01 | OUTRO LUGAR

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"Um passo sem pensar, um outro dia, outro lugar

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"Um passo sem pensar, um outro dia, outro lugar."
Natasha - Capital Inicial


O ônibus ultrapassava a entrada da pequena cidade de interior e eu sorri, sentindo o ar fresco entrar por minhas narinas após uma longa temporada na caótica capital, Belo Horizonte. O trânsito daquele inferno era imenso e as pessoas eram loucas, andando rapidamente de um lugar a outro. Meu último emprego como garçonete em uma lanchonete me rendeu algum dinheiro e pude ir embora quando enjoei daquele lugar.
Eu era praticamente uma andarilha, nunca criava raízes ou passava muito tempo em um só lugar. A parte boa é que eu tinha amigos e conhecidos nos quatro cantos do país, a parte ruim é que isso pode ser solitário, principalmente no começo de uma nova estadia. Mas eu não me preocupava com isso, pois eu gostava da solidão, ela me abraçava sempre como uma ótima amiga.

Desci na rodoviária e ajeitei minha mochila nas costas assim como segurei firme uma pequena mala em minha mão. Rumei então para explorar o local. Entrei em uma lanchonete e sorri para o velho senhor que estava no outro lado do balcão.

- Boa tarde. – me saudou e eu assenti.
- Boa tarde. Eu vou querer um pastel e um suco de laranja, por favor. – pedi.
- Claro, menina. – ele colocou o pastel em um prato e preparou o suco, enquanto eu sentava-me a uma mesa. – Aqui. – minutos depois ele colocou a comida na minha frente.
- Obrigada. – mordi o salgado, degustando seu sabor. Eu estava com fome. – Tem alguma pousada, albergue, hostel ou algo assim por aqui? – sondei. Precisava de um local para ficar pelos próximos dias.
- Você quer um lugar baratinho para ficar? – perguntou, passando um pano no balcão, enquanto eu assentia.
- Isso mesmo. – confirmei.
- Olha, minha sobrinha tem um hostel simples, ele fica no fim dessa rua, logo na esquina. Chama-se Hostel Aconchego. – indicou. – É pequeno e singelo, mas garanto que a moça será bem recebida.
- Isso é ótimo, não estou procurando luxo. – lhe sorri.
- Pode ir até lá. – me incentivou. – Pode dizer que foi o tio Tuca que indicou, ela vai te dar um descontinho extra. – piscou o olho.
- Tio Tuca. – sorri de seu apelido. – Obrigada, de verdade.
- Não por isso, menina. Então, o que veio fazer aqui? De onde você é?

Eu ri, porque estava ali sem saber o por que, só queria conhecer o lugar. E eu não podia falar de onde eu era, apesar de terem se passado cinco anos que eu não pisava em Florianópolis, ainda tinha receio do meu pai me encontrar.

- Vim procurar emprego, na minha cidade está difícil. – suspirei, inventando a desculpa. – Sou de Buenópolis. – falei o nome de uma cidade qualquer que eu lembrava de ter passado durante a ida até ali.
- Oh, entendi. Espero que consiga algo, menina. Aqui é interior, mas tomara que tenha uma oportunidade para você.
- Eu também espero.

Comi ainda mentindo, falando que meus irmãos haviam ficado na cidade com meu pai solteiro que trabalhava demais e eu queria ajudar, por isso estava ali. Eu virei uma especialista em mentir, às vezes até chorava para dar ênfase na atuação, principalmente quando me empolgava. Estava pensando seriamente em seguir a carreira de atriz, principalmente após o breve curso de teatro que fiz em São Paulo na minha estadia de seis meses por ali.

- Vou indo, tio Tuca. – agradeci, levantando-me. – Quanto lhe devo?
- Esta é por conta da casa, menina. – ele me sorriu calorosamente. – Espero que tenha sucesso.
- Obrigada, tio Tuca. – sorri, agradecida. – O senhor é muito bom.

Ele acenou e eu saí. Infelizmente isso acontecia às vezes, eu não gostava de abusar da boa vontade dos outros, mas era reflexo, querendo ou não, das minhas histórias inventadas em conjunto com a minha simpatia. Eu já fui órfã, já morei com uma avó doente, já tive que cuidar de meus irmãos pequenos... Eu já fui tanta gente que não dava para contabilizar.

Arrumei as minhas coisas e segui andando até o hostel como o agradável senhor havia me indicado e ali fui bem recebida por uma simpática mulher.

- Boa tarde. Vim a partir da indicação de tio Tuca. – informei quando me aproximei, sorri para ela, que correspondeu ao ato.
- Boa tarde. Meu tio é mesmo ótimo.
- Ele é sim. – confirmei.
- Eu sou Marília, seja bem vinda ao nosso hostel. Trabalhamos com diárias, servimos o café da manhã incluso no valor. Tenho quatro quartos vagos, dois compartilhados e dois individuais. Você já sabe quanto tempo vai ficar?
- Não. Você pode deixar em aberto?
- Sim, mas preciso de prestação de contas a cada cinco dias, tudo bem para você?
- Ótimo. – assenti. – Eu vou querer um quarto individual mesmo.
- Tudo bem, como queira. Eles são um pouco mais caros que os compartilhados, mas indicação do tio Tuca tem desconto.
- Assim eu gosto ainda mais. – sorrimos uma para a outra. – Bom, estou um pouco cansada da viagem, poderia me indicar o quarto?
- Claro. Só vou precisar preencher logo sua ficha e estará livre. Pode me emprestar um documento?
- Certo.

Abri minha mochila e logo alcancei minha carteira, lhe entreguei minha identidade falsa e ela preencheu minha ficha, me informando o valor da diária e após isso, me entregou as chaves e indicou o quarto 14 para mim. Após assinar alguns papeis, ela me mostrou onde eu ficaria e desejou tudo de bom.
O quarto era pequeno, composto por uma cama, uma cômoda e uma pequena estante, mas tudo estava bem arrumado e limpo. O banheiro era compartilhado e ficava no final do corredor. Deixei minha mochila e mala no chão, deitei na cama e fechei os olhos. Era confortável e eu não me importava muito com luxos nem nada do tipo. Em uma das minhas andanças até cheguei a dividir um apartamento com uma garota de programa, Lúcia, no interior do Pará, ela virou uma amiga e eu sempre lhe mandava notícias. Ri da lembrança e em algum momento caí num sono profundo, sendo abraçada pela inconsciência.

Acordei naturalmente e notei que já estava escuro, eu realmente estava precisando de um descanso. Levantei e procurei na minha bolsa minha toalha e a saboneteira, peguei uma roupa também e saí do quarto, indo em direção ao banheiro que não estava ocupado, felizmente. Marília comentara que apenas cinco pessoas estavam hospedadas ali. Tomei um banho relaxante e após alguns minutos saí do chuveiro, vesti minha roupa e estava fora do banheiro após secá-lo rapidamente com o rodo. Saí em direção ao meu novo quarto e coloquei a toalha molhada em cima de uma cadeira que havia ali. Peguei minha bolsa após conferir o dinheiro e fechei o quarto.
Durante a noite era sempre a melhor hora pra conhecer qualquer lugar e eu precisava olhar minhas possibilidades para conseguir dinheiro e quanto tempo ficaria por ali.

- Vai ver algum lugar para comer? – Marília perguntou na recepção quando me viu.
- Vou dar uma volta. – dei de ombros.
- Ok. Você vai gostar, aqui é legal.
- Tem algum lugar para me indicar?
- Bom, há alguns bares, pubs e lanchonetes próximo à praça do centro, é há uns dois quarteirões daqui. É bem movimentado a essa hora da noite, principalmente por hoje ser sexta feira. Vai ter show de uma banda em um dos pubs. – me informou. Ela parecia estar por dentro de tudo.
- Vou dar uma olhada. – assenti, sorrindo.
- Caso a porta esteja fechada quando voltar, tem uma cópia da chave da porta da frente no molho que te entreguei mais cedo. – instruiu.
- Está bem. Até mais.

Por fim saí do hostel em direção ao local indicado por Marília, parecia ser o lugar mais badalado da cidade e eu estava sedenta por um pouco de diversão.

Por fim saí do hostel em direção ao local indicado por Marília, parecia ser o lugar mais badalado da cidade e eu estava sedenta por um pouco de diversão

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Advinha quem não aguentou esperar e trouxe o primeiro capítulo para vocês!!!!!!
Gente, espero que gostem. Não esqueçam de comentar, por favor! Nem de curtir o capítulo!

Big beijos ❤

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