84 - Cinzas

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Achei que era impossível, mas aconteceu, não estava curado e meu coração outra vez brincou. Eu não queria mais sentir aquela terrível dor, aquela que te faz ficar de joelhos, te matando aos poucos.

Eu não queria, mas ela me pegou, uma loucura que tira o apetite, rouba teu sossego e faz os olhos perderem a cor, te enche de medo, te joga num canto e não te deixa dormir, afoga lentamente.

Já era, não adianta correr, não da pra fugir, ela arranca pedaços, você grita, chora, pensa em desistir, se esconder, jura que nunca mais, fecha os olhos e faz de conta, mas sabemos que não é assim.

Sigo sem destino, olhando pra um céu sem cor, pra flor que a mentira despetalou, preso num atoleiro de ilusões, nas mãos, um punhado de sonhos perdidos, amar, já não é mais pra mim, pensei que seria diferente.

Eu sei, será assim, vai doer por um bom tempo, quem sabe, pareça não ter fim, dizem que o amor é assim, queima no começo, arde no fim, que seja assim, vou queimar, arder se preciso for.

Achei que era impossível, mas ela outra vez me acertou, fingir não dá, ela chegou, rindo me abraçou, disfarçada, meu coração sangrou, a dor, ela, aquela que todos chamam de amor, em cinzas me deixou.

Autor
Ademir de O. Lima


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