Eleanor cuidou incansavelmente de Lancellot, Colocou toalhas com água morna no seu corpo, lhe deu chá de ervas, conversou, e quando percebeu, tinha passado a noite inteira fora de casa cuidando do homem que misteriosamente ela sentia afeto. Mesmo exausta, a ruiva lembrou que precisava colher flores e fazer novos arranjos para vender na feira, então, foi até o andar de cima avisar Lancellot que daria uma saída.
Bateu na porta e uma voz um pouco mais energética respondeu:
— Pode entrar — A garota então o fez, abriu a porta devagar e a encostou
— Como se sente? — Ela sorriu e sentou numa cadeira ao lado da cama, já Lancellot, finalmente conseguiu se ajeitar, sentou na cama e colocou as mãos sobre as pernas
— Realmente me sinto bem melhor Ruiva, obrigada — Ele sorriu e limpou a garganta — Mas o que te traz aqui? Passou a noite inteira olhando para minha cara, acredito que não esteja aqui por vontade própria Né?
Eleanor soltou um risinho e balançou a cabeça negativamente:
— Bobinho, só estou aqui para avisar que vou sair agora
— E posso saber onde a madame vai?
— Colher flores.
— Legal, a Baixinha vai ficar aqui não vai? então, se precisar de algo eu chamo ela — Ele sorriu e Eleanor fechou a cara
— Na verdade... A Cassandra saiu
— Para onde? Ela nunca vai a lugar nenhum... a não ser à feira, com você
— Ela foi para a expedição — Eleanor disse receosa
— O quê? — Lancellot arregalou os olhos e deu um tranco na cama, Eleanor segurou sua mão tentando o acalmar e ele não parava de falar um segundo:
— Ela é uma dama! O que aconteceu? Por que foi convocada?
— Ei... Eu sei... Escuta
— É extremamente perigoso, como você pode deixar? Ela pode morrer por minha culpa!
— Lancellot me escuta...
— Eu não creio, como isso pode ter acontecido?
— Lancellot me ouça!! - Eleanor aumentou o tom de voz e fechou os olhos, respirando fundo.
Um silêncio se estabeleceu na sala, ele finamente a fitou nos olhos, então ela suspirou e desabafou em baixo tom:
— Na verdade, o convocado foi você, mas não podíamos deixar você ir, não nesse estado... Então, como ela sabe se virar, e também sonha com isso...
— Você deixou ela ir... — Ele complementou e Eleanor balançou a cabeça em concordância
— Vocês não deveriam, de jeito nenhum, oh céus, como eu causo problemas....
— Tá tudo bem, ela gosta disso, e sei que vai fortifica-la de certa forma, eu confio nela Lancellot, e você também deveria, já que energias negativas não vão a ajudar em nada — Eleanor se levantou e ajeitou o vestido enquanto o homem ficou pensativo
— Agora tenho que ir até o monte floral, posso confiar em você em deixá-lo aqui?
Lancellot sorriu e concordou. Eleanor então foi até o armário do quarto e pegou uma cesta, foi até a porta e acenou para Lancellot, que retribuiu o gesto, então desceu as escadas e caminhou em direção ao monte.
Caminhou devagar, admirando a paisagem do reino ao seu redor e encheu os pulmões de ar, sentiu o cheiro da grama molhada já que havia chuviscando mais cedo e o vento fazia seus longos fios dançarem. Por fim, chegou até o monte floral, se ajoelhou, e delicadamente começou a colher alguma flores que ali estavam para encher sua cesta de palha.
A ruiva colhia cuidadosamente uma a uma e, aproximava do nariz as que emitiam maior perfume. O sol começava a atravessar as nuvens acizentadas e aquecer o rosto da moça, que ao observar a paisagem, pode perceber uma pessoa ao fundo a observando.
Ela a princípio pensou que era um fruto de sua imaginação, abaixou o olhar e voltou a colher os pequenos botões, mas a curiosidade prevaleceu e Eleanor novamente direcionou o olhar ao encapuzado que parecia não ter percebido que Eleanor o observava.
Eleanor então se levantou, pegou o cesto e colocou a frente a seu corpo, o encapuzado puxou a toca para cobrir ainda mais seu rosto, puxou a ponta debaixo da enorme e capa, e dando um giro rápido, sumiu.
Confusa, Eleanor colocou o cesto no chão e correu em direção onde a pessoa misteriosa havia sumido, olhou ao redor mas não pode ver nada. Sendo assim, colocou seus cabelos para trás e foi até onde a cesta cheia estava, levou a mesma aos braços e caminhou até em casa, começando a preparar os arranjos que venderia na feira no dia seguinte.
Envolveu os cabos em lindos laços de cetim, e combinava os arranjos com cores pastéis, vibrantes e azuis, que eram duas preferidas. O tempo passou rápido, e quando percebeu, já estava na feira embalando frutas e despejando as moedas de ouro na bolsinha em sua cintura.
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O mar não estava tão agitado, sendo assim não precisavam da ajuda de "Lancellot" em nenhuma atividade. Por isso, Ele estava em um canto, sozinho, sentado próximo a uma das colunas da embarcação, desenhando.Começava a entardecer, consequentemente, ficava mais frio, alguns marujos acendiam os lampiões espalhados pelo ambiente. Próximo dali, Um dos homens, batia papo com outros, a respeito de fantasmas.
Cassandra achava tudo uma baboseira, mas evitava falar qualquer coisa para que não desconfiassem do seu disfarce. Porém, não pode deixar de ouvir do que se tratava o suposto caso de fantasmas, parando o seu desenho, que retratava uma linda Violeta.
— Dizem que esse navio já foi reformado muitas vezes, por conta de ataques de piratas, por isso, as almas que aqui morreram não deixam de assombrar toda embarcação — Um homem dizia enquanto fumava e mantinha um sorriso misterioso no rosto
— E o que estas almas querem? - Disse um medroso, enquanto roía as unhas
— Não sei, por que você não pergunta para eles quando os ver andando por aí ein Francis? — O homem sorriu e saiu andando até a borda do navio, bem próximo onde Cassandra estava sentada para observar o mar. Chegou a observa-la no chão, deu uma tragada e um leve sorriso, jogou o cigarro no chão, pisou, e entrou na sala do comandante.
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A dama das flores
Historical Fiction"Nem tudo na vida são flores, mas quando for, regue!" Assim pensava Eleanor, uma jovem plebéia crescida no pequeno distrito de Valle nevado, No reino de Montesburgo. A moça fora criada por uma bondosa senhora, chamada Cida e por seu esposo Alírio...