59 - Amanheceu

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Acordei e ela não estava ao meu lado, fingi, devagarinho rolei entre os lençóis pra lhe encontrar, o frio do vazio tomou conta do meu coração assustado.

Meus sentidos com ela acostumados, se perderam na ilusão dos dias bons, e aos poucos a realidade tomou conta de mim, eu no amanhecer sem ela.

Não mais o seu despertar, o seu cheiro e suas mãos a me procurar, não mais seus murmúrios de menina manhosa, não mais as brincadeiras de dois amantes.

Meus dias sem ela perderam a cor, naufraguei sem seu amor, me restam uma cama vazia, um travesseiro abandonado e meu corpo abatido, largado.

Ela era tudo que eu tinha, meu despertar nunca mais será uma festa, levantar sozinho é o que me resta. Mergulhado no silêncio dos meus pecados, procuro meu amor.

Agora vou recolher o que restou, acordar desse sonho que tão pouco durou, me rever, aos poucos a perdi, achei que era muito, o pouco lhe dei, acordei.


Autor
Ademir de O. Lima


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