Como previsto e anunciado anteriormente, o reino começou a enfrentar sérios problemas de crise nos últimos dias. Eleanor percebeu isso pela manhã, quando fora trabalhar normalmente na feira.
Colocou os jarros de biscoitos sobre a bancada, Fez lindos arranjos de flores com laços de fitas coloridos e simpáticos e selecionou as melhores frutas e verduras para vender naquela manhã.
Sentou-se em um banquinho improvisado de madeira e abriu seu livro de jardinagem. Possuía muitas páginas, e Eleanor já estava quase que na metade delas. Duas páginas por vez eram dedicadas a uma flor em específico, Onde do lado direito, o livro era decorado com uma breve pintura rústica de suas folhagens e do esquerdo todas os cuidados e precauções.
Eleanor adorava ler mais sobre como cultivar suas plantinhas enquanto não tinha nada para fazer. Ela percebeu depois de algumas páginas, que havia pouco movimento na feira. Alguns aldeões iam e vinham, observando as mercadorias, mas nenhum deles se atrevia a tirar de seu bolso algumas moedinhas de ouro para pagar pelos produtos dos feirantes.
Aquilo intrigou a ruiva. A mesma com cenho franzido se levantou, e pôde ver Cassandra se aproximando da barraca. Foi até ela e apressada comentou:
— Percebestes Cassandra? Nem um comprador deu as caras por aqui até agora... — Eleanor indagou com o enquanto tentava convencer o próprio cérebro, a não pensar no pior, que incansavelmente analisava a situação de todos os feirantes do reino, e concluía que muito brevemente, todos eles, inclusive a própria Eleanor, Trabalhariam muito mais para tentar sustentar sua vida de muita Luta e pouco Luxo.
— Pois é Eleanor, Pelo visto o anúncio do rei sobre a crise não era uma mentira — Cassandra roubou uma maçã da banca de Eleanor e deu uma mordida, a encarando.
— Isto é terrível, e agora? Como nós aldeões poderemos nos sustentar?— A mesma apoiou seus braços sobre a bancada e Cassandra alisou seus cabelos.
— Talvez esse seja só u.... — Cassandra foi interrompida pela indignação de Eleanor, que bufou a encarando:
— Um mau dia? Jura Cassandra? Esse na verdade é um péssimo dia, e eu estou cansada de você agir com tanta naturalidade assim... — Ela encarou a amiga, que surpresa, parou de devorar a maçã que tinha em mãos. Um silêncio se estabeleceu entre as duas, que se encaravam profundamente e em alguns instantes, Eleanor se desculpou:
— Me desculpe Cass... Você não tem culpa...
— Fique tranquila, eu sei que a situação é ruim, mas, vai passar — A amiga a confortou enquanto dizia pausadamente.
A mulher de longos fios alvorada permaneceu quieta por alguns instantes. Sentia, e podia ver, que algo hediondo vinha a seguir. Seu coração inquieto via por seus olhos. Eleanor tinha o dom de sentir, e não precisava de um par de mirantes para saber disso. Se sentia fincada no chão, sem poder agir, nem fazer nada a respeito, afinal, Quem acreditaria na astúcia de uma jovem plebéia?
A mesma fitou Cassandra por alguns instantes e sorriu, sentando-se novamente para ler, enquanto a amiga, em pé, organizava algumas frutas.
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No castelo a situação não era tão diferente. O rei estava sentado no Jardim, que composto por, uma fonte, de pedregulhos, extremamente colorida e jovial, bancos de madeira processada e enormes paredes de pedra rústica com trepadeiras fixas, tornavam-se um ambiente extremamente aconchegante.
O barulho de água da fonte acalmava o rei, e era tudo que ele precisava depois de chegar a conclusões tão decisivas como aquela. Virgínia chegou logo depois, e percebendo a presença de seu pai, sentou-se ao seu lado e pôs-se à ouvidos.
— O reino entrou em crise minha filha, não temos mais renda suficiente para muitas coisas, inclusive empregar tantos criados que o castelo atualmente emprega.
Virginia permaneceu em silêncio, olhava para suas unhas sem dar muita importância para o assunto, até que seu pai desviou sua atenção com um comentário:
— Já desempregamos muitos criados. Rachel, da cozinha, Liza e Jamilli da limpeza, Rodrigo dos telegramas, e Lancellot da Cavalaria — Ele suspirou
A princesa o encarou, sem poder demonstrar tamanha indignação se levantou e arrumou seu vestido. Com a maior leveza e parecendo ter domínio total da situação, indagou: .
— Cuidarei para que vosso reino não tenha maiores problemas meu rei.... Em breve poderemos readmitir todos aqueles que hoje se foram. — Forçou um sorriso, deu uma leve curvada, segurando as bordas do vestido e abandonou o local. Deixando Sebastian ali, encarando a fonte.
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A dama das flores
Historical Fiction"Nem tudo na vida são flores, mas quando for, regue!" Assim pensava Eleanor, uma jovem plebéia crescida no pequeno distrito de Valle nevado, No reino de Montesburgo. A moça fora criada por uma bondosa senhora, chamada Cida e por seu esposo Alírio...