— Acho que vi a lanchonete perto da igreja. Lá estão precisando de garçonete. – Luna me disse, deitando na minha cama.
A menina realmente havia me conquistado, eu precisava admitir. Seu jeito mais fechado e irônico não me impediu de ver a garota sensacional que ela era por baixo da casca. Lavínia sempre me dizia que eu tenho o dom de cativar as pessoas, que me encaixo em qualquer lugar, no fim das contas acho que ela não estava muito errada.
— Vou lá então. – lhe respondi. – Tentar uma vaga.
— Isso quer dizer que vai ficar mais um pouco por aqui? – quis saber com uma voz repleta de expectativas.
— Sim, gostei da cidade. – dei de ombros.
— E do Lucas. – me encarou.
— Sim, do Lucas também. – acabei rindo. – Mas isso é só um detalhe.
— Mel, ele está doidinho por você, nunca vi esse menino assim por ninguém.
— Assim como? – de repente o assunto me interessou.
— Ele chegou ontem em casa assobiando e rindo. – meneou a cabeça. – Dormiu aqui, não dormiu?
— Bom... Sim. – falei em desdém e me virei para me olhar no espelho. – Mas nada de outro mundo.
— Para ele foi, supostamente. E te conhece há o que? Uma semana?
— Mais ou menos isso. – assenti. – Mas é encantamento barato, Luninha, logo logo isso passa, eu conheço!
— Só quero ver. – ela riu. – Te conheço pelo mesmo tempo e te acho muito legal, realmente gostei de você, Mel.
— E eu de você, querida. – sorri, aproximando-me da cama. Ela sentou e me sorriu também. – Você tem um sorriso bonito, deveria fazer mais isso.
— Só quando tem motivos. – deu de ombros.
— Você não estuda não, guria? Sei que acabou o ensino médio, mas não tem o enem e tudo mais?
— Já passou, Mel. – riu. – Foi há três semanas. – deu de ombros. – Agora é só esperar.
— Entendi. – assenti. – O que você quer fazer da sua vida, já sabe?
— Ainda não tenho certeza. – murmurou. – Queria passar para uma universidade longe daqui e viver a minha vida, mas não é possível, eu dependo do meu irmão.
— É ruim ter que ficar presa num lugar, não é? – perguntei e ela assentiu. – Eu te entendo perfeitamente.
— Você também tinha um irmão que era um merda tomando conta de você, mas que amava mesmo assim? E que morava com mais dois caras merdas, sendo um deles o maior embuste do mundo?
— Bom, não. – acabei rindo. – Mas sei como é se sentir presa por algum motivo. Eu tinha tua idade quando fugi de casa.
De repente os olhos verdes ficaram imensos quando ela me encarou levemente espantada, o que me fez gargalhar. A boca abriu-se por um instante, mas logo foi fechada.
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Perfeitamente Errados
RomanceAs escolhas de hoje, definem o amanhã. Melina tinha dezessete anos quando conheceu os efeitos de um coração partido. Impulsiva e totalmente sem rumo, ela decidiu ir embora de Florianópolis, deixando tudo para trás, em uma tentativa de esquecer o que...