Um Milagre Parte 9

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— Nada, Rogério. - Disse Ana Paula caminhando para trás do marido. Martín enfiou as mãos no bolso com ar confiante. - Não aconteceu nada.
—Não sabia que estava de volta a fazenda de teu pai, Martin. - Rogério falou sarcástico. - Dinheiro de farra não dura muito mesmo.
—Para sua informação, Monteiro. Estou cuidando dos negócios da família. - Rogério soltou uma risada debochada. - Estão indo muito bem.
—Para onde? O fundo do poço?
—A minha fazenda não está em ruínas, mas a tua querida Fazenda do Forte, está prestes a abrir falência, foi o que ouvi. Por isso está aqui falando com os companheiro de botina, para saber quem pode ajudá-lo com as dívidas. Quem diria Rogério Monteiro, o grande fazendeiro, mendigar apoio em festa de aniversário de criança.

Rogério impulsionou a cadeira para frente, mas Ana Paula segurou-o firme.
—Ya! Meu amor, chega! Não vale a pena vamos embora.
—Você vai engolir essas palavras! - Rogério apontou o dedo para ele. - Cada uma delas!
Martin debochou.
—Se eu fosse você, Rogério, cuidadava melhor dos seus bens! Hoje é fazenda que está escapando das tuas mãos, amanhã pode ser tua linda esposa Ana Paula.

Rogério fez menção de ir para cima dele, mas Paula segurou-o novamente

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Rogério fez menção de ir para cima dele, mas Paula segurou-o novamente. O homem passou por eles olhando fixamente para Ana Paula. Ela revirou os olhos indignada e quase perde as estribeiras como o marido.

Rogério girou a cadeira de rodas de frente para ela.
—Fale a verdade, o que ele queria contigo?
—Encher a paciência. - Ela pousou a mão na cabeça. Sentiu uma fisgada na testa. Essa discussão toda a fez sentir dor de cabeça.
— Me pareceu outra coisa. - Ela reconheceu aquele tom de voz. Rogério ciumento mode on.
— Mas não foi nada do que estas pensando.
— O que eu pensei? Não, o que eu vi! Ele estava dando em cima de ti! Aquele perro desgraciado!

Rogério avançou com cadeira de rodas na direção de onde Martin tinha ido. Tiraria satisfação com aquele don Juan de meia pataca. Não admitiria que sua esposa fosse assediada por um Zé ninguém daquele!

— NÃO! - Ana Paula se colocou diante dele. - Nada disso! Vamos voltar para casa imediatamente, Rogério.
—Ele faz isso de graça! Só pra provocar! Aquele hijo de... - Os olhos do fazendeiro pareciam alucinados.
—Rogério chega! Por que está agindo assim? Controle-se!

Ela ralhou e o marido finalmente caiu em si que estava passando dos limites.  Tirou o chapéu preto da cabeça e passou as mãos no cabelo.

—É que ele me tira do sério. Temos embates desde muito jovens.
—Percebi que a rivalidade de ambos vem de muito longe.
— Meu amor, ele não te ofendeu? Fez algo contra ti? - Ele perguntou mais calmo. Ana Paula considerou um segundo se contava que o homem estava de fato dando em cima dela.
— Estava só se gabando da fazenda dele. Nada além disso. - Mentiu.

Rogério soltou o ar relaxando um pouco, pegou na mão dela e beijou.
—Você quer ir para casa? Então, vamos.
— É melhor.

Inventaram uma desculpa qualquer e foram os primeiros a deixar a festa. Marquinhos foi o único a reclamar de voltar mais cedo. No entanto, pareceu contente em ter feito novos amigos.

Ana Paula caminhou para o quarto dizendo estar com muitas dores na perna. Ela quase nunca se queixava e isso alertou Rogério. Pediu que María fosse atendê-la. Enquanto, acompanhava o filho para o quarto contar-lhe a continuação da história que estavam lendo.

— Maria, você sabe quem é Martin? - Maria entregou a xícara de chá para Ana e sentou-se na beira da cama com um óleo, uma espécie de unguento feito de ervas que ajudavam aliviavam dores. Começou a passar nas pernas de Ana Paula.
— Oh, se conheço! Ele era um engomadinho que perturbava meu menino Rogério no colégio. Os dois eram rivais. Brigavam por tudo. Quando um não provocava o outro fazia isso. Lembro que uma vez os dois foram parar na cadeia.
—Cadeia? - Rogério nunca havia contado isso a ela.
— Sim, mas foi só para dar um susto neles. Foi oque o delegado disse. Ele deu uma bela lição de moral neles, porque tinham saído no soco por causa de uma namoradinha.

Ana Paula sorriu imaginando Rogério brigando por uma garota do colégio. Será que ela era bonita?
— E essa moça era namorada do Rogério?
— Não, era do outro. Rogério que tinha cismado com ela. Ou o que eu acho que aconteceu, a menina estava jogando com os dois.
— Então, quer dizer que Rogério roubou a namorada de Martin?
— Sim, mas não deu certo. Logo, Rogério saiu de viagem. O pai dele deu um ano para viajar onde quisesse. Acabou que a namoradinha ficou no passado.

Ainda bem, pensou Ana Paula, com seus botões.
— Por que está perguntando por ele? - Maria falou curiosa. Como que Ana Paula sabia de Martín se Rogério mesmo jurou jamais pronunciar o nome do infeliz?
— Conheci ele hoje na festa de aniversário do filho de Leonel. Não conte ao Rogério, mas esse Martin, deu em cima de mim.
— Meu Deus, Ana Paula! Isso não é bom. Será que ele não vai querer vingança de Rogério?
— Como assim, Maria?
— Até onde sei a tal moça estava prometida para Martín, era para ser esposa e tal. Só que... Aconteceu essa traição. Ela ficou com o Rogério...
—Assim você me ofende, Maria. - Ana Paula entendeu onde ela estava querendo chegar. - Eu nunca trairia meu marido. Nunca aceitaria proposta alguma de Martin ou de qualquer outro.
— Desculpa, Paula. Mas é que... Tem que ter cuidado com esse homem. Ele é traiçoeiro.

Ela entendia de gente escorregadia. Estavam rodeados delas na fazenda do Forte. Porém, levou em conta o alerta de Maria. Tanto que não pregou os olhos a noite.

Abraçada ao esposo e ouvindo as batidas tranquilas do coração dele. Sentia-se segura, como de nada a pudesse afetar. Nem os olhos intransigentes de Martín.

Ana Paula acordou tarde, mas bem disposta. Rogério não estava na cama. Provavelmente, já estava no escritório. Então, marchou para lá assim que se arrumou no seu costumeiro vestuário. No entanto, ao chegar na sala se depara com uma inesperada visita.

—Martín? O que faz aqui?
— Vim tratar de negócios, não se preocupe. - Ele sorriu de lado.
— Meu marido deve estar no escritorio... É só seguir naquele corredor é a primeira porta...
— Não, o negócio do qual quero tratar é com a senhora Monteiro. Contigo, Ana Paula.

Ele se aproximou com as duas mãos no bolso. A enfermeira sentiu nesse avanço, uma sensação terrivelmente intimidadora. Quem esse homem pensava que era?

 Quem esse homem pensava que era?

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Um Milagre - A Que Não Podia AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora