Teacher's Anatomy

Água mole pedra dura...

COSIMA POV

Shay do grego 'espirito obsessor' ou apenas o ser de alma atormentada que veio a terra exclusivamente para me fazer pagar todos os meus pecados.

Podemos começar dessa forma, visto que ela não perde uma oportunidade de se enfiar onde ninguém chamou, principalmente se estou perto da Professora Cormier.

Começou com um esbarrão, e do esbarrão migrou para leves toques no meu ombro e consequentemente abraços não solicitados.

A situação se passava da seguinte forma: eu tentava de todas as maneiras me manter perto de Delphine, mas Deus riu da minha cara e mandou o Lúcifer em pessoa pra desalinhar meus chackras.

Shay, você não se toca? Que maria te cubra com seu manto e não descubra nunca mais. Mas que inferno!

Eu permaneci com meu plano de fazer Delphine Cormier pagar pelas provocações que ela adorava fazer, mas no fundo sabia que estava a mercê de toda a melosidade da expectativa de passar um tempo ao seu lado.

Ela caminhou para um lugar no interior de um dos ambientes, era um acervo onde fora produzidos o ambiente de um laboratório de Anatomia e gabinete de trabalho de um dos mais famosos mestres da área em questão.

Esse local mantinha, além do mobiliário antigo, os instrumentos que o mestre utilizava nas dissecções, e algumas de suas preparações anatômicas especiais. Eu surtei, obviamente. Queria inspecionar todo o local, mas não conseguia tirar os olhos de Delphine. Talvez... Apenas talvez, eu devesse dar uma garrafinha de água pra ela se hidratar, já que estou a secando há um tempão.

Nossa, essa foi péssima, Cosima. Qual o seu problema?

Mas em minha defesa, não tenho culpa se ela me encara e meu sutiã já abre. Provavelmente é uma força maior que conecta a gente... Talvez a força... do.... Tesão.

Enfim, vamos focar em outra coisa. Vamos focar nos bonitos lábios... Não, Cosima, para.

Vamos focar na exposição de anatomia humana... do corpo de Delphine Corm... Caralho, preciso de um ar.

Puxei uma tragada de ar, fechei os olhos, me concentrei e... Ah, pronto. Não posso tirar os olhos da Delphine por 5 minutos que a Rachel já cola igual carrapato.

Ouvi a vozinha de gralha tentando captar a atenção da Dephine.

''Delphine... Olha isso são todas as ramificações de vasos e artérias não é?''

É vagabunda? Que legal vadia. Seguiu minha professora por que? Vontade de dar?

Calma Cosima, o urubu não pode te abalar. Nada pode te abalar.
Exceto todas as coisas.

PIRIRIM PIRIRIM PIRIRIM ALGUÉM MANDOU MENSAGEM PRA MIM

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Delphine: Cosima, você quer ir ali ver uma coisa legal?

Cosima: Tentador. Quero!

Delphine: Me encontra na porta da sessão.

É AGORA!!! CHUPA URUBU!

Vou fazer um chá de revelação pra revelar que finalmente o beijo vem!!!

***

DELPHINE POV

Eu estava andando por aquelas salas da exposição e sendo seguida por vários alunos que não saiam do meu pé. Mas eu queria mesmo era ficar próxima da desengonçada de óculos que não tirava os olhos de mim. E eu não tirava meus olhos dela...

Os alunos me perguntavam coisas e eu nem sabia se estava respondendo certo, pois só conseguia pensar na proposta que quero fazer para a Cosima depois de sairmos daqui. Estou bem aflita sobre sua resposta, então vou fazer a esfinge e lançar um enigma no ar. Meu único medo é dela não entender.

Rachel chega perto de mim serpenteando seus quadris e manda a pergunta mais ridícula que alguém sendo professora de biologia (amadah???) poderia fazer.

- Delphine... Olha isso são todas as ramificações de vasos e artérias não é?

SÉRIO MESMO CÃO? Volta pra faculdade e começa do zero.

Apenas respondi:

- rsrsrsrsrs sim.

INFERNO. E aquela fulaninha não sai da cola da Cosima, vou chama-la para fugir daqui.

Envio uma mensagem discretamente, me afastando de todos e indo em direção a um corredor externo do ambiente, na entrada do museu.

Fiquei esperando a bonita aparecer, mas ela demorou porque certamente aquele piolho de cobra estava grudada nela. Eu tava com cara de quem tinha acabado de chupar limão de tão mau humorada que eu estava, mas quando ela chegou eu quase derreti.
Abri um sorriso de orelha a orelha e fingi demência, pois eu faria a esfinge.

- Srta Niehaus, hoje o dia está particularmente difícil.

- É verdade, será que vai chover?

''Que conversa de elevador é essa Cosima?'' pensei.

- Te chamei para ver essa obra linda do crânio, veja só quantos detalhes temos nessa caixa dura presa ao nosso corpo, que guardamos todos os nossos segredos mais profundos...

Ela me olhou por cima do óculos e quase pude sentir seu olhar me fuzilando por chamar ela para falar sobre um detalhe tão bobo.

Ela não respondeu, e como eu estava mais a frente, senti que ela estava fazendo caretas de ódio.

- Bom na verdade, eu te chamei aqui para te convidar para um passeio no Pier 35 quando essa excursão acabar. Podemos nos encontrar às 16h30 em frente a estação East Broadway, claro, se quiser.

Senti sua feição mudar, e ela abriu um sorriso encantador que entendi como um sim.

- Quero ver conseguir se desvencilhar dos seus ''inseparáveis amigos''.

Ela murmurou alguma coisa na qual entendi que eu deveria tomar cuidado com urubus, mas logo ela mudou de assunto e mais uma vez fiquei sem entender.

Voltei a árdua tarefa de inspecionar aqueles alunos e não desgrudei meus olhos do relógio.