Como isso pode acontecer? Até pouco tempo atrás minha vida estava ótima, não tinha muitos afazeres, quer dizer, tinha, mas eram totalmente normais e lógicos, acordava pela manhã, fazia algumas coisas, afazeres domésticos e pessoais, saía para ir na faculdade, estudava no meu curso de química, ia para o laboratório, conversava com meu melhor amigo lá, nada mais que isso, simplesmente a vida de universitário que queria. Até que tudo mudou de uma sexta para sábado, acho, e apenas acho, que deveria ter ficado em casa naquele dia, pelo menos seria a melhor decisão, não estaria nessa situação, uma completa enrascada.
- Você é o cara que estava em meu sonho, mas, como assim, eu não lembro de nada, espera, como assim, eu não lembro nem meu próprio nome, mas parecia que eu lembrava um tempo atrás... - Minha cabeça dói, isso está ficando cada vez mais estranho, a cada segundo que passa parece que minha mente vai se fechando...quem sou eu?
Virava meu corpo novamente para o espelho, agora estava lá, a afeição de alguém que me falha a memória, não lembro, quem é você? De onde veio, onde estou? Apalpava meu rosto de forma delicada, sentindo cada movimento, estranho, é real, mas parece um sonho...
- A partir de hoje você ficará aqui. - Diz o homem, com aparência de alguém totalmente maduro e experiente, não idoso, parece ter uns trinta e cinco anos. - Aliás... - Diz ele saindo do banheiro. - Olhe pela janela, só não desmaie.
- Ahn?
Digo com uma cara de quem não entendeu nada, ou então daquelas pessoas que são dementes, não por doença, mas por ignorância mesmo. Ando vagarosamente em direção da janela de meu quarto, ou, daquela localidade, que, de agora em diante, parece ser minha nova moradia, tendo todas as minhas memórias perdidas, ergo minhas mãos em direção da cortina, posta sobre a janela em minha frente, mas, meu corpo treme, e se o que estiver do outro lado for algo que eu nunca vi na vida? Segundo a...pera, tem alguma palavra que eu digo depois disso? Deve ter...
- Bem, de agora em diante, seja o que... - Meus olhos entram em modo atenção total, ou no comum dizendo, arregalados, percebendo que pelo menos uma parte de minha memória estava reservada, aí me perguntam, como tu sabe disso? Lendo, de uma forma estranha tinha algumas palavras escritas em meu braço, pelo menos a da mão destra, donde palavras totalmente estranhas se alinham, formando a frase; "Apenas complete aquele desafio, e todas as suas memórias serão devolvidas, mas, como auxílio, tens parte de seus conhecimentos reservados, basta olhar para aquilo que está dentro de você...", e assim termina a frase, ainda vago, sem muito sentido, parece mais aqueles enigmas padrões da vida, mas que no final te leva a lugares totalmente diferentes.
Então, é isso que devo fazer, achar essa minha memória necessária, e logo após cumprir esse desafio, agora, que desafio será esse? E como eu vou me preparar para ele, sendo que não sei nada.
- Só sei que nada sei, de onde será que eu vi isso...enfim, hora de descobrir a verdade...
Agora, o medo transborda sobre meu corpo, um sentimento que torna qualquer indivíduo, que se ache o mais forte, um simples frouxo, sentimento simples, claro, as vezes pode te salvar, mas pode acabar com a alegria da sua vida, das aventuras.
- O medo é apenas fruto de minha imaginação, o desconhecido pode significar aventura.
Com isso em mente, abro a janela, a claridade invade o quarto, que, tomado pela claridade, ilumina-se, enquanto isso ocorre, abro meus olhos suavemente, pondo as mãos sobre os eles, observando o que estava em minha frente, e, para minha surpresa, uma cidade, e logo uma fragmentação de memória vem, minha cidade.
- Espera, eu lembro deste lugar, mas...está, destruído?
Meus globos circulam pela paisagem que pode ser vista da janela daquele alto prédio, e era a mais das terríveis visões, a devastação de uma localidade inteira, o que antes poderia ser uma bela cidade, agora se transformou em um montão de concreto, sem visão de uma única pessoa, nada mais parecia vivo, com o susto que tomei diante de tal aparição em minha visão, acabo caindo para trás, sentando com força naquele chão seco, acabado, destruído por conta do passar dos anos, é simplesmente horrível, não pode ser, deve ser um sonho, esses tipos de ilusões sempre estão acontecendo comigo ultimamente.
Enquanto estou sentado, lágrimas descem pelos meus olhos, aquilo um dia deveria ser alegre, mas se torno triste, sem vida.
- E tudo isso por sua culpa.
- Minha culpa? O que eu fiz de errado? Como pode ser eu se não lembro de nada? - Digo com os olhos fechados, dessa forma não sabendo quem era que falava comigo, apenas escutava sua voz.
- Sim, se você tivesse morrido naquele momento, isso não teria acontecido, sabe por quê? Pois dentro de você reside uma fagulha da magia há muito tempo esquecida pela humanidade, mas, enquanto você fazia seus experimentos, decidiu seguir por caminhos errados da ciência, procurando por coisas que nem mesmo existiam, você manteve isso tudo oculto da pessoa que vês em sua cabeça agora. - A pessoa que é mostrada a mim é um rapaz, aparentando ser jovem, cabelos castanhos, olhos claros, pele branca, pouco parecido comigo... - O nome dele é...você terá que descobrir, mas, para sua esperança, ainda tens algumas coisas para poder salvar seu amigo, sua amada, sua terra, completar o desafio.
- Desafio, é? Se isso é necessário, eu farei.
Levantava meu corpo daquele solo, olhando instintamente na direção daquela janela, estava decidido a recuperar minha memória, meus amigos, minha amada, que mesmo não lembrando quem é, o sentimento denominado de amor está grudado em meu coração, mesmo não lembrando do rosto dela, darei minha vida para poder reencontrá-la, isso farei.
- Estou preparado, venha o que vier. - Diria cerrando os punhos, fechando os olhos, respirando fundo.
- Então pule, mas saiba que é um caminho sem volta, morrendo, todas as suas memórias possivelmente passarão pela sua frente, juntamente a sua eterna morte. Está mesmo preparado par...
Antes mesmo que ele pudesse dizer mais alguma coisa, aplico um impulso em meus pés, correndo, pulando na ponta da janela, e despencando lá para baixo, indo em queda livre, sem chances de retorno, morrendo, todas as minhas memórias iriam passar como um filmes, vivendo, já devem saber.
- Não existe retorno? E quem disse que eu vou retornar? Só o farei quando conquistar tudo que quero.
Sincronização do portal completa, morte bem sucedida.
Ps.: Agora sim a verdadeira aventura começa.
Bem vindo a Paradox, mate ou morra.
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Crônicas de Bruce.
AdventureJá parou para pensar que pode existir um mundo pouco diferente do nosso? Talvez, e apenas assim, esses dois mundos nunca devessem estar juntos, mas, o que aconteceria caso um desses abrisse seu portão dimensional, podendo assim transpassar uns aos o...