Sem Razão

Capitulo 42

Ando pela minha antiga rua, sentindo o frio na barriga por ter me arriscado a vir aqui, sentindo medo por não conseguir tê-lo de volta, passo pela minha antiga casa, que não está mais vazia e finalmente olho pra lá, o lugar que um dia foi o vazio dele e que também foi meu abrigo, mesmo que por alguns dias.

Talvez tenha sido loucura simplesmente vir pra cá algumas horas depois que o Aaron disse aquelas coisas pra mim, todas as minhas economias foram embora, tomara que tenha valido a pena.

Tento ver algo, mas uma caminhonete atrapalha minha visão e eu não consigo ter mais coragem pra continuar andando.

O medo dele não estar mais lá, ou o fato de eu não saber a reação dele, porque todo o caminho eu imaginei milhares de formas que meu coração sairia quebrado daqui.

Foi a porra de dois meses mais difíceis que pensei que teria, eu nunca soube o que era ter um coração dilacerado, até eu ficar sem ele.

Mas tudo se cura, no máximo ficaria apenas uma cicatriz, mas eu não queria me curar, eu não queria não sentir, eu não queria parar de tê-lo em meus pensamentos, em meus sonhos, em minhas musicas, eu finalmente consegui compor algo, mas não foram canções de amor.

Eu não acreditei nele e ele terá toda razão do mundo para não me receber, eu o abandonei e de uma forma ou de outra, ele precisava de alguém.

Respiro fundo antes de finalmente decidi se continuaria caminhando em direção à ele, ou voltaria, caminharia pra longe e o deixaria viver sem mim, talvez não seja tão difícil pra ele, como é pra mim.

Meus pés tomaram essa decisão por mim, minha respiração ficou cada vez mais lenta e meus pés caminhavam como se não tivessem um chão em baixo dele.

Sinto minhas pernas fraquejarem quando finalmente cheguei na frente da casa, tento manter minha respiração estável, mas falho miseravelmente quando o vejo passar pela porta com uma caixa na mão.

Seus olhos cor de âmbar pareciam surpresos em me ver e eu continuo, parada aqui sem nenhuma reação a não ser o encarar, seus cabelos tinham um novo corte e seu corpo, mais tatuagens, uma das milhares versões de Logan e a que com certeza, eu mais gostei. Seus lábios se abriram e fecharam, como se quisesse falar algo, mais nada saiu, eu consigo entender ele, porque é exatamente assim que eu estou.

Ele começou a caminhar com a caixa nas mãos e a colocando na traseira da caminhonete, sem tirar os olhos de mim.

E então eu me dou conta, ele está realmente partindo, observo as outras caixas dentro da caminhonete, juntas a que ele acabou de colocar.

—Pra onde você está indo? -minha voz sai em uma mistura de medo e nervosismo, o medo me fazia querer correr daqui, pra bem longe dele, eu não queria ver seu desprezo ou o fato de não querer me ver, eu não suportaria, mas o que eu sinto por ele, queria que eu tentasse, me fez vir até aqui, o sentimento que pulsava em meu coração, queria que eu desse uma chance para o nós, uma chance que eu nem sequer mereço.

Ele sorri e eu juro, que só por isso meus olhos se encheram de lágrimas, eu queria tanto me envolver nele de todas as formas possíveis.

—Pra mais perto de você. -ele responde, deixando seus sentimentos claros, quando uma lágrima escorre pela sua bochecha, fundindo-se ao sorriso dele. —Eu estou indo começar de novo, ganhei uma bolsa.

Eu queria poder dizer que me mantive firme perante o olhar dele, mas eu simplesmente corri pra ele, eu não aguentava mais estar longe.

—Me desculpa. -falo, sentindo que não faz mais sentido segurar as lágrimas na frente dele. —Me perdoa por não ter acreditado em você, por te ido embora, por ter te deixando sozinho.

Falo me apertando contra seu peito, seus braços me acolheram sem nenhuma resistência, meu coração quase falhou quando senti seus lábios contra minha testa.

—Eu não dei motivos o suficiente pra você acreditar em mim, eu só quero fazer as coisas certas dessa vez. -ele diz me apertando ainda mais sobre si, eu não quero sair daqui.—Porra, eu senti tanta a sua falta, você nem sequer pode imaginar.

Balanço a cabeça negativamente, eu com certeza posso imaginar, mas me forço a me afastar o suficiente para encarar os olhos dele, que estavam tão molhando quanto os meus.

Sorrio ao acariciar seu rosto com minha mão, seus lábios, sua pele, ele fecha os olhos como se fosse a coisa mais satisfatória do mundo pra ele, espero que seja tanto quanto é pra mim agora.

—Nunca fomos errados, do começo ao fim, desde quando você nem me notava, desde quando você me beijou pela primeira vez, e pela segunda e pela terceira, não vivemos nada errado, porque eu amo cada segundo que passei com você e nós somos "nós", por causa deles. -Falo de maneira sincera, todos meus dias longe dele, foram pensando nele e em todos momentos que nos trazem aqui, mesmo que muitas das vezes eu me obrigava a não pensar nele, por estar magoada demais.

Suas mão envolvem meu rosto de maneira delicada e seus lábios encostam o meu de maneira nada delicada, são precisos e desesperados, sedentos e cheios de saudades, assim como os meus.

Não tinha calmaria e eu não quero calmaria, eu não queria ficar longe dos lábios dele e de nada que se refere a ele.

Ele se afasta, me observando por longos segundos com um sorriso nos lábios.

—Eu até te convidaria pra entrar, mas no momento só sobrou um colchão e alguns pedaços de pizza. -ele sussuca acariciando meu rosto.

—Pra mim está mais do que perfeito. -falo o abraçando de novo, sentindo o cheiro dele, meu Deus.

—Acho que tem alguém com saudades de você também, -ele sussurra perto do meu ouvido e eu olho pra porta, aonde tinha uma gatinha, mais gorda do que eu me lembrava.

Hope me olhava de maneira desconfiada, mas depois logo correu para os nossos pés.

Sorrio emocionada e o olho.

—Me desculpa. -peço de novo, fiz o sofrimento ser aumentando pra mil vezes do que realmente deveria ter sido, quando tudo poderia ser resolvido em minutos.

—Eu que peço desculpa, comprei pizza de mussarela. -ele diz rindo, segurando minha mão.

—Retiro todas as minhas desculpas.