⚠️ Esse capítulo pode conter cenas impróprias para pessoas sensíveis
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Podia não ter forças nos braços para içar uma vela no meio de uma tempestade, mas reuni todas que tinha para forçar o trinco daquela porta emperrada e passar o cadeado. A chuva da noite anterior provavelmente ajudou a estufar a madeira fraca daquela porta, que agora agarrava ao chão e parecia desregulada. Não me dei ao luxo de me preocupar, o prisioneiro ali dentro carregava uma bola de ferro em uma das pernas.
Levaram alguns segundos para assimilar as idéias:
O prisioneiro ali dentro carregava uma bola de ferro em uma das pernas!!
Abri o olho mágico fechado por uma chapa de ferro rapidamente e o observei, mas Giovanni permanecia sentado, devorando sua maçã, sem demonstrar nem um mínimo interesse em arrombar aquela porta. Suspirei e fechei a abertura, limpando as mãos em minhas calças largas e sujas de graxa.
A noite ia se esvaindo pelo céu estrelado e o convés do navio, esvaziando. É claro que não era toda tripulação que descansava à noite, mas sua grande maioria, sim.
O capitão segurava o leme com suas mãos fortes, e os olhos fixos no mar quase roubavam a tonalidade daquelas águas escuras e misteriosas. Alguns poucos marujos, ou melhor, bajuladores do capitão, observavam o mar apoiados na amurada.
Bajuladores pois, escolher trocar o dia pela noite para "ajudá-lo", não parecia ser uma decisão voluntária. Deveria haver outra razão, algo como: "Quero provar o meu valor ao homem que comanda o navio, quem sabe não me torno um co-capitão?". Não entendi como alguém preferia dormir pela parte do dia, quente e barulhento, do que em uma noite tão fresca e silenciosa como aquela, então caminhei até o quarto, para descansar.
Quando abri a porta, rapidamente processei que talvez os homens que ficavam no convés a noite toda, tinham motivos para isso, motivos dos quais eu deveria ter imaginado antes: Dezenas de bruta-montes estavam no ambiente, andando pra lá e pra cá, aparentemente se (des)organizando para dormir naquele chiqueiro.
A sala fedia a suor, e a poluição sonora não era melhor. Eles gritavam uns com os outros, cantavam, e roncavam muito. Naquele instante, desisti da idéia de pregar os olhos por alguns minutos, se é que isso era possível em meio aquele caos, e fechei a porta. Agora entendia os homens no convés, observando o mar. Das duas, uma: Ou eles não eram amigos do capitão e só estavam ali para tirar proveito de uma soneca razoavelmente agradável durante o dia, ou também eram mulheres disfarçadas naquelas roupas largas e jamais dormiriam em uma sala como aquela.
Duvidava muito da segunda opção, já que uma mulher provavelmente não teria um bíceps tão definido e barba por fazer, espetando o rosto. Bufei, Nem ao menos voltaria aquele quarto apertado para pegar minha paleta de desenhos, então, teria que arrumar outra tarefa para permanecer acordada a noite toda.
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A dama das flores
Historical Fiction"Nem tudo na vida são flores, mas quando for, regue!" Assim pensava Eleanor, uma jovem plebéia crescida no pequeno distrito de Valle nevado, No reino de Montesburgo. A moça fora criada por uma bondosa senhora, chamada Cida e por seu esposo Alírio...