69 - Minha Dor

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Eu e ela correndo de mãos dadas pelo jardim, era sempre assim, se eu não estava, pra ela era o fim. Se ela não estava, o mundo ficava triste pra mim. Ela e eu éramos assim.

O tempo suavemente nos levou, vivemos a inocência do primeiro amor, o primeiro beijo, a saudade desabrochando em flor, o desejo do dia nunca acabar, a tortura de ir dormir.

Ela e eu em todo lugar, com ela aprendi a rezar, pular corda, na chuva brincar, joelhos ralados, a conta perdi. Nosso amor crescia, a vida em cores seguia, aprendi que a saudade doía.

Reuni minhas moedinhas, em segredo um ursinho comprei, o primeiro presente que a ela dei. Seus olhos eram pura luz, senti o tum-tum do seu coração, o mais apertado abraço ganhei.

Ela era festa pro meu coração, linda com sua franjinha, rebelde com suas trancinhas, ela me amava, em mim ardia. Atravessei a rua, não vi, tudo acabou ali, não estava mais em mim, parti.

Daqui, a vejo com o ursinho na janela a me esperar, a saudade lhe consumir, nas noites, por mim a rezar, as lágrimas inocentes caindo, doem em mim, tinha que ser assim. Daqui cuido dela, de lá, ela não esquece de mim.

Autor
Ademir de O. Lima


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