Bufo pela trigésima quarta vez só nesta manhã, eu não paro de pensar no dia turbulento de ontem.
Depois do Logan me deixou em casa, eu corri pro meu quarto com meu pote de sorvete de abacaxi e com o dele também. O que mais me incomodou ontem além da minha mãe, foi ele dizer que o Aaron é o mais próximo de um amigo que ele tinha.
Pensei que éramos no máximo "colegas quase amigos", mas tudo bem, o dia de hoje conseguiu me fazer quase esquecer o de ontem.
Minha mãe simplesmente ignorou minha existência dentro de casa e eu nem tentei contornar a situação, mesmo eu sabendo que não tenho culpa de nada, eu me sinto culpada do mesmo jeito.
—Como os grandes pensadores dos séculos passados, quero que vocês busquem em si mesmo sua própria filosófica, em uma redação vocês vão ter que me mostar o que vocês sentem ou são de maneira simples e complexa, você decide, seja o que você acredita, seus ideais e etc, montem algo e me tragam daqui a duas semanas. ‐ela abre a boca pra falar algo, mas a porta é aberta bem na hora.
E pra surpresas de todos, principalmente eu, Logan parecia está incrivelmente bem, era nítida em como toda a sala ficou surpresa com a volta dele.
—Depois de faltar um mês, você volta e ainda chega atrasado, Garret? -A Professora lia diz, se aproximando dele com seus míseros 1,65 de altura, mas não deixa de ser intimidadora. Logan sorriu de maneira divertida pra ela, sem se importar com a sala toda prestando atenção em cada movimento dele.
—Foi mal, eu estava na diretoria resolvendo minha situação. -Ele entrega algum papel pra ela, e ela o olha desconfiada antes de ler.
Por um breve momentos seu olhar pairou sobre o meu, ele acenou com a cabeça e voltou sua atenção para a professora que lia o papel com atenção.
Olho pro Aaron que o enacarava quase catatonico sem quaisquer reação.
—E você vai dar conta de tudo isso?
A professora diz ainda olhando pro papel.
—Claro.
Ele me lança um olhar cúmplice e eu sorrio, desviando o olhar pra janela.
—O seu trabalho vai ser a mesma coisa que o deles, mas ao contrário deles, você vai ter que apresentar.
Ela fala devolvendo a folha pra ele.
—E qual seria o trabalho? -ele diz se sentando na primeira fileira, um dos dois lugares vazios na sala.
—No geral você vai ter que se expressar de alguma forma, expressar o que você sente ou o que você é, pode ser uma música, um poema, uma dança, você que sabe, desde que deixe óbvio seus sentimentos ou o que você deseja passar para todos da sala.
Ela diz se sentando na mesa dela.
—Isso vai me ajudar a recuperar tudo que perdi na matéria da senhora?
Ele pergunta e ela concorda, mesmo depois deles terminarem de falar, a sala continua em silêncio extremo,como se estivessem esperando alguma explicação pela sumiço e pela volta dele.
— Eles te aceitaram assim, de boa? -Pergunto ao Logan, aproveitando a ausência de pessoas na sala devido ao intervalo.
—Sim, falei que era por causa do luto e que não estava me sentindo bem pra voltar, que não é necessariamente uma mentira.
Ele diz apoiando a cabeça em seu punho, despreocupadamente.
—Mas vou ter que recuperar o que eu perdi individualmente com os professores. -ele bufa e se levanta. —Não vem comer?
Nego com a cabeça e ele me olha por alguns segundos antes de murmurar algo que não entendi e sai, observo ele sair da sala e volto pra minha mesa.
Pego minha agenta de anotação e foleio as páginas, procurando por algum texto antigo para que eu possa entregar Como trabalho de filósofia.
" eu adoraria entender a vida, quanto mais eu tento, menos da certo. Quanto mais eu corro, mais longe fica. Quanto mais eu grito, menos me escutam e então quando eu desisto, todos me ouvem, quanto menos eu corro, mais perto fico e quando não há mais voz, eles querem ouvir minha melodia.
E se eu nem tentasse? Talvez assim eu ainda teria voz..."
Minha leitura é interrompida quando um sanduíche embalado é jogado em cima da minha agenda.
—O que é isso? -pergunto apontando pro sanduíche, olho pro Logan que se senta livremente na minha frente, em um lugar que nem dele é.
—Um sanduíche. -Diz ele tentando ler o que eu estava lendo, mas eu o cubro com o braço.
—E porque você me trouxe um sanduíche?- pergunto desconfiada enquanto guardo minha agenda.
—Pra te bajular e você copiar minha matéria de graça. ‐Ele diz mordendo um sanduíche que estava na mão dele e eu nem notei.
—Eu não vou copiar sua matéria de graça, mas obrigada pelo sanduíche. -desembalo o sanduíche e dou a primeira mordida. —Você não tem que ir..sei la, socializar com seus amigos, ao invés de me observar comendo?
—Tenho, mas tinha esquecido como isso é tão exaustivo. -Ele diz praticamente enfiando o resto do sanduíche dele na boca. —Se meu carro estivesse bom, eu até te ofereceria carona, então quer ir a pé comigo?
Ele pergunta com a boca cheia e eu rio da voz dele.
—Vai me carregar nas costas? -pergunto sabendo mesmo sabendo que até quando o carro dele estava bom, todo santo dia ele vinha andando pro colégio, e todo santo dia eu esperava ele estar longe pra eu finalmente ir também.
—E porque não? -Ele diz saindo sem sequer esperar uma resposta, balanço a cabeça negativamente enquanto olho pro sanduíche, ainda sorrindo.
Mas que droga.
Penso enquanto como, sem sequer parar de sorrir.
Heloubabis
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Sem Razão
RomanceLogan perdeu aqueles que um dia amou, não tinha nada ou alguém que pudesse tirar as vendas dos olhos dele, não tinha razões pra buscar algo melhor pra si, Eva foi a única que percebeu o quão perdido e manipulado ele estava. Ele só precisava de um mo...