Redenção

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O vento gélido que entrava pela janela, tocava seu rosto alvo, secando as lágrimas que havia descido de seus olhos. Seu olhar estava escurecido pelos sentimentos dentro de si, seu rosto estava totalmente inexpressivo. Ainda estava na mesma posição desde que a rainha saiu do aposento, sentada sobre a cama, abraçada aos seus joelhos e ficou assim por um longo tempo, não sentindo forças em si de sequer se mover, tendo os pensamentos nos aprendizes e sacerdotes do templo, todos mortos no chão sagrado, com o sangue escorrendo de seus corpos sem vida, formando poças vermelhas, e seus olhos totalmente sem vida. E agora, era os homens, mulheres e crianças de Ravenna que estavam assim, sem vida ao chão da cidade, com o sangue formando poças... O verdadeiro cheiro da morte.

— Sinto muito

Ela saiu de seus pensamentos quando ouviu aquela voz, já sabendo de quem pertence, ela franziu o seu cenho, não se movendo sobre a cama.

— De verdade eu... Eu s-sinto muito

Sakura apertou mais o abraço que dava em suas pernas, já sentindo as lágrimas voltarem a se formar em seus olhos, deixando sua visão embaçada.

—... Eu... Eu disse pra ele ir... Recuar eu disse... Disse à ele, volte com seu exército... Por que não me ouviu?

Ela pode notar que a voz dele estava diferente, como um tom... Triste?... Era o mesmo tom que ele havia falado consigo na última vez, quando foi envenenada.

Lentamente, Sakura virou seu rosto e olhou para o lado, estranhando quando se viu sozinha ali no aposento.

— Ele se negou e avançou

A Haruno arqueou as suas sobrancelhas quando notou que a voz dele vinha do outro lado da porta... Ele não havia entrado como fez antes.

—... Eu n-não... Não queria mata-lo... Eu juro... Juro pelos deuses que não era minha intenção

Seu coração doía em seu peito enquanto tentava manter sua voz calma, sentindo o bolo em sua garganta incomodar.

Desejava olhar para ela, olhar em seus olhos verdes, mas sabia que não tinha esse direito e, também nem sequer forças para simplesmente abrir aquela porta havia em si, tentou por mais de três vezes, mas a imagem daqueles olhos carregados de dor e lágrimas o impediu. Então decidiu falar dali mesmo, com a porta fechada, esperando que ela ao menos lhe ouvisse.

—... Ravenna foi destruída, mas eu ordenei que não seu povo não fosse morto - disse rapidamente — Não vou vendê-los nem escraviza-los, eu juro à você

Sasuke respirou profundamente, sabia que seria difícil ir contra o seu eu bárbaro e falar aquilo que estava dentro dele, nunca havia feito isso antes e, mesmo que ainda não entende-se muito bem o porquê fazia aquilo, algo dentro de si dizia que devia fazer.

— Sua mãe não está comigo... Ela não estava em Ravenna, mas eu não faria nada com ela, nem deixaria que fizessem mal à ela

— O que faria com ela?

Seus olhos negros se arregalaram ao ouvir aquela voz, baixa e um pouco trêmula, mas foi o suficiente para fazer o coração do rei Uchiha acelerar.

— O que faria com se ela estivesse em Ravenna? Se ela estivesse em seu domínio? - Sakura perguntou

—... Eu daria ela a você - respondeu rapidamente

— E ela ficaria aprisionada aqui comigo?! - sua voz aumentou enquanto ela se levantava da cama com lágrimas descendo por seu rosto — Ela ficaria a mercê de seu ódio? Do seu mal?

— Não... Nunca - ele sussurrou apenas para si, colocando uma mão na porta

Ela andou até a porta a passos pesados, desferindo um soco na mesma, sentido a dor em seu punho.

— Por que você faz isso? - ela deu outro soco — O que você quer? - ela desferiu outro soco na porta

Soltando o choro que estava entalado em sua garganta, ela encosta na porta e desliza seu corpo até o chão frio, sentando-se ali, com seu corpo apoiado na porta.

— O q-que eu f-fiz à você? - perguntou em meio às lágrimas, que agora desciam em abundância

Ele se agachou, deslizando sua mal sobre a madeira e parando onde sabia que ela estava, do outro lado... Ouvindo seu choro, desejando imensamente tocá-la

— Por que não me deixa ir?... Por que não me mata de uma vez como desejava?

"Por que"?... Ele também se perguntou, com certeza a dor dela acabaria e os deuses a receberiam no alto. Já não havia mais o desejo em si de humilha-los, ele sabia disso, então... "Não!". O gosto em sua boca se tornou amargo naquele momento... Mata-la não parecia certo, o que faria depois?... Conseguiria... Viver? Não conseguiu pensar, ali, em seus dias, em suas noites, sem ela estando viva, simplesmente não conseguiu.

— Não... Não posso - ele respondeu a ela depois de um tempo, e olhou para a porta —... Você... Você é muito importante... Muito valiosa

Sakura franziu o seu cenho ao ouvir aquilo, não compreendendo o que ele queria dizer.

— Ravenna não é minha cidade, aquele povo não é meu povo, eles não me conhecem, sequer sabem meu nome - disse ela com tristeza — A rainha só me deu a luz... Depois me entregou aos sacerdotes do templo. Eu mal a conheço... Para quem eu séria tão importante e valiosa?

— Para mim - ele respondeu firme

Os olhos da Haruno se arregalaram ao ouvir aquilo, sentido o ar lhe faltar em seus pulmões.

— Para mim você é a coisa mais importante e valiosa e, não somente isso mas... Você vive em mim - uma lágrima desceu pelo rosto do rei — E eu peço perdão por tudo que fiz a você... Prometo fazer o possível para me redimir

Ela olhou para porta por cima de seu ombro, ouvindo o barulho dos passos dele por aquele corredor, se afastando cada vez mais daquela porta... Se afastando dela.

The Love Between Opposing WorldsOnde histórias criam vida. Descubra agora