Faziam seis dias desde que Ethan entrou na escola. Victória está o rondando, jogando charme incansavelmente, enquanto ele retribui com sorrisos divertidos. Mateus continua se sentando conosco, mesmo que o irmão também esteja. É estranho o clima com os dois na mesma sala de aula, mesmo que Ethan se sente mais próximo de Victória e dos outros garotos.
-- Sophia! -- Isabele estava gritando quando entrou na sala, secando um prato. -- Estou gritando seu nome a um tempão!
-- Eu não estava te ouvindo. -- E eu não ouvi mesmo.
--Ouviria se abaixasse esse som. -- Ela apontou para a TV. Estava passando meu filme favorito. -- Parece que é surda para manter o som nessas alturas! Tem alguém na porta, vá lá ver quem é.
Era sábado pela manhã quando sua mãe veio bater na minha porta, me abraçando e dizendo que sentia minha falta na ONG. Cristina continuava como sempre, com os cabelos louros amarrados no alto da cabeça, e as roupas funcionais de sempre. Ela tinha os olhos azuis que Ethan herdara, o rosto em forma de coração e os olhos sempre doces. Ela era tão alta quanto seus filhos, o que fazia minha cabeça bater em seu ombro, e o corpo sempre em forma, já que ela adorava qualquer coisa que a fizesse se mover. Da última vez, ela estava apaixonada por pilates, depois de se desapaixonar da natação.
Ela queria que eu a ajudasse com o projeto do Dia das Mães que sua ONG estava promovendo, e eu aceitei sem nem ao menos pensar duas vezes. Avisei Isabele que estava saindo antes de entrar no carro de Cristina. Ela pôs para tocar diversas músicas enquanto conversávamos pelo caminho, sempre trocando a música quando se cansava dela, o que acontecia a cada minuto.
Eu deveria supor que ela viria morar por ali. Mesmo morando do outro lado da cidade, sua ONG era mais perto do nosso bairro, o que torna muito vantajosa sua mudança. Ao chegarmos, logo vi que ela melhorara a fachada da ONG. Mudou a cor dos dois andares que compunham a construção, o gramado parecia mais saudável, e a ampla placa que anunciava seu nome estava com maior destaque. Projeto Viver.
Lembro do meu primeiro dia ali. Minha mãe nos convenceu a fazer uma limpeza de verão nos armários, e uma boa quantidade de roupas iriam para o lixo. Então, Isabele anunciou que havia uma ONG ali na região, e era possível que eles aceitassem as doações. Entrei em contato com Cristina, que alegremente me convidou a levar as roupas e conhecer seus projetos. Minha mãe me levou ali, e eu simplesmente me encantei.
Haviam projetos de artesanatos que eram vendidos na feira da cidade, que ajudava na renda de várias mulheres que confeccionavam os artefatos. Tinham também várias atividades para crianças, e uma delas simplesmente me encantou.
Uma pequena biblioteca, cheia de livros infantis dominava o térreo. Era uma sala simples, com paredes brancas e algumas pateleiras e umas poucas mesas e cadeiras, além de vários pufs e almofadas para as crianças se sentarem. A própria Cristina lia para as crianças quando cheguei, e depois de dispensá-las para lerem os próprios livros ou brincarem, ela veio me mostrar as demais instalações da ONG. Voltei ali na semana seguinte, dessa vez sozinha, com algumas sacolas com brinquedos que Laura alegremente se livrou, alegando que já era velha demais para tais coisas.
Cristina novamente lia para as crianças, e como ela estava ocupada, deixei as sacolas sobre uma mesa, e me sentei em uma almofada, com as crianças. Cristina lia com tanta emoção para aquelas crianças, que mesmo as histórias sendo os velhos contos que eu já conhecia, simplesmente fiquei encantada. Depois da leitura, ela deixou as crianças com uma moça, e me guiou até seu escritório. Dei a ela as sacolas, que ela docemente agradeceu, antes de oferecer um café, que aceitei.
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O Som Mais Bonito
RomanceAção. Percepção. Emoção. Esses eram os três pilares da vida de Sophia Bleinn. Houve um tempo em que seu mundo era repleto de cor e forma. Suas mãos viviam sujas de tinta ou grafite, seus cadernos cheios de esboços. Suas camisas preferidas pareciam u...