Cap.: 5

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A manhã de hoje nasceu triste, o céu escuro como aquelas cavernas dos jogos, um breu caótico cercado por densas neblinas, um caso como esse não é comum nessa época do ano, principalmente que hoje seria um dia quase importante, pois haveria uma exposição de ciências, onde Kate e eu iríamos expor alguns de nossos projetos juntos, e torno a repetir, com ênfase, o termo juntos, algo que me torna excepcionalmente um cara nervoso, o sorriso dela acabava com toda a minha coragem reunida durante décadas de vida, sendo que só é uma década e mais alguns anos.

Não queria levantar da cama, além daquele frio rasteiro, parecendo como que colocasse pressão sobre o meu corpo para que ele continuasse lá, imóvel sobre a macia cama, principalmente por causa daquele escurinho, que permite meus pensamentos voarem longe pelo mundo dos sonhos, mas, desde o que aconteceu naquele dia, estou tendo não mais sonhos, e sim pesadelos, e não é qualquer um, ele se repete a todo momento que acabo dormindo, cochilando, ou pelo simples ato de fechar meus olhos, aquelas imagens vem sobre minha mente, invadindo todos os meus sentidos, fazendo com que vivenciasse novamente aquele mesmo momento, mas, estava sozinho, com um caminho solitário a minha frente, monstros, sons horripilantes, talvez alguém queira me mandar alguma mensagem, mas, o que?

Enquanto deitado em minha cama, acabo que pegando no sono novamente, de princípio, parecia que meu corpo estava flutuando em meio ao nada, tendo ausência de todo e qualquer objeto, aquela sensação era totalmente estranha, como se algo estivesse me puxando para baixo, mas para onde é "embaixo"? Não havia direção, era como se estivesse no espaço sideral, sem ar, ou qualquer tipo de molécula, nada vivo, assim era a primeira parte do meu sonho, mas, eu gostaria que acabasse aí.

- Devan? Katerine? Pessoal? Onde vocês estão?

Chamava-os incansavelmente, mas ninguém aparecia, gemia de dor, mas, o que causava ela? Que sentimentos são esses que eu sinto? Sei que estou em um sonho, mas, isso parece um ciclo eterno, dando voltas e mais voltas, vai e vem o sentimento de dor retorna, cada vez mais forte, e, vem em quando, imagens, mas, quem são eles? Gritam de dor, pedem por socorro, mas ninguém aparece para socorrer. Como sempre, em frames de segundos meu corpo é teletransportado para uma outra dimensão, a mesma da imagem que veio diante de meus olhos, sendo que, desta vez, eu seria o típico pai daquela família que agora estava morta, diante de mim, o sangue escorrendo pelas minhas mãos, com aquele tom indesejado de vermelho, lágrimas e mais lágrimas escorrem pelos meus olhos, que sentimento é esse? Não é meu, mas, por que em mim?

- Chegou tarde, querido? -Uma voz ecoa daquele imenso vazio, sim, meu corpo estava novamente imersivo naquele imenso abismo sem fim, com os olhos cheios de água, como se fosse uma cachoeira sem fim. - Bem, da próxima chegue mais cedo...

Acordava com um susto, meus olhos cheios de um líquido indiferente, passo a mão sobre eles, lágrima? Mas...era apenas um sonho, como um sonho pode ser tão real, a ponto de lágrimas serem derramadas? Como pode ser tão intensivo, capaz de refletir a dor, sendo ela irreal, tornando-a algo real, não faz sentido, isso está errado.

- Segundo a ciência, a dor não passa da imaginação humana, então, faz e ao mesmo tempo não faz sentido, mas, sonho? Parecia tão real?

Enquanto falava, apressava-me para poder ir até a faculdade, eu precisava esclarecer o que tinha acontecido naquele dia, só não sei o por quê de estar fazendo isso só agora, será que é algum tipo de "chamado"? Desculpa destino, mas, eu não gosto de assistir filme de terror.

- Devan! Estou saindo.

Gritava para ele, apenas ouvindo um "ok" de longe, especificamente da sala. Saía, fechava a porta, e corria, não sei por quê eu estou correndo, mas parece que está sendo automático, apenas sigo uma linha reta, como naqueles games em que você começa a seguir um pontinho vermelho na sua tela, ou alguma coisa que te guia em direção ao destino.

- Deus, caso isso seja alguma peça feita pelo satanás, salva-me.

Durante um bom tempo eu fui cristão, digo, ainda sou, só não falo isso para todos, não por vergonha, mas por não ter motivos. Estranho, quanto mais corro, mais parece que estou indo pelo caminho errado, a faculdade não era por aqui? Tenho certeza disso, pera, essa rua, eu não lembro dela estar aqui, mas, que?

- Isso está errado, será isso mais um sonho? Não já chega!?

Quando dou esse grito, minha visão é mudada drasticamente para dentro de meu laboratório, aquilo já estava se tornando muito amedrontador, de repente eu estava correndo pelas ruas da cidade, tendo o destino em minha cabeça, mas perdido mesmo sabendo o caminho, e em instantes já estou dentro do meu laboratório, olhando pra uma pequena peça, posta acima de minha escrivaninha, com um papel sob ele, estranho, não, pera, tudo hoje está estranho, céu escuro, neblina alta, perdido na minha própria cidade, correndo pelas ruas feito alguém perdido, e aparecer, do nada, na faculdade, excepcionalmente dentro do meu laboratório, olhando diretamente para uma pedra, de cor verde, que prendia a minha atenção, o que está acontecendo aqui?

- Venha...meu querido Bruce, venha e se deleite sobre meu corpo...venha me possuir...

Aquela mesma voz, mas, desta vez estava mais feminina, atraente, tomando a aparência de uma bela mulher, um corpo totalmente perfeito, curvas mais que maravilhosas, o que todo homem precis...espera, eu não preciso, tenho que resistir...a...isso...

Ela esticava suas leves e macias mãos até meu rosto, acariciando de forma carinhosa, era perfeita, seus olhos, verdes como a luz da aurora glorial, belos, intensos, que...merda. Um dos maiores pecados do homem, é a luxúria...

Crônicas de Bruce.Onde histórias criam vida. Descubra agora