Mudanças

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O silêncio dominou a sala do trono, o cenho do rei estava totalmente franzidas e sua expressão era a mais séria já vista, o que era assustador para alguns. Sua respiração era tensa, enchia os pulmões para depois soltar o ar acumulado de uma vez pela boca, suas mãos apertava com força o braço do seu trono, em que estava sentado, e o que sentia dentro de si... Aquele sentimento que estava ali, não sabia o que era, só sabia que queimava, ardia o seu interior, a sensação de não tê-la , de não poder tomá-la ... A sensação de sua pele em suas mãos, aqueles olhos lhe encarando...

_ A raiva pode fazer isso? - a voz de Jiraya se fez presente na sala do trono, quebrando o silêncio que outrora havia ali

_ Ela é a rainha - respondeu Kakashi

_ E seu filho é o rei, está acima dela - falou -... Se bem que eu até entendo você, pobre soldado - Jiraya olhou para o soldado, o mesmo que havia ido até a rainha - Não é qualquer um que tem coragem de enfrentar um Yamanaka

O soldado baixou sua cabeça, sentindo a vergonha da incapacidade.

_ Nunca compreendi muito bem o porque uma Yamanaka ocupa o cargo de serva pessoal de nossa rainha - Jiraya continuou

_ Porque ela é a última barreira - Kakashi o respondeu - Quando tudo falhar, Ino é a última proteção da nossa rainha

_ Mas logo do clã Yamanaka? - questionou - Não são eles que são loucos por sangue? Dizem até que comem carne humana

_ Isso é lenda - falou Kakashi o encarando

_ Isso é história

_ Mais verdadeira que o clã Hyuuga? - Kakashi com ironia - Nunca presenciei ou ouvi boatos que a serva Ino ''comeu'' alguém

_... Bem... Talvez não nesse sentido, não é mesmo? - Jiraya sorriu maliciosamente

_ Chega! - a voz de Sasuke cessou a conversa entre os seus conselheiros - Deixe que minha mãe faça o que quiser com aquela puta. Que cuide dela, restaure suas forças, mas fique de olho... Quando isso acontecer, que eu seja informado

_ Sim meu rei - falou o soldado, retirando-se em seguida

_ O que pretende, meu rei? - Kakashi perguntou ao Uchiha, que o encarou

_ Sabará quando acontecer... Todos saberão - respondeu - Até mesmo os deuses... Quero que eles sintam mais do que qualquer um

_ Faz bem meu rei - Jiraya sorria para ele

_ E a rainha?

_ Até lá, espero que ela já tenha que colocado em seu devido lugar, pois não permitirei uma terceira afronta... Não mesmo - o tom de Sasuke soou de forma fria

_ Meu rei, peço perdão mas...

_ Chega Kakashi, não quero mais falar sobre esse assunto - Sasuke o interrompeu, se ajeitando em seu trono - Mandem chamar Itachi aqui e preparem o ritual de sangue... Eu fá-lo-ei general do meu exército

_ O que aconteceu com Minato? - Jiraya perguntou, franzindo o seu cenho

_ Minato... Ele é um desgraçado incompetente - Sasuke respondeu entre dentes - Estava mais do que na hora de eu destituí-lo

_ Isso és muito bom - Jiraya voltou a sorrir - Minato ainda é fiel aos deuses

_ Você não sabe disso - Kakashi o olhou de forma séria

_ Ele buscou ajuda aos sacerdotes do monte Rury quando sua esposa adoeceu

_ Isso faz anos, Naruto nem ao menos sabia andar

_ O que importa é que, pelo poder dos deuses Kishina foi salva, restaurou sua saúde - disse Jiraya - Tal demonstração de compaixão dos deuses para com os Uzumaki's não é facilmente deixada de lado

_ Agora ele é um soldado qualquer, que faz coisas quaisquer, que está propício ao erro... E quanto o erro ocorrer, então eu poderei matá-lo sem necessidade de um julgamento - disse Sasuke

Kakashi reprimiu toda sua vontade de falar ao seu rei, questioná-lo ou apenas fazê-lo mudar de idéia, pelo menos ao assunto do Uzumaki, mas tinha consciência de que não adiantaria de nada, seu rei mudou muito, estava muito mais do que Fugaku. Isso é notável.

(...)

No céu, podia se ver ao longe o sol se pondo no horizonte, dando seu lugar a lua, que chegou cobrindo de escuridão e estrelas brilhantes no céu.

Nas ruas da cidade de Nênia, as tochas nas ruas já eram acesas e, dentro das casas, as velas e lamparinas, iluminando.

No castelo, na pequena biblioteca, com grandes estantes repletas de um dos tesouros mais preciosos e protegidos pela rainha, a mesma se encontrava de pé, diante de uma daquelas estantes, procurando um livro em específico.

Já fazia certo tempo em que estava sozinha, encarregou sua serva Ino para cuidar da jovem de peculiar, e também de protegê-la, necessitava de proteção mais do que ela.

O barulho da porta sendo aberta a despertou e seus devaneios e a fez olhar para a direção da mesma, sorrindo em seguida ao ver o Hatake ali.

_ Perdão, não quis interromper seus pensamentos - Kakashi adentrou a biblioteca, fechando a porta atrás de si

_ Sabe que não atrapalha - ela se virou para ele, sem deixar de sorrir , a companhia dele a agradava - O que lhe trás aqui? Sei bem que não se agrada desse tipo de leitura

_ De fato - ele sorriu levemente para ela - Vim falar da jovem que protege

_ Ah... É claro - seu sorriso se desfez e ela voltou sua atenção aos livros na estante

_ Não acha muito perigoso? - perguntou ele se aproximando dela - O soldado contou ao rei o que fizeste...

_ Eu sei disso Kakashi - ela o interrompeu, voltando a olhá-lo - Eu sei como meu filho agiu e vai agir... Demorou mas eu aprendi, sei como ele vai agir... Mas não irei aceitar nunca

_ Por que faz isso? Ele mandará matá-la - ele a olhava com tristeza - És o que deseja?

_... Você sabe o que ela é? Sabe Kakashi? - um pequeno sorriso surgiu no rosto da rainha

_ Ela é uma sacerdotisa do templo do deus Dís - respondeu

_ Não, ela é mais do que isso... Ela é a nossa última esperança - falou - As outras foram vendidas como objetos e com certeza já foram tomadas a força, a pureza lhes foi tirada, exceto de uma... Desta jovem, e é exatamente isso que impede dos deuses castigar essa terra

_ Como pode acreditar nisso? - seu tom era sério - Acha isso pelo fato de ela ter um cabelo estranho? Saiba que aquilo pode ser uma doença

_ Não é uma doença, segunda o que ela disse, nasceu com os cabelos assim

_ Isso não prova de que és uma doença

_ Se for uma doença, então o que eu digo se aplica. Se matarmos ela, sua ''doença'' pode se espalhar

_ Isso não é a doença do pântano

_ Não importa - falou a rainha, dando um passo na direção dele - Doença ou não, nascida ou não, eu a protegerei, eu a salvarei do meu filho

_ Isso irá custar sua vida Mikoto

_ Que seja então! - sua voz saiu mais alta - ... Se ela for morta eu não verei mais sentido nesta vida e, não irei querer ver meu povo sucumbir e queimar nas chamas feita pela pura ira dos deuses... Prefiro a morte do que presenciar isso

Kakashi soltou um leve sorriso, enquanto via os sentimentos e a verdade no olhar de sua rainha.

Ele deu um passo para trás, seguido de outro e outro, afastando-se dela.

_... Você falou tanto do seu filho que não percebe que mudou também - o rosto do Hatake não havia expressão, mas seus olhos carregavam tristezas, assim como suas palavras - E assim como não o reconheço, eu também não a reconheço Mikoto, e agora... Não é somente Sasuke que é o empecilho entre nós dois

Desviando o olhar dos dele, Mikoto voltou a olhar para os seus livros nas estantes, enquanto ouvi-a sair de sua presença, a deixando, novamente, sozinha ali.

(...)

Dias haviam se passado e, em Ravenna já era sabido por todos o que havia acontecido ao templo do deus Dís, as cidades próximas já haviam recebido suas cartas escritas pelo próprio rei Kizashi Haruno, e seladas com o selo da família Haruno. Alguns se negaram a marchar em direção a cidade dos bárbaros, temendo a morte certa, outros se uniram ao rei Haruno, enviando seus exércitos. Alguns deles já acampavam ao redor de Ravenna, apenas aguardando ordens.

Hiashi andava pelas ruas da cidade, observando a mesma, vendo que a batalha aumentou, e muito, o movimento nas ruas. Soldados eram vistos por todo o lugar, assim como pessoas assustadas com tudo aquilo, rezando e suplicando a piedade aos deuses, o que apenas fez ele se sentir mais impotente e decepcionado consigo mesmo por não ter obtido êxito em convencer o rei Kizashi, e agora, milhares de pessoas sofreram com a desobediência e arrogância de um único homem.

_ Neji - Hiashi chamou seu sobrinho assim que parou de andar, o mesmo vinha logo atrás - Os Hyuuga's?

_ Já foram para Marak, meu tio - Neji o respondeu - Meu pai os acompanhou pessoalmente. Ele irá nos encontrar lá

_ Ótimo - respondeu voltando a andar - Quando foi a hora, quero que leve Hinata para lá também

_ E o senhor? - Neji o acompanhava

_ Eu devo ficar ao lado do rei, afinal, fiz um juramento a ele

_ Mas... Nosso clã fez um juramento aos deuses muito antes de tudo isso

_ Eu sei, mas não posso, nem devo, quebrar essa promessa

_ Meu tio - Neji parou a sua frente, fazendo-o parar de andar - É sabido por todos que Ravenna não terá chance... Os bárbaros invadiram essa cidade e tudo virá ao...

_ Neji... Você se parece tanto com Hizashi quanto pensa, sabia? - Hiashi sorriu para seu sobrinho - Quando os anos chegar, você verá o quanto foi melhor do que ele... Você é um bom Hyuuga...

_ Está morrendo? - ele o interrompeu

_ O que?

_ Perdão mas... Vovô disse coisas parecidas quando estava morrendo - ele viu seu tio soltar uma leve risada

_ Meu pai... Ele se achava um, como dizem... Poeta? Contador de histórias ou um bom cantor? Talvez - Hiashi tinha um brilho nos olhos - Gostava de usar palavras longas e complicadas para descrever coisas que acabava ficando meio sem sentido... As vezes sinto falta dele

_ Então o senhor vai morrer?

_ E todos nós não vamos um dia

_ Sabe o que eu quis dizer, meu ti...

_ Sei que vai cuidar bem de Hinata, não é? - ele o interrompeu - Não permita que ela sofra tanto... Às vezes a dor pode ser benigna para um Hyuuga, nos ensina muito sobre nós mesmo mas... Em excesso faz mal

_... Por isso ficará em Ravenna, não é? Por isso não deseja ir com o clã

Hiashi nada o respondeu, não havia o que lhe dizer, não deseja contar-lhe o que os deuses lhe reservaram, nem ao menos sua filha saberia, pois a falta de confiança nos deuses seria abalada, e, no momento atual, isso não podia acontecer de forma alguma.

Ele apenas sorriu para seu sobrinho e voltou a andar pela rua da cidade, a espera da profecia que a deusa Kaguya lhe dissera, não podendo fazer mais nada por aquele povo inocente.





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