O Crime de um Uchiha

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 "Ele deveria me trazer a felicidade
Mas a cada olhar meu peito se machuca de verdade
Suas palavras vem a minha mente como oração a me socorrer
Mas em vez de ajudar faz as lágrimas descer
Cada lançar de flecha é um pedaço da dor
Por meu coração foi ferido
Por quem disse que me amou
Um covarde mentiroso
Um menino homem
Que se dizia generoso
Que merda de sentimento é esse tal amor?
Deveria ser o que me ligasse ao meu protetor."


Alpha Romanoff



Por suas narinas, a leve respiração de seus pulmões saiam com calma, algo bem diferente do que seu coração sentia naquele momento, algo que fora capaz de lhe tirar totalmente o sono.

Sua mente ficou perturbada e inquieta depois de ouvir as palavras daquele homem que, no passado, chegou a reconhecê-lo como amigo, que o ensinou a empunhar devidamente a espada, que o ensinou a ser forte mas nunca deixar seu coração ser corrompido... Agora, tais palavras ditas por aquele homem a muitos anos atrás, que tanto o ajudou a moldar quem ele era hoje, parecem totalmente sem sentido algum, afinal, Orochimaru demonstra ser aquilo que o ensinou a não ser.

" Você sabe o que fazer agora..."

Sim, em sua mente a voz da Uzumaki também ecoava, não permitindo que ele esquecesse de seu dever, de seu caminho, nem por um momento, nem mesmo naquele momento. E, pela primeira vez e muito tempo sentiu algo que pensou que nunca mais sentiria, algo que pensou ter deixado de sentir no momento que, de fato, se tornou um homem bárbaro, deixando a criança frágil e inocente para trás... O medo.

Por mais que tenha passado vários anos desde que era um simples garoto a treinar com sua espada de madeira, se lembrava perfeitamente da sensação, do que o medo lhe causava e era o mesmo que estava lhe acontecendo agora. Seu corpo tremia levemente, suas mãos, conseguia sentir o suor as umedecer e algo dentro de si. "Sua alma? Talvez." Temia o que estava por vir e gritava por ajuda, pedindo para que seu destino fosse outro... Qualquer outro.

Com certeza foram esses os sentimentos e conflitos que levaram o general do exército Uchiha para aquele lugar. Um cômodo amplo e bem iluminado não só pela pequena abertura no teto, que permitia a luz do dia, e da noite, adentrar ali, mas também pelas várias velas espalhadas pelo lugar. Não chão, nas mesas e no altar, dividindo espaço com frutas, carne aparentemente recém assada, flores e plantas. Tudo aos pés das duas estátuas sobre o altar. A deusa Kaguya e o deu Dís.

O templo da cidade nunca fora um lugar muito visitado pelo general, ele sempre preferiu cumprir com suas oferendas no pequeno altar no castelo, onde podia se ter a privacidade desejava. Mas agora era diferente, com tudo que estava conturbando sua mente e coração, não iria se importar de ser visto por outros, nem mesmo ser observado, tudo que desejava naquele momento era de coragem, e somente os deuses poderiam lhe conceber tamanho desejo.

Desde o momento que deixou a floresta, com as palavras de Orochimaru queimando sua cabeça, em um pequeno momento de clareza, Itachi seguiu para o templo, ignorando toda a comemoração na cidade e ficou ali, vendo o céu clarear pela pequena abertura no teto, dando início a mais uma dia na grande Heinz e, um simples e comum dia para quase todos os cidadãos... Mas não para ele.

A luz do sol tinha vários significados e, a maioria deles eram bons mas,naquele momento não foi bom para ele, não para o Uchiha que viu aquele nascer de sol como sua sentença e certeza de que não haveria salvação.

— Bom dia, general

Aquela voz, a mesma que soava em sua mente junto a de Orochimaru, soou mais forte e com mais clareza ao seu lado, sendo capaz de tirá-lo de seus pensamentos.

Lentamente, Itachi virou seu rosto para o lado, vendo a conselheira do rei parada ao seu lado, com seu olhar fixo nas imagens dos deuses.

— O que você quer? - perguntou em um tom baixo

— Nada - respondeu ainda sem olhá-lo — Venho todas as manhãs ao templo rezar aos deuses

—... Achei que você sendo quem é, seria a única a não precisar fazer isso

— Pelo contrário... Sou a que mais precisa - disse a Uzumaki, olhando brevemente para ele —... Está tudo be...

— Você sabe bem quem apareceu para mim ontem - ele a interrompeu com sua voz mais grossa, trincando o seus dentes com força em seguida — Orochimaru

O coração da conselheira falhou uma batida ao ouvir aquele nome, já sabendo exatamente o que significava, sabendo o que ele havia falado para o Uchiha e o que viria a partir de agora.

— Então... Chegou à hora - disse Hinata, tornando a olhar para as imagens dos deuses, buscando um pouco de força para conseguir manter-se de pé naquele momento e controlar seus sentimentos — Sabe o que fazer?

— Eu sei exatamente o que fazer - seu tom sério estava diferente, algo que a Uzumaki nunca havia ouvido antes e, isso a fez temer — Ele mesmo me falou

— Por que está aqui então, no templo?

—... Buscando coragem - respondeu ele em um sussurro, era difícil admitir tal coisa em voz alta

— Não precisa disso, apenas use o que o Norte lhe deu naquele dia, quando você pisou naquela terra negra - Hinata voltou a olhar para ele — Então todo se tornará mais fácil

Ele nada disse, apenas assentiu levemente e suspirou em seguida, deixando que sua mente se esvaziasse de pensamentos que, na certa, o faria desistir de tudo coisa que não podia acontecer. Sabia muito bem o que aconteceria a si e seu povo se não tomasse tal caminho.

— Posso lhe pedir uma coisa? - fora a vez dele de olhar para a conselheira, deparando com seus olhos perolados direcionados a si —... Por favor... Cuide de Konan. Todos iram saber do que eu fiz e desejaram a minha morte e de quem comigo ficava... Não me importo de morrer, com tanto que ela não morra também

— Não se preocupe - disse Hinata seriamente — Eu prometo, juro pelo meu nome, pela minha honra que eu e todo o meu clã a protegerá... Ninguém tocará nela

Conseguiu sentir um pouco de alívio em seu coração carregado e conturbado naquele momento, que mesmo pequeno fora de grande alívio para seus ombros. Saber que a dona de seu coração estaria segura diante das consequências que seu ato o levaria...

— Obrigado

The Love Between Opposing WorldsOnde histórias criam vida. Descubra agora