O vento soprava levemente naquela lugar, sacudindo as folhas das árvores em volta. O pequeno ria logo a frente, suas águas corriam com calma, a paz que existia ali nem se comparava ao terror e destruição que agora estava no templo do deus Dís.
Sentado sob um tronco de árvore que a muito tempo já havia caído, se encontra o sumo sacerdote, com seus olhos fechados, ele se concentrava, não conseguia ouvir e nem mesmo sentir aqueles que deixou para trás no templo... Era óbvio o que significava.
Ele abriu seus olhos e levantou seu rosto, olhando para a lua no céu, ele pode ver a fumaça que vinha do templo... Agora tudo estava em chamas, e logo tudo não passaria de cinzas.
_ PAI!
Hiashi virou-se para trás, vendo sua filha ali, correndo em sua direção. Seu coração pode se alegrar um pouco ao vê-la bem e viva.
Ele se levantou e a abraçou com força.
_ Minha filha, que bom que está a salvo - disse ele desfazendo o abraço e a olhando com um sorriso no rosto
_ Pai, quem eram aqueles homens? - ela perguntou
_ Eram bárbaros do Sul - respondeu Hizashi, surgindo logo atrás de seu filho, levando sua mão ao ombro do mesmo e sorrindo para ele, feliz em vê-lo bem
_ Do Sul? - Hinata logo se lembrou do que seu pai havia lhe falado a alguns dias atrás - O vento...
_ Sim, e ele chegou de surpresa, intenso e forte - Hiashi a respondeu
_ Como puderam atacar o templo? - Hinata perguntou com suas sobrancelhas arqueadas, não acreditava que alguém tivesse tamanha coragem de fazer tal coisa contra um templo, ou talvez fosse falta de fé, ou simplesmente ódio, mas... Contra os deuses?
_ Eles são bárbaros - falou Neji
_ Mas são devotos aos deuses - ela insistiu
_ Não mais - disse Hiashi - Tudo está destruído... O que não está ao chão é tomado pelas chamas
_ Você viu? - Hizashi perguntou
_ Eu senti - respondeu -... Todos estão mortos... Os sacerdotes, os guardas, os aprendizes...
_ Sakura... S-Sakura? - falou Hinata ao se lembrar de sua amiga - Sakura, ela... Onde ela está?!
_ Ela foi levada - Neji a respondeu, vendo sua prima lhe olhar
_ O que?... E você permitiu? Não fez nada?
_ O que eu poderia fazer?
_ Lutar contra eles, salvar ela, qualquer coisa para não levá-la!!
_ Eu tinha que salvar você
_ Poderia ter salvado ela tamb...
_ Eu não tinha chances! - sua voz saiu mais alta, interrompendo a Hyuuga mais jovem - Eu sou um Hyuuga da família secundária, nasci sabendo lutar para proteger aqueles que pertencem a família principal! Eu sei muito bem quanto posso ou não posso lutar e havia três deles com Sakura, eu estaria em desvantagem e se tentasse algo, com certeza eu estaria agora junto aqueles corpos no chão sagrado
Hinata deu alguns passos para trás, as palavras de seu primo lhe pesaram, e desejou, naquele momento que a deusa Kaguya tivesse feito diferente no passado.
_ Sinto muito - ele continuou - Você é o futuro do nosso clã, e entre nosso clã e os homens comuns dessa terra, eu sempre vou escolher o nosso clã
_ Chega Neji, ela já entendeu - falou Hizashi - O que faremos agora meu irmão?
_... Vamos para Medek? - Neji perguntou - São dois dias de viagem
_ Se formos agora podemos...
_ Não - Hiashi interrompeu seu irmão - Preciso falar com os deuses primeiro... Eles mostraram o caminho que devemos fazer
Ele olhou para sua filha, a mesma lhe olhava de volta, havia confusão em seus lindos olhos perolados. Hiashi sabia que não havia outro jeito, chamar a atenção dos deuses através de uma oferenda talvez não lhe daria uma resposta clara, ou um caminho a seguir, sem falar que demoraria, algo que não podia acontecer... Precisa falar com eles... Era o único jeito.(...)
No céu, o tom escuro da noite já era bem presente, assim como as nuvens que escondia as estrelas.
As vozes dos soldados bárbaros, que guiam aquele navio sob o mar cinzento, se misturava com o som das águas e o choro das mulheres ali, capturadas.
Estavam todas no convés, com correntes em seus pulsos, as prendendo umas às outras, como se fossem animais selvagens, e eram admiradas e desejadas como um objeto.
Com o rosto sem qualquer expressão, olhar totalmente perdido e os pensamentos muito longe para ouvir qualquer coisa que acontecia ali, ou até mesmo sentir o vento gélido que soprava e fazia sua pele alva se arrepiar, Sakura estava sentada como as outras. A única coisa que sentia era o sentimento de culpa, a dor na consciência. Tudo aquilo estava acontecendo porque quebrou a promessa feita por sua mãe ao deus Dís, porque permitiu outros sentimentos crescer dentro de si, tomar espaço em seu coração, fazendo sua mente pensar de outra forma, fazendo desejos surgirem... Por quê tinha que ser assim? Tudo seria mais fácil se tivesse o desejo de ser tornar uma sacerdotisa, se tivesse sonhado com o tão glorioso dia, se tivesse apenas isso em seu coração, então os deuses teriam misericórdia dela e das outras. Mas agora os deuses as abandonaram e permitiram que o mal cai-se, e não somente sobre ela, mas todos do templo.
Seu coração doeu mais em seu peito ao lembrar-se de todo aquele sangue e o cheiro que tinha, dos corpos dos aprendizes, sacerdotes, pessoas boas e gentis e outras nem tanto, sobre o chão sagrado, o templo totalmente destruído, as imagens, as oferendas... Era clara o rastro do deus da morte, e agora, estavam sendo levadas para uma terra estranha, lar do maligno e da escuridão, onde habita a maldade e o ódio do rei bárbaro.
Histórias era o que não faltava sobre esse povo, os bárbaros, sedentos por sangue, onde veem divertimento na dor e sofrimento alheio, onde se reúnem em grandes arenas, apostam quantidades de ouro para se divertir com a lutas até a morte, e sempre de modo violento... Eram o que gostavam, da violência.
_ Por que os deuses estão permitindo isso? - falou uma das sacerdotisas, com a voz embargada pelo choro, enquanto olhava para o céu escuro - O que fizemos para desagradá-los?
_ Não fizemos nada - disse outra
_... Sabem que fizemos... Sabem muito bem que já fazia certo tempo que as coisas não eram perfeitas como antes, principalmente no templo - respondeu a sacerdotisa Shizune, com o olhar sério
_ Como ousa dizer isso?
_ Eu sou sacerdotisa como você Iruna, e nós sabemos como saímos do caminho - falou
_ Isso não é verdade!
_ Caladas! Suas putas - o grito firme do soldado às assustou
Com um sorriso de canto ele se afastou delas, continuando sua vigília noturna.
_ '' Deixaram de agradá-los da forma que deveria'' - Shizune sussurrou em um dialeto antigo, conhecido somente pelas mulheres que eram ensinadas e preparadas para o sacerdócio - '' Os ensinamentos... Muitos deles não são como antes''
_ ''Você enlouqueceu'' - sussurrou a sacerdotisa Iruna nos mesmos dialetos - '' Não pode ser isso... Maus ensinamentos ser pago com sangue?... Todo aquele sangue?... O sacerdote Iuco, Tatsu, Macary... Os aprendizes do segundo ciclo...''
_ '' Não há explicação'' - disse uma das aprendizes ali - '' Não nós desviamos do caminho''
_ '' Então o que pensa que houve?... Qual é o motivo?, Por que eles fizeram isso conosco, seus servos?'' - Shizune perguntou entredentes
_... '' Fui eu'' - disse Sakura com a voz trêmula, chamando a atenção de todas elas, que a olharam sem entender
_ '' O que?"
_ '' Eu... Eu não queria me tornar uma s-sacerdotisa'' - sentiu lágrimas descerem por seu rosto - ''Meu coração... Minha alma... E-eu tinha desejos diferentes... Desejos errados... Eu não queria... Tive medo''
_ '' Como é?''
_ S-Sakura...
_ '' S-sinto muito''
As lágrimas desceram com liberdade pelo seu rosto, ardendo sua pele, mas nada doía mais do que seu coração, do que seu corpo, a dor da culpa era muito forte para ela.
_ Você... A culpa é toda sua - disse a sacerdotisa Iruna entredentes - Sua desgraçada! Os deuses deveriam ter lhe matado no lugar de todos aquele...
_ EI! Eu mandei calar a boca - falou o soldado se aproximando novamente delas, desferindo um forte tapa no rosto da sacerdotisa, vendo ela cair no chão - Calem a boca!
_ Se acalme Tarus, elas são despojos - Minato se aproximou do soldado, vendo ele curvar sua cabeça - Um arranhão e elas perdem o valor
_ Sim meu general
Suspirou levemente, voltando seu olhar para as mulheres. Eram fracas e indefesas, e podia ver o medo de cada um em seus rostos, assim como nas tantas outras que estavam nos outros navios... Servas fiéis aos deuses.
Ele deu meia volta e, com passos firmes andou até o leme, onde seu rei se encontrava. Seu rosto estava estranhamente calmo mas sua postura ainda era tensa.
_ Meu rei - Minato curvou sua cabeça para o Uchiha - As mulheres...
_ Você não estava lá - Sasuke interrompeu seu general, que o olhou um pouco confuso - No ataque... Você não estava lá
Sasuke se virou para o Uzumaki, vendo ele desviar o olhar.
_ Por que não estava lá? Você é meu general, você deve ficar ao meu lado - disse o Uchiha entredentes, apertando-os com força em seguida, se aproximando do mais velho
_ Perdão meu rei...
_ Pelo que? - o interrompeu novamente - Por ser fraco? Por ser um inútil? Ou por me desafiar? - Sasuke parou a sua frente, apertando suas mãos em punho
Minato voltou a olhar para seu rei, vendo a raiva naqueles olhos negros, vendo seu rei Fugaku totalmente ali, não mais na aparência, agora nas atitudes.
_ Eu devia matá-lo... Estripalo aqui mesmo e jogar seus restos no mar
_ ... Peço perdão me...
Mais uma vez ele foi interrompido por Sasuke, que lhe acertou com um forte soco em seu abdômen, que o fez se ajoelhar e tossir algumas vezes.
_ Você não serve para mim, é tão inútil quanto qualquer soldado, não faz diferença alguma para mim - Sasuke o olhava com raiva, segurando sua vontade de matá-lo, pois não podia fazer isso, era grande amigo de seu pai, e matar o Uzumaki seria como sujar as lembranças de Fugaku
Sasuke se afastou, andou até a beira do navio, olhando para o mar, enquanto respirava profundamente, na tentativa de acalmar-se.
_ Você não é mais meu general. Saia daqui soldado - falou Sasuke - Saiba que apenas vive por meu pai, mas se me desafiar novamente... Não me importarei de sujar o que for... Morrerá lentamente
Minato levantou-se do chão, ainda sentindo a dor em seu abdômen, mas não ficaria mais ali, sabia que como o Uchiha a cautela nunca era excessiva, e o laço de amizade que teve com Fugaku não o manteria vivo para sempre.
_... Itachi - Sasuke chamou seu primo, que se manteve ali, parado em um canto apenas observando - Quando chegarmos em Nênia, quero que leve a puta de cabelos estranhos para os aposentos
_ Ela não será vendida juntamente com as outras?
_ Não - Sasuke olhou para seu primo -... Ela pertence a mim
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The Love Between Opposing Worlds
AçãoDe um lado o sombrio e bárbaro Sasuke Uchiha. Orgulhoso, arrogante, autoritário e temido por muitos, e assim como seu pai, detestava todos os deuses... Passou a acreditar que os mesmos não existiam depois de lhe tirar aquilo que amava. Agora o que a...