fiquei tempo de mais observando tudo ao meu redor, porque ele percebeu.

-Quer ficar aqui analisando a casa ou eu posso te levar pro meu quarto? -ele pergunta, me tirando dos meus pensamentos.

-É que... me lembrou da minha casa em outra cidade, bateu uma saudade.

-Ah, eu não sabia. Onde você morava antes?

-Em Florianópolis, eu vim pro Rio com uns treze anos.

-Algum motivo em especial?

-Trabalho dos meus pais -olho pro chão- A gente pode não falar disso?

-Claro. Vamos subir ou você quer comer alguma coisa?

-O que você sugere?

-A gente pede pizza e fica lá no meu quarto.

-Ótima ideia.

Ele me leva até o andar de cima, que tinham várias portas. Ele entra em uma delas e eu o sigo. O quarto dele era arrumado, pra minha surpresa, tinha uma grande cama, uma televisão maior ainda, guarda roupa, essas coisas de quarto. A decoração era praticamente toda preta, exceto por um quadro de moldura branca com uma foto de uma mulher muito bonita e parecida com ele.

-Sua mãe? -aponto pro quadro e ele afirma com a cabeça- Desculpa, eu não sei se eu posso falar dela ou...

-Relaxa. Já me acostumei -ele senta na cama e me chama pra sentar com ele.

Me sento ao seu lado, com as pernas cruzadas, já que eu estava de vestido. Ele coloca uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e sorri.

-O que foi? -pergunto sem entender.

-Nada. Você fica linda até fazendo nada.

-Vai me deixar com vergonha -olho pra outra parte do quarto- Você tem sorte, eu não consegui até hoje colocar uma foto da minha avó no meu quarto.

-Ela morreu?

-Sim, ela e o meu avô -olho pra ele- Eu tinha dez anos quando aconteceu. Ainda parece que foi ontem.

-Como aconteceu?

-Acidente de helicóptero, eles eram jornalistas.

-Sinto muito -ele segura a minha mão, e quando percebe o que fez, a tira rapidamente.

-Como sua mãe morreu? -pergunto e ele desvia o olhar- Desculpa, eu não devia ter perguntado né? Eu sou uma insensível.

-Não, tudo bem. Acho que é bom se eu falar com alguém sobre isso. Foi durante um assalto, ela entrou na frente da bala que iria me acertar, o tiro pegou direto no coração e ela morreu na hora.

-Parece história de filme.

-É, parece.

-Você viu... viu ela morrer na sua frente?

-Sim -ele fala com a maior naturalidade do mundo.

-Não sei como consegue. Eu no seu lugar, teria pesadelos todas as noites.

-Vamos pedir a pizza? -ele muda de assunto- Do que você gosta?

-Qualquer coisa que não tenha cebola.

Entre o amor e o ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora