Capítulo 3

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  Eleanor estava acostumada a acordar naturalmente com a luz do sol em seu rosto, mas naquela manhã, Stuart o gato de Cassandra foi quem interrompeu o sono profundo da dama, que descansava demasiadamente da árdua faxina e organização na casa da am...

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  Eleanor estava acostumada a acordar naturalmente com a luz do sol em seu rosto, mas naquela manhã, Stuart o gato de Cassandra foi quem interrompeu o sono profundo da dama, que descansava demasiadamente da árdua faxina e organização na casa da amiga na noite anterior. Pesava sobre as suas costas o felino, enquanto seu miado estridente e desesperado por comida ecoava no quarto.

   Ela se levantou devagar para que o Bichano descesse de suas costas e coçou os olhos. Abriu a janela como de costume e fechou os olhos respirando fundo, sentindo a luz aquecer seu rosto, quando foi interrompida por um estrondo vindo da cozinha, acompanhado por alguns gritinhos da amiga.

  Foi até a porta depressa e quando abriu, deu de cara com Cassandra, segurando panelas, copos e pratos, com quase todas as partes que seu corpo permitia, pois aparentemente a pequena prateleira que segurava os itens tinha se rompido.

  Ela correu para ajudar a amiga com um leve riso entalado em seus lábios. Cassandra percebeu que a amiga queria rir e revirou os olhos sorrindo:

— Da próxima vez, deixo-te sem café da manhã! —  Ela agora estava apoiada na mesa, recuperando o fôlego, enquanto Eleanor guardava todos utensílios em outro armário.

— Engraçado, se não fosse o Stuart, tu terias partido-te toda com os teus pratos — Ela sorriu e retomou o café que Cassandra fazia

— Obrigada por me ajudar a desempacotar tudo Eleanor, por mais que você tenha pregado a prateleira mal — Ela riu e começou a arrumar a mesa

— Essa parte lembro-me muito bem que fostes tu que prendeste Cass  — Ela sorriu e pegou o bule que coava o café, levando até a mesa, as duas se sentaram e começaram a comer.

—  Vai até a Feira hoje? —  Cassandra disse enquanto degustava um pedaço de pão

— Claro, trabalho todos os dias lá, inclusive, os tinhos devem estar a me procurar — Ela se servia com o café —  Vai até a guarda se alistar hoje?

— Na verdade não, Darei um tempo nisso, acho que tentarei arrumar um lugar para ganhar alguns trocados —  Ela sorriu

—  Tu podias me ajudar na feira, O que acha?— Eleanor sugeriu — As vezes não consigo atender todos os clientes com tanta agilidade

— Não quero te atrapalhar em nada Elanor... se for incomodar você é melhor qu.... — Eleanor interrompeu a amiga, se levantando enquanto dava uma última mordida num pedaço de pão e foi até a amiga, esticando os braços para que se levantasse:

—  Você não atrapalha em nada bobinha. Vamos, estamos atrasadas—  Ela sorriu e Cassandra envolveu a amiga num abraço, as duas terminaram de comer e saíram, rumo a feira.

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Virginia abriu os olhos preguiçosos devagar, e deu uma leve esticada no corpo. Não demorou muito para encontrar com os olhos do amante moreno, que a fitava com atenção, sorrindo. A alteza então, pulou da cama, envolvida no lençol da cama e expressou sua indignação:

—  O que você ainda está fazendo aqui?

Lancelott fechou a cara, Franziu as sobrancelhas e em seguida arqueou uma delas:

—  Como assim Virginia? Nós....

—  Esquece-nos! Imagina se alguém nos apanha dessa maneira Lancelott! Anda! Veste-te e sai daqui! — Ele revirou os olhos, levantou da cama devagar e sem muita preocupação em exibir seu bem composto corpo. A mulher caminhou rapidamente até o banheiro e antes de entrar exaltou a voz:

—  Rápido!

   O homem sorriu com tamanha braveza de sua companheira e balançou a cabeça negativente. Vestiu a camisa e passou a mão rapidamente pelos cabelos negros. Pegou sua calça jogada no chão e saiu rumo a porta ainda a vestindo, Quando uma das criadas que ali passavam o avistou. Lancelott sem dar muita bola fechou a porta do quarto e saiu.

   Virginia saiu do banheiro com o vestido preto que usava com mais frequência e desceu para a sala de jantar. Seu pai ainda estava no andar de cima, mas, em compensação, alguns criados ali estavam, porém, foram completamente ignorados por Virginia. O rei então, desceu em poucos minutos, juntou-se a filha à mesa para iniciarem juntos, a primeira refeição do dia.

— Anunciarei ao povo hoje verdadeiramente e unicamente a situação em que o reino de Montesburgo se encontra e preciso que esteja comigo no momento do comunicado oficial. Vais estar a comparecer a cerimônia?

Virginia engoliu seco, tomou uma golada de seu suco e balançou a cabeça

— Estarei para ti, meu pai, pois será uma tarefa difícil!

As palavras que Virginia dissera eram extremamente fantasiosas. Não considerava uma tarefa difícil, mas sim humilhante. O pânico da princesa crescia demasiadamente só de pensar em humilhar-se publicamente, declarando a sua própria miséria, E sua mente fervilhava em alternativas para safar-se da possibilidade de tornar-se plebéia.

O pai porém, não percebera o desconforto da filha, sorriu rapidamente e limpou a boca saindo da mesa. A alteza fitava o nada, com certo ódio em seu olhar. Os criados então, limpavam a mesa, com Virginia ali, estática, sem acreditar no que viria a seguir.

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Eleanor estava terminando de vender algumas frutas para uma bondosa senhora da Vila, quando um mensageiro se infiltrou na grande multidão que ali estava. Subiu em alguns caixotes, elevando seu nível em relação aos demais e abriu o papel que carregava em mãos, recitando:

— Caros aldeões, é com grande pesar que vos informo, que o reino de Montesburgo, e todos seus distritos, sendo eles, Valle Nevado, Convales Cristalinos, Monte Floral, Serra Constelada, Lago donairoso e Bosque Eclipsado, passarão por uma árdua fase de escassez econômica, por falta de minérios encontrados nos Convales para exportação. O rei Sebastian Vettel sugeriu que todos mantenham a calma que brevemente medidas serão tomadas para que o reino retome sua atividade normal.

   Eleanor assistia todo o discurso encostada na sua banca da feira repleta de frutas. Observava cautelosamente a movimentação do mensageiro que tentava passar na multidão que o vaiava e seguia para as redondezas do castelo, berrar por maiores explicações. A pobre dama se desanimou ao olhar sua banca, que além de estar cheia de frutas, Os potes de biscoitos de sua tia, permaneciam intactos.

—  Eleanor, isto foi só um dia mau! Não te desencoraje, prometo que vais vender todas as tuas frutas, flores e biscoitos como sempre fizeste! —  Cassandra apertava seus ombros enquanto a dama suspirava segurando uma maçã.

—  Espero que tenhas razão Cassandra!

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A multidão desesperada, gritava e protestava na porta do castelo. O rei Sebastian tentava acalmar a todos aqueles aldeões revoltados, com um discurso de tranquilidade que caia em inutilidade naquele momento. Enquanto Virginia, que havia prometido presença a seu pai naquele cenário de desespero, Assistia ao espetáculo, da janela do seu quarto sem nenhum pingo de compaixão, já que a sua dignidade permanecia intacta, longe de quaisquer ameaça a seu espírito egocêntrico.

A dama das floresOnde histórias criam vida. Descubra agora