Crônicas de Bruce.

Cap.:14

Logo após horas e mais horas escutando todo aquele discurso (irei privar vocês disso), meus olhos reviram ao redor de onde estava, descrevendo o local como sendo uma pequena casa, velha, suja, donde estava era possível escutar rangidos de portas, uivos incessantes, juntamente aos gritos que pareciam de almas perdidas no fundo do abismo, uma verdadeira casa dos horrores ocultos, por fora, não parecia ter tudo isso, e o mais sombrio é que, quanto mais permaneço em silêncio, mais escuto, vozes, pedidos de socorro, será que, bem no fundo, uma familiar voz é possível ser escutada, algo como chamando meu nome, e...

- Sabe quem elas são? As pessoas que você deixou morrer por causa dos seus atos, mas, não carregue esse fardo sozinho, mesmo que pareça difícil enfrentar todos esses desafios vindouros, mas com certeza você irá ganhar, mas, não tenho certeza de que você voltará, assim pelo menos diz o espírito da morte, pela qual você viu anteriormente, só se você tiver uma grande quantidade de poder para poder derrotá-la...

Ouvindo essas palavras, um certo temor aparece de maneira ininterrupta em meu coração, parecia até que seria meu destino morrer naquele mundo para trazer todos de volta, mas, se esse for meu destino, enquanto vivo farei o possível para que todas essas almas sejam libertadas dessa terrível prisão melódica.

- Então... - Diz eu, Bruce, olhando diretamente nos olhos desse velho senhor, que jazia sentado em uma poltrona, com um cajado na mão, também olhando diretamente para os meus olhos, como se estivesse vendo o meu interior. - Não importa meu destino, se no final eu salvar quem amo, e todas as pessoas que carrego em meu pecado, irei vencer, nem que passe por cima da morte.

Ao dizer isso, dou as costas para ele, saindo da sala, olhando fixamente para frente, sem desviar a minha visão, logo saindo daquele ambiente, ao tal fazer, todas as vozes são deixadas para trás, juntamente com o sentimento de medo, apenas sinto algo, não olhando mas, percebendo algo olhando em minha direção de forma feroz, com um olhar de pura destruição e morte, poderia ser que um dia eu encontrasse com algo que estivesse dentro daquela casa, quem sabe, eu lute contra alguém que eu já conheça, espero que não, pois mesmo que seja meu mestre, não terei nenhuma piedade, assim como não tiveram comigo.

Dia 2

Este é um dia comum, mas não para mim, hoje se inicia o meu treinamento mais severo que já devo ter visto, nem mesmo o exército teria um tratamento como esse, Primeiramente comecei passando na oficina, precisava de uma arma, também preciso guardar o nome das pessoas que já conheço, a começar pelo poder que tenho dentro de mim, o espírito de um anjo demônio, pela qual ainda não derivei seu nome.

Black é um nome muito sem graça, mude para Silver, mais fácil até, não que eu goste, foi algo aleatório.

- Algo aleatório? Sei, então seu nome será Silver, até agora só conheço você, e meu mestre de magia, senhor Wolford, nomes bem medievais, mas tudo bem, agora preciso ir até a oficina, mas aonde que fica...

Fico com uma cara de pensativo, enquanto olho para os lados, minha primeira opção era perguntar para cada pessoa que aparecesse na frente, mas era algo complicado quando a sua volta não existem seres humanos, minhas roupas também eram as mais simples que podiam ser obtidas.

- Na verdade... - Digo olhando para as minhas vestes. - Elas mudaram de repente, eram de camponês, agora se transformaram no estilo aventureiro, como se fosse o personagem Indiana Jones, mas, sem o chapéu, nem a corda, a cor também muda, ao invés de ser marrom é azul, na camisa, e calça preta, algo bem diferente do restante, talvez eu tenha um poder de mudança de roupas, como as winx? Iria ser bastante bizarro isso.

- Está perdido?

Em um instante olho para a direção que me vem aquela voz, feminina, doce, mas ao mesmo tempo parecia pesada, como se fosse alguém grande e forte, não grossa, só normal, mas também não sei descrever voz das pessoas, mas, ao olhar para a minha direita, vindo de uma rua ao lado da que estava, uma garota, aparentando ter uns dezenove anos de idade, altura mediana, uns dez centímetros menor que eu, cabelos pretos, que ao sol pareciam estar em um brilho intenso, refletindo a luz ao seu redor, seu corpo era de uma pessoa normal, apenas tinha uma exceção de diferente, as orelhas, pontudas, era o mais próximo de um humano que poderia ter entre todos os outros, busto grande, algo extremamente atraente, mas, mesmo assim, por incrível que parece não havia percebido todos esses detalhes de primeira, seus olhos eram tão penetrantes que tentar desviar era meramente impossível.

- B-bem, não muito, só queira ir até a oficina, não acho em lugar nenhum, e também não sei como falar com tantas espécies diferentes. - Olho diretamente para os olhos dela, com as mãos na nuca, e a outra meio que apenas aberta no ar, nem eu sabia como reagir perante ela, algo normal até, parece que mesmo mudando de ares minha personalidade não mudou.

- Não se preocupe, apenas me acompanhe, não são vistos humanos por aqui, uma raridade, já que vocês possivelmente já existem em outras dimensões.

Ouço cada palavra dela, mas minha visão está voltada para outra coisa, enquanto ando atrás dela, não é nela, para não pensarem que sou pervertido, estava olhando a rua por onde percorríamos, já que teria de voltar várias vezes pelo mesmo caminho, claro, sempre eu dava uma pequena conferida, mas, como sabem, ter essa oportunidade nunca será possível, já não tive com aquela pessoa na terra, imagina aqui.

- Obrigado por me ajudar, acho que teria me perdido de forma drástica por este reino.

- Não tem problema, a oficina é bem ali, provavelmente iremos nos ver novamente.

Quando ela diz isso, vai se distanciando de mim, enquanto olha em meus olhos, com um pequeno sorriso no rosto, pode crer, aquele olhar parecia estar mexendo com meu coração incessantemente, sem fim, batendo rápido, até que algo me atrapalha naquele contato visual, um cara chegando por trás dela e segurando sua cintura, mas algo mais ainda me chamou atenção, que foi o fato dela ter afastado aquele cara, então nesse momento eu fiquei mais do que confuso, mas, tal pensamento é logo tirado o ouvir uma voz, alta, roca, grossa, e mais ainda, que parecia de um homem velho, ao olhar para a direção da voz, desta vez, não é uma garota bonita e tals, era uma mulher, alta, com uma pele toda cheia de graxa, era difícil acreditar ela ser uma mulher, mas parece que aqui os serviços de homens também são para mulheres, então cheguei em um mundo que o sistema de machismo foi totalmente erradicado.