Capítulo 12

21 2 0
                                    

Eleanor lentamente desviou o olhar da lista e encarou a amiga que permanecia estática encarando o nada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eleanor lentamente desviou o olhar da lista e encarou a amiga que permanecia estática encarando o nada. Molhou os lábios com a língua enquanto a fitava, procurando um ponto de foco no seu rosto, e, fechando os olhos por alguns instantes tentando compreender o que ouvira, torceu o nariz. Soltou um riso desacreditado, seguido por um suspiro e indagou:

—  As vezes você tem umas idéias tão inacreditáveis que até fico com medo de que você esteja falando sério!

  Cassandra colocou uma mecha dos seus fios curtos atrás da orelha, que logo se rebelou e voltou a cair sobre seus olhos. Ela finalmente encarou a amiga e arqueou uma das sobrancelhas:

—  Por que acha que eu não estou falando sério, Eleanor?

—  Não acho que você seria tão estúpida em se arriscar de tal maneira!

— Estúpida?? — Ela deu um tranco para frente e cerrou os olhos —  Estou tentando salvar a vida daquele imbecil meia tigela —  Cassandra teve que se conter para não gritar

— Está fazendo isso para provar que é suficiente para ser uma guarda, para vosso próprio e infame ego, para surpreender os outros! nada além disso!  — A ruiva retrucou. Como gostaria de poder aumentar o tom de voz, já que mesmo em baixo tom, as expressões soavam ainda mais agressivas. As palavras que mais doem, vem das pessoas que mais amamos, pensou de imediato.

  Cassandra Suspirou, fechou os olhos e pegou a amiga pelo braço, a levando para um canto mais quieto, mas não tão distante de onde estavam

— Como você se atreve? Agora você quer falar de ego? Ein, Eleanor? Depois de desobedecer a tua tia e quase morrer para salvar um idiota estirado no chão? Depois de me deixar para trás lutando com homens com o dobro do meu tamanho? — Ela fechou os olhos e respirou fundo, podia ouvir a garganta de Eleanor lutar para conter as lágrimas. Bufou, levou as mãos aos olhos e pode ouvir a voz fraca de Eleanor soar

— Zelo por sua segurança, não quero perder você como perco os outros, Cassandra. Mas afinal de contas, você parece saber exatamente o que deve fazer. Portanto faça, não sou eu quem vou te impedir não é? —  Eleanor disse séria, enquanto encarava o nada. Limpou violentamente uma lágrima que escorria lentamente no seu rosto e saiu

—  Eleanor.... — A morena a observou a mesma distanciar-se devagar, olhou para a lista, arrancou da parede, guardando nos seios. Um homem observou o gesto com cautela e malícia, então Cassandra revirou os olhos e saiu o mais rápido que pôde.

  Na feira, circulavam pessoas a todo momento, mas não para compras como esperado diariamente. A grande parte da multidão tentava cruzar a praça e chegar no cais do reino para embarcar na inesperada expedição.

  Eleanor observava cautelosamente os aldeões com seus pertences jogados dentro de um saco de pano, pesando sobre seus ombros e se perdia em pensamentos quando pensava que sua amiga, em algumas horas, estaria rodeada por uma tripulação, inteiramente masculina.

  Do outro lado do reino, estava Cassandra, juntando seus pertences para embarcar. Ela também precisaria de um disfarce convincente, mas não sabia onde arranjar, já que não tinha família, muito menos roupas masculinas. Pensou, pensou, e finalmente seu cérebro encontrou uma alternativa: "Se vou me passar por Lancellot, nada mais justo que usar os pertences de Lancellot!"

  Subiu as escadas devagar, abriu a porta e percebeu que o homem dormia tranquilamente. Se abaixou até o saco de roupas dele, e começou a revirar. Achou algumas camisetas, calça, e foi pegando um por vez, cautelosamente. Fechou a mochila e quando se levantou, um colar de ferro surgiu ao meio das roupas e despencou ao chão. Ao mesmo instante, Lancellot abriu os olhos, e a primeira imagem que pôde ver foi a mulher de cabelo chanel, segurando suas roupas e o encarando com timidez:

— Oi.... Lancellot —  Ela forçou um sorriso

— Oi... Cassandra.... O que está fazendo? — Ele se ajeitou na cama, com os olhos cerrados

—  Ah... Isto? É... bem.... Eu ia levar essas roupas para lavar — Ela limpou a garganta e apertou as roupas para mais perto do seu peito

   Ele arqueou as duas sobrancelhas e com a boca, exibiu um biquinho de concordância, enquanto balançava a cabeça positivamente:

— Entendi, então, pode levar, mas antes... Poderia pegar o meu colar do chão? —  Ele apontou

—  Ah sim, é claro que posso — Ela soltou todas as roupas no chão, e depois de alguns segundos, percebeu que Lancellot a observava intrigado. Ela sorriu, pegou as roupas do chão e colocou na cama. Em seguida, andou até próximo a janela, onde o colar havia caído, e começou a procurar.

Viu um cordão, o puxou e ao ver do que se tratava, o soltou assustada no chão:

— Algum problema? — Ele disse prestes a se levantar

A morena permaneceu em silêncio alguns instantes, e voltou a realidade com mais um chamado de Lancellot

—  Não... Tudo bem, aqui está o seu colar — E entregou ao homem, o colar que retratava a figura de um escudo, vazado, e em seu interior possuía um coração com uma espada cravada. Ele sorriu, e enquanto prendia no pescoço, Cassandra pegou as roupas e saiu.

  A expedição estava próxima de partir, e Cassandra já vestia um dos largos conjuntos de Lancellot: Uma calça surrada, uma blusa, acompanhada de um casaco preto, botas, e um chapéu que cobria quase seu rosto todo. Tinha prendido o cabelo para trás, com um grampo, já que eles já eram curtos, e não enfrentaria tantos problemas. Mais cedo tinha pedido para Eleanor cuidar de Lancellot até que voltasse para casa, então tudo estava pronto. Ela então, colocou alguns cigarros no bolso, apertou a jaqueta, e desceu as escadas.

  Quando abriu a porta, deu de cara com Eleanor, ela desviou o olhar e a amiga Suspirou:

— Mal consegui te reconhecer— Ela sorriu tímida e arrancou um riso de Cassandra

— Esta é a idéia, espero que dê tudo certo —  Sorriu e finalmente fitou a amiga nos olhos

—  Vai dar sim, boa viagem Cass. Por favor toma cuidado —  No mesmo instante puderam ouvir um estrondo no andar de cima, e um grito de Lancellot, Cassandra rapidamente direcionou o olhar e ia subir as escadas, quando Eleanor a puxou pelos ombros

— Eu assumo daqui, pode ir, nós vamos ficar bem — Ela sorriu, e ao ouvir isso, Cassandra deu um forte abraço na amiga, segurou sua mão e foi soltando devagar enquanto caminhava até o navio. Assim que soltou, Eleanor subiu apressada, e viu que Lancellot tinha derrubado uma prateleira inteira, tentando pegar o copo de água. Ele também suava muito, então a ruiva descobriu o homem, e antes de cuidar do mesmo, observou Cassandra pela janela cheia de cortinas, que caminhava até o grande navio.

  Cassandra suava frio, embaixo de tantas roupas. Segurava a alça do seu saco de roupas com firmeza, até que chegou onde a multidão esperava. Entrou na fila e depois de alguns instantes um guarda veio a sua direção:

— Seu nome?
— Lancellot... —  Disse com uma voz forte e fingida sem fazer contato visual
— Lancellot de que?
— Lancellot...... Bonneville

   O homem olhou a lista, cerrou os olhos e encarou o perfil do suposto homem:
— Tá.... Tá bom pode entrar

  Cassandra Suspirou e pegou o papel de o homem havia lhe entregado, foi até a entrada do grande navio, o entregou, e permitiram sua passagem.

   Não podia demonstrar tamanha felicidade, ou sua admiração, já que o barco era extremamente bonito, então foi até a borda, e pôde ver milhares de aldeões acenando com algumas toalhinhas brancas. Aquilo a confortou, transmitiu paz e ficou feliz por estar naquele momento.

   Depois de alguns demorados minutos, puderam partir. Todos acenavam, gritavam e depositavam sua esperança nós marujos, que mais tarde poderiam ser os salvadores do reino de Montesburgo. Aliás, marujos e uma bela Maruja!

A dama das floresOnde histórias criam vida. Descubra agora