Agosto de 2014, Londres > Johnny

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- Ei John, hoje precisamos finalizar a décima faixa você sabe, o pessoal do marketing eles não querem mais desculpas e muito menos se compadecem porque hoje é o dia da sexy girl, estamos atrasados com a divulgação por conta desta faixa!

- Sexy Girl? Isso é código para quê Rick?

- AH não se faça de desentendido, hoje é aquele dia, o dia em que você fica atormentado, por causa de uma certa gata de Londres. Esquece irmão faz seis anos e nem paradeiro dela. Sua busca não deu em nada.

Meu irmão fica louco com essa estória. Ele sabe que ela ainda mexe comigo. Ok.  Confesso! MEXE MESMO. Não é pra menos. Ela me inspirou em todas as composições, ok se não todas foi na maioria delas durante esses seis malditos anos. Impossível passar por todos estes 18 de agosto e não me lembrar dela. Ela faz parte de mim, musicalmente está nas minhas veias.

-Irmão, você sabe ela está mais para gata latino-americana do que gata de Londres, eu te falei inúmeras vezes ela também falava português e com muita fluência. –  eu o lembrei.

-Sim eu me lembro disso, além de sexy e linda como você me descreveu é inteligente! Que pena que você deixou essa gata escapar hein mano?! – Ele adorava me provocar - Aposto que você já olhou a foto que guarda em sua gaveta “preciosa” umas trinta vezes só nas últimas 4 horas. – Rick cutucou com aquele olhar de “Meu irmão você é um imbecil”

- Eu realmente não sei do que você está falando – Eu Menti.

- Está certo, então não vou dizer o que encontrei no Brasil, informações quentíssimas!

- Me diga agora! – Rosnei e em seguida ele gargalhou em alto e bom som.

-Não disse?! Você precisava ver a sua cara. Eu prometo que no próximo ano eu gravo sua cara de menino apaixonado e esperançoso. – Ele gargalha sem dó nem piedade

– Você realmente tem prazer na desgraça alheia não é Stormy? – Agora foi minha vez de provocá-lo. Ele odiava esse apelido desde a primeira vez que me ouviu chamá-lo. Mas convenhamos era apropriado para ele. Eternamente o tempestuoso da família. No entanto o amava na mesma proporção imponente de uma grande tempestade. - Não me faça ir até aí te dar uma surra moleque abusado! – Brinquei me fazendo de furioso

- Tente a sorte! Cai dentro! – Ele me provocou novamente. Esse moleque estava atrevido mesmo! - Me dedico muito mais na academia do que você ultimamente. – Ele se exibiu estufando o peito e flexionou os braços em cima da mesa mostrando os novos músculos.

 - Você não se dedica nada, o nome disso é Esteróides! – cuspo as palavras. Sei que isso o irrita.

- Aqui não tem bomba cara, tem é disciplina e muito treino, seu relaxado. – ele devolve irritado. No Alvo! Pronto consegui irritá-lo, não resisto e começo a gargalhar. Ele se levantou e  já espero o contra-ataque.

- Ah quer saber, fica ai com a sua sessão nostalgia eu tenho que ir, irei me encontrar com os patrocinadores do show em Sydney. AH! E amanhã chegam os novos integrantes da equipe de design e marketing da gravadora. Você tem que estar presente nesta reunião. Não posso e não quero estar sozinho. Você lida melhor com novos contratados, é bem mais paciente para ensinar e explicar os projetos do que o Stormy aqui ok? - Finalmente ele se rendeu.

- Ok. As duas horas em ponto estarei na gravadora. Feito! - Afirmei e pisquei para ele. Me pareceu feliz em me ouvir falar que dessa vez eu não fugiria de uma reunião. Eu voltei meu rosto para a janela da minha sala e avistei o pôr do sol a caminho, eu gosto muito de assistir se possível todos os dias. E algumas vezes inclusive nessa época do ano pego-me perguntando onde ela estaria, o que deve ter feito de sua vida? Talvez construiu uma carreira, se casou e teve filhos. Meu palpite é que ela realmente seja do Brasil, mas aquele país é enorme! Minhas buscas por lá nunca deram em nada. Também minhas pistas eram escassas. Se ao menos eu soubesse o sobrenome dela seria mais fácil. Até reconhecimento facial eu obtive acesso para vasculhar todo lugar público naquele país e nada. Possibilidades extraordinárias da modernidade, afinal existem câmeras em todos os lugares públicos. Até em redes sociais eu me aventurei. Absolutamente nada, nada foi encontrado. A única coisa que eu sei é que depois de alguns anos consegui tirar uma informação importante de gerentes do hotel,onde me revelaram que na mesma época hospedaram-se 3 grupos brasileiros de formandos. Mas as reservas estavam nos nomes de seus professores que eram de Curitiba no Paraná. Eu fui atrás dos professores por telefone, mas nenhum professor residia mais em Curitiba e não consegui mais dados para onde eles se mudaram. As pistas acabaram-se ali. Eu também não queria causar alvoroço sendo apontado como perseguidor ou chamando atenção para um caso tão particular como aquele. Eu tinha que ir com calma, para não levantar muitas suspeitas. Eu tinha amigos detetives que estavam atentos para qualquer pista. Então, depois que descobri á dois anos que ela ainda poderia estar em Curitiba, enviei alguns amigos para lá para realmente levantar algumas informações. Um casal de amigos foram chamados para trabalhar em uma empresa de urbanização por lá, e aproveitei para inseri-los na busca pela “Garota de Londres” como eu a chamo regularmente. Meus amigos, eles tem muita paciência comigo, e sou agradecido por tê-los em minha vida. Não vou mentir, tive alguns relacionamentos nestes últimos seis anos. Nada de muito especial, mas uma em particular me fez feliz, eu estava disposto a investir em algo á mais finalmente. No entanto ela me pediu para queimar a única foto que eu tinha da garota que mexeu comigo após um término catastrófico. Não posso culpar Melinda. Ela me deu um ultimato, me pediu para escolher. Mas eu não consegui, como eu conseguiria apagar uma chama dentro de mim que me fazia me sentir vivo e que me trazia inspiração? Então Melinda me deixou.  Eu sei que isso me acompanha, sei que é muita coisa para alguém carregar junto comigo. Sei que é constrangedor e um fator causador de ciúmes para a mulher que se relaciona comigo.  Mas o sentimento é meu, só meu e eu realmente espero que um dia Deus me dê a alegria de reencontrá-la. Já fui religioso na minha infância, mas depois da morte da minha mãe, tudo mudou. Só que a ironia estava bem aí, depois do encontro com a “Garota de Londres”, eu encontrei uma fenda na minha Armadura.

A Garota de Londres - Série Garotas do Brasil - Livro 1  [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora