Eleanor adorava as festas de fim de ano, particularmente o Natal. Se engana quem pensa que as tradições: natalinas e "ano-novescas", são de poucos anos atrás. A ruiva enfeitava sua casa de ponta a ponta, e todos os aldeões procuravam fazer o mesmo. Vira e mexe alguma árvore do reino aparecia desenfeitada, mas a bondosa garota fazia questão de dá-la alguma cor.
Valle Nevado, era com certeza o distrito mais bonito de todos nessa época do ano, Pois, como nomeia-se, todos as tardes do dia 24, a neve começava a cair, e quando anoitecia, o Pátio e as árvores estavam cobertos com flocos de neve. E os telhados também. Algumas crianças caprichavam nos bonecos de neve, enquanto outras desciam de esquimó alguns morros do gelo fofo.
Por outro lado, Virginia, não fazia questão alguma de participar das comemorações, mas seu pai, a fazia sempre mudar de idéia, lhe dando um novo vestido de seda, ou alguma jóia nova.
Naquela tarde, enquanto tia Cida preparava a ceia, Eleanor enfeitava o topo da árvore central. Isto mesmo, os aldeões se reuniam para decorar um pinheiro, no centro do reino, todos os anos. Com pinhas, laços de fita e bolinhas de algumas pedras encontradas no riacho de Cristalin, nos Convales Cristalinos.
Os aldeões também se reuniam na praça central para a grande ceia. Era uma noite de verdadeira festa.
Nevava pouco e todos estavam vestidos com lindos casacos, toucas e botas. Eleanor estava vestindo um lindo casaco com touca brancos, de pelugem alta, Botas de couro pretas e lindas luvas, também de couro preto. Alguns aldeões limpavam as calçadas com uma pá, e outros aqueciam seus instrumentos musicais para a noite.
Virginia observava tudo pela janela enquanto algumas criadas preparavam seu vestido para a grande noite. Era azul marinho de mangas compridas e robustas para combater a noite fria.
Assim como os aldeões se juntavam, Os reis e rainhas também. Preparavam um banquete em um dos reinos vizinhos, e esse ano, escolheram o reino de montesburgo para a celebração.
Conforme os nobres chegavam em suas carruagens, puxadas por fortes encorpados cavalos, Os aldeões começavam a se juntar na praça. Cada pedaço da árvore brilhava radiante, Os músicos tocavam com toda alma, alguns dançavam e a neve caia bem lentamente, forrando o solo, e os casacos do povo.
Dentro do Castelo, apenas um músico tocava um simples violino, enquanto os empregados forravam uma mesa gigantesca, que confortariam todos os convidados mais tarde.
Os que chegavam, aguardavam na sala principal, a descida dos anfitriões da grande festa. Em algumas horas o salão forrou-se de nobres, e então, Virginia e Sebastian desceram. O rei segurava uma das mãoas da herdeira e a mesma, deslizava a sua outra , pelo corrimão da escada.
— Hoje à noite, nós nos alegramos imensamente em receber-vos nas terras de Montesburgo — Sebastian começou quando alcançou o fim da escada — É ainda mais confortante, recebê-los numa data tão especial. Data esta, que une, e aquece o coração de todos que participam!
— Sintam-se à vontade para dirigir-se ao salão para a grande ceia, e quando decidir-vos, os criados lhe apresentarão vossos aposentos — Virginia prosseguiu segurando suas mãos à frente do corpo — À Montesburgo! — Uma criada lhe entregou uma taça, e a mesma a levantou, pedindo um brinde
— À MONTESBURGO — todos repetiram e começaram a andar até o salão.
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Os músicos acabaram uma música extremamente animada e começaram a tocar uma música mais lenta, Com o violino em destaque. Os casais começaram a dançar, inclusive Alírio e Cida.
Eleanor admirava feliz, e Cassandra aproximou-se , com as mãos no seu casaco de couro:
— São admiráveis não é? — Eleanor sorriu e suspirou:
— São sim! Fico a imaginar se algum dia poderei encontrar alguém para compartilhar tal energia— Cassandra revirou os olhos e pegou uma uva, jogando na boca
— Amor veste bem apenas nos outros. Para mim que uso PP, Um tamanho único não serve. E é exatamente isso que o amor é. Ou tu se adequa a relação, ou não serve-te — Cassandra continuava comendo, sem se importar com a cara de indignação da amiga
— Por que pensa de tal maneira? O amor é lindo e... — Eleanor mal terminou e foi agarrada pela cintura. Sem se dar conta, os músicos começaram a tocar algo semelhante a um tango, e Francis, o "vigarista" à puxou para uma dança.
— Vim me desculpar por antes, não sabia que a receita era tão importante para você... — Ele disse sorrindo, segurando as mãos de Eleanor, e com a outra em suas costas
— Meio tarde para isso não acha? — Ela tentou se soltar mas foi surpreendida por um giro, caindo nós braços do homem.
— Disseram-me que és extremamente doce, mas pelo visto, não com homens não é? — Ele continuava gingando, Eleanor então começou a se soltar na dança, erguendo sua perna e colocando ao redor do homem por alguns instantes
— O problema não são os homens...— Ela disse enquanto ambos giraram e pararam um de frente para o outro
— É você!— Ela terminou, juntamente com a música, e soltou o homem, que a olhava se afastando, com um sorriso nos lábios.
Enquanto isso no jantar....
— E então Virginia, algum pretendente? — A rainha do reino vizinho sussurrou, segurando sua mão. Catarina se segurou para não revirar os olhos, mas retirou a mão da rainha da sua, que não percebeu tamanho desconforto, bebeu da sua taça de vinho e sorriu:
— Não... nada em especial...
— Que bom, e não se esqueça... Espere por um pretendente bom, para... Você sabe...— Ela deu uma risada baixa, limpando a boca
— Sim, claro, aguardarei o homem perfeito para minha primeira noite — Sorriu cinicamente, convencendo a rainha, e se levantou, batendo com o talher na taça.
— Antes de mais nada, gostaria de agradecer a vós por esta noite explêndida, Mas principalmente, Sebastian. — Ela virou-se ao homem o fitando — Pai, obrigada por proporcionar-nos esse banquete, e também por cuidar-me com tanto carinho e afeto. Obrigada! — Virginia se sentou e todos bateram palmas, enquanto se serviam.
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O relógio da igreja começou com as doze badaladas. Os nobres foram até a sacada do castelo, e os aldeões se juntaram na frente dele, para lançar no céu lanternas, confeccionadas com papel de seda e uma vela. No momento, Virginia observava o céu infestado de luz e se pôs à chorar, correu até o quarto, e todos a observaram, inclusive Eleanor, dando o efeito dramático que a princesa queria.
A ruiva por sua vez, abraçou seus tios, Cassandra, e admirou as luzes. Os pensamentos estavam junto ao seus pais. Que saudade ela sentia, o que daria para os abraçar novamente. Mal sabia ela, que Eleanor também os abraçava, ou melhor, sua alma os abraçava, enquanto fitava a imensidão da luz nos céus, e sentia a imensidão do amor, que sua família "postiça" a presenteara, no coração.
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A dama das flores
Historical Fiction"Nem tudo na vida são flores, mas quando for, regue!" Assim pensava Eleanor, uma jovem plebéia crescida no pequeno distrito de Valle nevado, No reino de Montesburgo. A moça fora criada por uma bondosa senhora, chamada Cida e por seu esposo Alírio...