A Garota de Londres - Série Garotas do Brasil - Livro 1 [Completo]

Três semanas para esquecer... > Lindy

-Mãe, sem essa. Irei com você sim. Não venha com essa histórinha de "não se preocupe", "já sou grande sei me cuidar". Você é minha mãe é claro que irei te acompanhar na consulta com o médico. Estive fora por tanto tempo. Agora é minha vez de cuidar de você sua enfermeira volta ao trabalho hoje. Não é Pammy?

-Mami postiça sua filha está certa. Ela não irá desgrudar de você nem por um segundo agora que está aqui em casa. Aproveita! Quem é que vivia reclamando que sentia uma falta danada da pequena aqui? E se quer um conselho de uma profissional da área? Você passará por um tratamento longo e importante. Carinho e cuidado nunca é demais. Viu dona Hellena teimosa.

-Eu sei meninas obrigado. Mas é que não estive nessa posição por tanto tempo. Há anos cuido de tudo. Casa, filhos, marido e filhos de coração. Não estou acostumada a receber tanto cuidado. É só isso. Obrigado meninas, obrigado pelo carinho. - Minha mãe disse com os olhos cheios de lágrimas.

Uma semana depois que cheguei de Londres, ela me contou que chegaram seus últimos exames e foi constatado que ela estava com uma leve gastrite e tinha um nódulo no seio esquerdo. Mais alguns exames naquela semana e constataram câncer de mama. Eu me perdi completamente naquela situação. Tudo ao meu redor estava desmoronando tão rápido. Eu estava em Londres cuidando da minha vida profissional e pessoal. Enquanto ela estava aqui precisando de mim. Ela saiu de casa, iniciou o processo de divórcio mesmo meu pai irredutível e pedindo para ela voltar, implorando e promentendo que seria o homem por quem ela se apaixonou novamente. Mas minha mãe o ignorava, ela sofreu demais com ele esses anos todos, ele teve sua chance e deixou escapar. Logo em seguida, ela foi diagnosticada. Eu fui decepcionada pelo homem que eu amava, voltei ao Brasil. Nos mudamos para um apartamento só nosso em questão de uma semana. Que bela dupla fazíamos. O importante era que estávamos juntas. Isso sim valia cada segundo.

-Linda! Linda! Corre aqui você tem que ver isso! - Ouvi a voz da minha vó ecoando pela sala. Nós três saimos do quarto e fomos para lá. Cheguei e minha vó estava aumentando o volume da Tv.

No canal do GNT estava passando um programa matinal do reino unido. E eu vejo Johnny sentado no sofá do programa dando uma entrevista aos apresentadores do programa.

- Vó francamente. Não quero vê-lo nem que seja pela televisão. Vocês sabem que tenho evitado o mundo musical ao máximo possível.

-Não filha, sente-se e preste atenção. Sua vó sabe o que faz.

Eu sentei contrariada. mas sentei e elas me acompanharam. Minha vó ficou ao meu lado e pegou na minha mão. Eu a olhei bem fundo nos olhos e me esforçei para sorrir. Voltei a atenção para a tv.

-Johnny... e quanto a sua tournee? Quando sera o próximo show do album novo?

-No momento dei uma parada. Hoje estarei viajando para resolver umas coisas pessoais, mas no próximo mês estarei em Istambul. Será emocionante com certeza.

-Ficamos sabendo nas últimas três semanas, que sua namorada teria voltado ao Brasil. Sei que você não fala muito de  sua vida pessoal. Mas vocês ainda estão juntos?

-Ah... Humm. - Ele titubeou um pouco e desviou o olhar para suas mãos. - Eu diria que no momento estamos na zona da amizade. Eu cometi um erro. Estamos no meio de um mal entendido. E...

-Mal entendido uma ova! Ele dorme com a ex e quer que eu trate isso como um mal entendido? Basta tô saindo.

-Fique aqui! - ordenou minha mãe olhando-me firme e me fez sentar novamente. Eu obedeci. -Veja e ouça até o final. O que perderá fazendo isso?

-Molly vou ser sincero. A próxima música é dedicada á ela - Continuou Johnny e pegou o seu violão e posicionou-se para tocar. Pegou um papel desembrulhou-o e começou a ler.

Suas palavras... "Eu sei.. eu sei memórias é sobre rompimento. Mas para mim não é só de um relacionamento. Para mim é o rompimento de barreiras, regras, é a busca do por que da reavaliação de atitudes. E espero que quando algo ficar entre nós. Possamos ter a sabedoria para não deixar nada acabar com o nosso amor. Mesmo que tudo se torne extremamente difícil. Se eu vacilar ou não querer escutar. Lembre-me de minhas palavras. Estarei te esperando. Eu te amo."

A música que irei cantar chama-se "Creo en Ti" é da banda Mexicana Reik. Ela traduz verdades...  Fiz uma versão em português...Espero que gostem.

Não importa cada noite que esperei
Cada rua ou labirinto que cruzei
Porque o céu tem conspirado a meu favor
E a um segundo de me render te encontrei

Pele com pele
Meu coração se desarma
Você me faz bem
Acendes luzes na minha alma

Creio em você
E neste amor
Que me fez indestrutível
Que deteve minha queda livre
Creio em você
E minha dor ficou kilometros atrás
E hoje os meus fantasmas estão finalmente em paz

O passado é apenas um pesadelo que acabou
Um incêndio que em teus braços se apagou
Quando estava a meio passo de cair
Meus silêncios se encontraram com a tua voz

Te segui e você reescreveu o meu futuro
Aqui é o meu único lugar seguro

Creio em você
E neste amor
Que me fez indestrutível
Que deteve minha queda livre
Creio em você
E minha dor ficou kilometros atras
E hoje os meus fantasmas estão finalmente em paz

Ele terminou a música com aquela sonoridade rouca. O violão dele parecia que chorava por mim, chamando meu nome. E sua voz aaaaaah como ela ainda mexia comigo. Eu não aguentei, me levantei e fui chorando para o meu quarto. Não ouvi ninguém... só ouvi uma das apresentadoras falando.

-Johnny Finlay Senhoras e Senhores... Johnny Finlay. E palmas acaloradas a acompanharam

-Pegamos pesado com ela mamãe? - Ouvi minha mãe perguntando á minha avó antes de abrir a porta do meu quarto.

-Não minha filha... ela precisa saber, a vida é curta. E histórias inacabadas é literalmente isso... acaba conosco. Eles precisam se encontrar novamente. Precisam ter uma conversa franca. Um moço que interpreta e sente a música assim direto da alma não é um cafajeste. Tem algo aí e precisamos descobrir o que é.

Depois de ouvir minha vó fechei a porta com força. Caí em minha cama e me entreguei novamente ás lagrimas. Era só o que fazia desde que voltei de Londres, na maioria das vezes sozinha. Mas eu chorava. Em três semanas.Tudo desmoronou. Foram as três semanas mais longas e torturantes da minha vida. Eu sobreviveria? Não sei, mas eu lutaria. Sou dessas eu luto, me defendo e recomeço de novo.